Geral
As pessoas pressupõem que ser humilde é praticar atos simples e/ou formular palavras neste sentido. Ledo engano. A verdadeira humildade é antes de tudo um estado de espírito. Ser humilde é ter o poder da arrogância, da soberba, do orgulho, do comando, da prepotência, etc., e não praticar nenhum deles. ? Você não tem homens suficientes para o trabalho, não é? ? Não, senhor. Precisamos de ajuda. ? Por que você mesmo não põe mãos à obra?, perguntou o homem no cavalo. ? Eu, senhor? Por quê? Sou um cabo. ? Ah, é verdade, respondeu o outro calmamente e, descendo do cavalo, pôs-se a trabalhar com os homens até estar concluído o serviço. Depois montou novamente e, enquanto saía, falou para o oficial: ? Cabo, da próxima vez que tiver uma tarefa a cumprir e poucos homens para o serviço, avise ao comandante superior, e eu tornarei a vir. Este era o general Washington.” Moral da história: os humildes genuínos, sempre descem do pedestal.
Existe um tipo de conduta humana que devemos observar nas pessoas: todas aquelas que se dizem humildes, na verdade, no fundo da alma, não o são. Somente o fato de abrirem a boca para dizer que possuem determinada qualidade anímica, demonstra claramente que são destituídas de modéstia.
Ora bolas, a falta de modéstia nas pessoas indica que elas sentem orgulho e vaidade de si mesmas, e quem é orgulhoso ou vaidoso, carece de humildade. Uma coisa é excludente da outra. Vejamos, por exemplo, o comportamento de pessoas consideradas sábias, com profundo conhecimento espiritual: elas nunca falam de si próprias. Ao falarem, suas palavras sempre refletem senso de utilidade, sabedoria, jamais de ufanismo.
Neste particular, conta-se que certo escritor chegou ao mosteiro para escrever um livro sobre o Mestre e logo lhe perguntou, ao começar:
Ouço muitos dizendo por aí, com grande convicção, que você é um gênio… Concorda com o que dizem?
Talvez tenham razão, responde o Mestre, dando a impressão de ser pouco modesto.
E o que tem ou faz para ser gênio?
O que tenho é uma grande habilidade para reconhecer… Apenas isso.
Reconhecer que coisa? Explique mais.
Reconhecer a linda borboleta numa lagarta feia e rastejante; reconhecer
a águia ainda no ovo; finalmente reconhecer o santo, num ser humano frágil e egoísta.
As pessoas verdadeiramente humildes fogem da gabolice, da jactância, pois essa é uma atitude daquelas que gostam de aparecer, de mostrar quem são elas. Elas jamais usam da faculdade do predomínio, antes, preferem ficar caladas e atuar, pois entendem que os fatos falam por si mesmos. São pessoas que preferem e praticam a essência do silêncio.
É no vácuo do silêncio que reside a sabedoria. Quem entender isso já ganhou muito. Para melhor compreensão, seguem alguns pensamentos:
“Desde o momento em que sufoco a silenciosa voz interior, eu deixo de ser útil” ? Mahatma Ghandi.
“Um tolo que nos diz palavra não se distingue de um sábio que cala” ? Molière.
“Os que muito falam, pouco fazem de bom” ? Shakespeare.
Verdadeiro exemplo de humildade é o reproduzido na nossa história semanal, de autoria de William J. Bennett, e adaptada por Ella Lyman Cabot:
“Este incidente ocorreu durante a primeira guerra civil norte-americana, quando um oficial mandou seus soldados cortarem algumas árvores para fazer uma ponte. Não havia homens suficientes, e o trabalho progredia muito lentamente. Um homem de aparência oponente, que estava passando a cavalo, falou com o oficial responsável quando este dava ordens aos subordinados, mas ele mesmo não fazia nada.