6.2 C
Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Chuva e solo: a questão de risco

Geral

Nesta semana, o Jornal de Beltrão divulgou uma fato de nossa cidade onde, por algum problema, acabou acontecendo o desmoronamento de uma obra. Noticiários apontam em toda a região central muita chuva e o solo desmoronando. Não é de hoje que isso vem ocorrendo, mas a intensidade vem aumentando de um modo assustador, com chuvas fortes em áreas, digamos, geotecnicamente instáveis, levando um mar de lama que cobre vidas e destrói sonhos de centenas de pessoas. A intenção não é julgar, muito menos criticar, e sim dar um enfoque aos nossos profissionais da Defesa Civil, Corpo de Bombeiros e voluntários que se arriscam em tarefas árduas e perigosas de recuperar objetos e pessoas embaixo dos escombros. A tragédia anunciada — como, por exemplo, aquele caso que tivemos de casas construídas sob antigos lixões, ou em encostas, uma cidade invadida pelo lixo jogado nas ruas —, uma conjunção de massas de ar opostas e a falta de planejamento e organização resultam em gastos aos cofres públicos, sede insaciável da mídia, dor de cabeça para as autoridades, que poderiam estar ocupadas com outros propósitos, além de o mundo inteiro ficar sabendo das desgraças brasileiras, resumindo: caos.

*

Mas onde quero chegar é: a chuva e o solo sempre tiveram uma relação delicada na natureza, que envolve muitos riscos, pois um sempre compromete o outro. Com os processos de devastação, seja pela derrubada de matas ciliares e de cabeceiras de morros, ocupação de encostas, impermeabilização do solo, vazamentos de resíduos contaminantes ou descarte inadequado de resíduos sólidos, os deslizamentos e enxurradas de terra por conta das chuvas acabaram ficando ainda mais fortes e abruptos, não só em alguns locais, mas no mundo inteiro. O aquecimento global também interfere, porque o clima descontrolado traz chuvas descontroladas, aumentando os riscos meteorológicos.

- Publicidade -

*

Na situação sofrida pelo Rio de Janeiro, a culpa deve ser atribuída a todos. Desde o cidadão que arremessou uma garrafa plástica pela janela do carro e obstruiu o sistema de drenagem até o governo, que não fiscalizou corretamente a construção de moradias em locais impróprios e não ofereceu o básico em segurança e saneamento para a população. Sem contar as mudanças climáticas trazidas pelo aquecimento global, que requerem maior atenção e investimento por parte dos órgãos públicos em tecnologias para monitoramento e alerta local, entre outros fatores. Agora, a saída é a conscientização da sociedade e do governo de que a natureza devolve o que se faz a ela. Uma latinha jogada na rua hoje pode ser a enchente de amanhã. A falta de saneamento ou de vistoria na construção de habitações em locais impróprios hoje é a morte de centenas e o gasto de verba pública com indenizações e auxílios à população amanhã. A impermeabilização excessiva do solo em casas e ruas hoje é a inundação de amanhã. A mudança é fundamental para que o ciclo não se repita. Mais investimentos em tecnologias para o meio ambiente também.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques