Geral
O último golpe militar realizado no Brasil completou 39 anos, dia 31 de março.
No mesmo dia, mas no ano de 1993, aconteceu uma decisão muito importante em favor do território paranaense. Dez anos atrás, a Câmara dos Deputados rejeitou o projeto do decreto legislativo por 177 votos, 90 a favor e 13 abstenções. O referido projeto previa a realização do plebiscito para a criação do Estado do Iguaçu. Ele foi apresentado na Câmara em 1991 pelos deputados Edi Siliprandi (PR) e Décio Knop (SC).
O futuro Estado do Iguaçu teria 65 mil km², sendo 44 mil do Paraná e 21 mil de SC, incorporando 70 municípios paranaenses e 54 catarinenses.
A luta contra essa tentativa de mutilar o território do Estado mobilizou forças políticas, sociais e econômicas de todo o Paraná.
O marco desta luta foi a sessão pública realizada na Assembléia, dia 21 de julho de 92, quando seu presidente Anibal Khury, entre outras coisas, afirmou: ??nós paranaenses somos essência e expressão de muitas gentes. No Paraná a multiplicidade das origens trouxe virtudes e recompensas que tem sido prodigiosas por todos que conosco convivem. As nossas relações humanas foram enriquecidas pelo trabalho construtivo e se engrandeceram pela paixão à terra dos que para aqui vieram, sejam gaúchos, catarinenses, paulistas, mineiros, baianos, enfim, nortistas ou nordestinos, brasileiros ou estrangeiros. Juntos e irmanados na mesma fé e amor ao Paraná e ao Brasil, consideramos que a nossa unidade territorial é o melhor meio para superar dificuldades e preservar o nossos sistema de valores. Por tudo isso, o Paraná é indivisível.
Dos 30 deputados federais do Paraná, 21 votaram contra o projeto ? Antônio Barbara; Basílio Vilani, Ratinho Massa; Carlos Scarpelini, Delcino Tavares, Deni Schwartz, Edésio Passos, Flávio Arns, José Felinto, Luciano Pizzato, Luiz Carlos Hauly, Matheus Iensen, Max Rosenmann, Paulo Munhoz da Rocha, Onaireves Moura, Otto Cunha, Paulo Bernardo, Pinga-fogo de Oliveira, Reinholds Stephanes, Renato Jonhson e Wilson Moreira.
Voataram a favor da mutilação: Edi Siliprandi, Elio Dalla-Vecchia, Ivânio Guerra, Joni Varisco, Moacir Micheletto e Werner Wanderer.
Deixaram de votar Pedro Tonelli, Antônio Ueno e Sérgio Spada.
Ficou clara a divisão da bancada do Sudoeste: Deni, de Beltrão, votou contra; Ivânio, de Pato Branco, votou a favor.
Hauly, ao declarar seu voto, perguntou: ??quem pagaria os bilhões de dólares que seriam gastos coma criação de uma nova unidade federativa???
E acrescentou: ??num momento de grave crise é inconcebível que se cogite da criação de um novo Estado, o que implica instalação de uma nova assembléia legislativa, de um poder executivo, de um poder judiciário, um tribunal de contas, de uma polícia militar, de uma polícia civil e uma infinidade de órgãos estaduais já existentes no Paraná e que são modelares para o país, além dos órgãos federais que teriam que se instalar??.
Sobre a decisão dos deputados, assim se manifestou o então governador Roberto Requião: ??foi uma prova da nossa indivisibilidade, um sentimento que passou por cima do oportunismo dos políticos de ocasião que, não tendo o que fazer, querem separar o nosso Paraná??.