Fumar no banheiro de casa faz mal em dobro
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Em casa, o mal que o cigarro faz às crianças é proporcional ao número de fumantes. |
O inverno começa somente no dia 21 de junho, mas os dias frios do outono já fazem aparecer os primeiros casos de doenças típicas da estação mais gelada do ano: gripes, resfriados, pneumonia, bronquite e asma — apenas para citar as mais corriqueiras. As variações de temperatura e os ambientes fechados são dois dos principais fatores que incrementam as estatísticas de internações pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Somado a eles, o vício pelo cigarro é um perigoso potencializador, sobretudo nos lares com crianças e onde exista o hábito de se fumar no banheiro.
“No inverno, as internações por doenças respiratórias no SUS aumentam entre 30% e 50%, e isso é ainda mais prejudicial onde há alguém que fuma. Ambientes mais fechados dificultam a troca do ar e, por consequência, acumulam mais os gases tóxicos liberados pelo cigarro. Tanto o tabagista ativo quanto o passivo apresentam queda de imunidade das vias respiratórias, o que propicia a maior incidência dessas doenças. No caso do fumante, por já encontrar-se imunologicamente debilitado, a sua recuperação tende a ser mais prolongada e há chance de maiores complicações, do tipo pneumonia e sinusite”, explica o pneumologista Redimir Goya.
Um dos piores lugares para se acender um cigarro é o banheiro, geralmente o menor espaço da casa. Segundo a ASHRAE, órgão referência mundial em engenharia de ventilação, não há formas de isolamento, ventilação e arejamento eficazes que eliminem as substâncias tóxicas da fumaça ou reduzam os riscos de exposição à poluição tabagística.
“Primeiro que o fumante está se prejudicando duas vezes: além de tragar a fumaça do cigarro, que é tremendamente tóxica, também vai inalar aquela fumaça que ele próprio eliminou no ar”, alerta o médico. Em 2008, uma pesquisa feita pelo Instituto Nacional do Câncer (Inca) revelou que pelo menos sete pessoas morrem por dia, no Brasil, apenas por conviverem com fumantes em residências.
“Já há estudos comprovando que crianças que têm pais ou parentes fumantes em casa têm maiores chances de desenvolver bronquite, asma, rinite, sinusite, amigdalite. E isso é proporcional ao número de fumantes. Se há dois indivíduos fumantes em casa, essa criança tem duas vezes mais chances de ter doenças respiratórias. Além disso, existe uma tendência maior dessas crianças sofrerem mais no inverno”, completa Goya.