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Francisco Beltrão
quinta-feira, 26 de junho de 2025

Edição 8.233

26/06/2025

A deslumbrante viagem de trem Curitiba-Paranaguá na Serra do Mar

Geral

Quem já teve a oportunidade de viajar de trem por outros países do mundo, inclusive pela Índia e pela Rússia, afirma que a viagem de trem Curitiba a Paranaguá, nos seus 110 quilômetros ocupa um dos primeiros lugares do mundo: Pela beleza da paisagem, pelos abismos, grutas, túneis, pontes e viadutos por que passa.
Já fiz esse trajeto quatro vezes em trem comum e de litorina. Na primeira vez, lá por 1974, estava tão envolvido com minha namorada, tão preso ao delírio da paixão, ao encantamento da paquera que pouco me interessei pela paisagem. Nenhum apontamento fiz naquela primeira viagem nem sequer observei o Km 65, onde os legalistas de Floriano, em 20 de maio de 1894, trouxeram de trem, à noite, mataram e jogaram no abismo o Barão do Serro Azul (Idelfonso Pereira Correia), Balbino C. de Mendonça, Prisciliano da Silva Correia, José Schledder e José J, Ferreira de Moura. O saudoso Túlio Vargas conta com pormenores essa história em ?A Última Viagem do Barão do Serro Azul?. No km 65 da Ferrovia Paranaguá-Curitiba há um cruzeiro para relembrar aos passantes aquela chacina, vingança contra os admiradores de Gumercindo Saraiva. Diz a historiografia que o Barão do Serro Azul não conspirara contra Floriano. Era inocente.
Essa bela ferrovia sai de 5 metros acima do nível do mar,em Paranaguá, para atingir, no quilômetro 80, 955 metros, daí começa a descida no rumo de Curitiba. São 41 pontes e viadutos de superestruturas metálicas; 14 túneis cavados na rocha. A Ponte São João, no Km 62, tem uma extensão de 113 metros, sendo que o vão médio está a 53 metros de altura, tomando-se o fundo do grotão. Na máxima altitude da estrada (955 metros) está o Túnel Roça Nova com 429 metros. O Túnel da  Boa Vista, no Km-58, tem 250 metros, o Túnel do Rochedo, no Km 60, 133 metros e o Túnel do Pico do diabo, no km 65, 156 metros, próximo do qual foram atirados no abismo circundante o Barão do Serro Azul e seus colegas de martírio.
Que presente magnífico se toda escola do Sudoeste pudesse, uma vez na vida escolar de seus alunos, leva-los  para um passeio de trem pela Serra do Mar.A maioria absoluta dos estudantes do Sudoeste do Paraná nunca fizeram essa viagem  Há muita gente por aí que já foi à Europa, mas nunca desceu ou subiu a Serra do Mar de trem, passeio que muito turista estrangeiro inclui obrigatoriamente em seu roteiro. Trata-se de verdadeiro deslumbramento diante da paisagem, mormente quando se passa na pequena estação do Marumbi. Dali os ?marumbistas? sobem o Conjunto Montanhoso Marumbi, de que os ?Abrolhos? é o menor (1.200 metros) e o Olimpo, o mais alto com  1.547  metros. Antes das minhas seis safenas sonhei andar por aquelas alturas. Hoje a prudência me aconselha que contemple o Marumbi do trem. Os marumbistas acham A Ponta do Tigre, a 1.400 metros, o ponto mais belo da Serra.
Narra a história que até o km 45, os engenheiros italianos contratados trabalharam, mas daí para frente os riscos eram tantos que debandaram e assumiu o brasileiro Teixeira Soares, glória da engenharia nacional.
Essa velha ferrovia desde 5 de fevereiro de 1885, quando o primeiro trem fez Paranaguá-Curitiba entre as 10 horas da manhã e as 19 horas com duas horas de parada em Cadeado, até hoje, serve à população e possibilita o deslumbramento  visual único no Brasil, em se tratando de ferrovia, como única é a vista da rodovia da Serra do Rio do Rastro, em Santa Catarina, região de São Joaquim.
Descer ou subir a Serra do Mar,de trem, é um agradável dever que todo o paranaense deveria impor a si mesmo, pelo menos uma vez na vida.

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