23.6 C
Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Entrevista com Valmor Felipe

O criador e coordenador da Expomar

Esse é o lado político, porque a história de Valmor começou muito antes e continua, bem depois. Nasceu em Francisco Beltrão quando o município de Marmeleiro ainda nem existia, em 7 de março de 1954. É o mais velho dos cinco filhos de Vitório Felipe (gaúcho de Frederico Westphalen) e Alice Piovesan Felipe. Os nomes dos cinco filhos começam com V: Valmor, Vilmar (falecido), Vilma, Vera (reside em Sinop – MT) e Valmir (trabalha com Valmor na loja de Marmeleiro).Quem olha somente a vida política, sabe que Valmor Felipe foi prefeito de Marmeleiro na gestão 93/96. Detalhando um pouco mais, pode-se dizer que ele disputou quatro eleições. Em 1988 fez 3.176 votos e perdeu para Osvaldo Agostini, que recebeu 110 votos a mais que ele. Em 1992, elegeu-se prefeito com 4.075 votos, 752 a mais que o concorrente Juvenal Ghettino. Aí exerceu o mandato de quatro anos e fez o sucessor, em 1996, com Jairo Bandeira. Em 2000, voltou a se candidatar e desta vez levou o troco de Juvenal Ghettino, que fez 4.272 votos e ele 3.091. Nova derrota em 2004: Juvenal Ghettino 3.011, Ana Magda Villar de Arruda Bandeira 2.685 e Valmor Felipe 2.201.

Por que sua esposa (Marga Suzana Viganó Felipe) é de Campo Erê (SC)? É que sua família mudou para lá. Valmor foi professor em Campo Erê, depois de ter se formado em História pela faculdade de Palmas. Mas foi na profissão de bancário (do antigo Bamerindus) que mudou para Laranjeiras do Sul e Marmeleiro, onde deixou o banco e abriu loja e onde se revelou como político. Também foi – e continua sendo – líder empresarial. É a terceira vez que assume a presidência da Associação Empresarial de Marmeleiro (Acimar).

- Publicidade -

Ao falar da família ele não consegue esconder a dor de um pai que perdeu, num acidente de trânsito, um de seus três filhos queridos, o do meio, Cristiano José, que tinha 20 anos e cursava Farmácia em Umuarama. O mais velho é o médico veterinário Valmor Felipe Júnior (casado com Thairline Mazzo Felipe, mãe do João Francisco – “este neto é a joia da casa”) e a mais nova, Mariana, solteira, cursa Pedagogia em Francisco Beltrão.

De sua gestão como prefeito, Valmor se orgulha das obras que deixou: colégios no Bom Jesus, Barra Bonita e Novo Progresso; várias quadras de esporte; Casa Familiar Rural do Km 15; criação da creche do município (a única ainda existente); construção do escritório da Emater; postos de saúde, casas populares e barracões industriais. “Assim como nas comunidades do interior, em todos os bairros da cidade tem pelo menos uma obra da nossa administração.”

Outra grande marca deixada por Valmor Felipe, como prefeito de Marmeleiro, foi a criação da Expomar (exposição comercial, industrial e agropecuária), que teve duas edições em seu tempo de prefeito (1994 e 1996) e duas agora (2011 e 2013), na administração do prefeito Luiz Bandeira.

Torcedor do Corinthians, Valmor jogou muito futebol. Parou agora por problemas de joelho. Foi como presidente da Acimar e coordenador da 4ª Expomar, entre ligações ao telefone e atendimentos de expositores e parceiros da exposição, que ele recebeu o Jornal de Beltrão para esta entrevista.

 

JdeB – Pra quebrar o gelo, uma pergunta bem atual para quem gosta de futebol: quem ganha a Copa de 2014 no Brasil?

Valmor – Ah, tá complicado. Tomara que seja o Brasil, talvez contra a Inglaterra ou Alemanha.

 

Agora, falando de sua vida. Como foi sua infância em Beltrão? 

Minha infância foi normal, a gente morava na colônia e na época tinha o Rio Lonqueador, se pescava bastante. Eu estudava no Colégio Suplicy e depois no Colégio La Salle. A gente foi crescendo, o meu pai tinha uma loja de bicicletas, uma funilaria ali perto da Nodari antigamente, em frente ao Moinho Ajuricaba, e meu pai era sempre envolvido com futebol, massagista, União, Real, Torino, Ajuricaba e o Industrial, e a gente foi crescendo e jogando futebol também. Eu joguei no Real, no União, no Industrial, no Torino também. Meu pai vendeu ali e comprou a rodoviária em Campo Erê. Nesse período, a gente sem transferiu pra lá e, inclusive, um irmão meu faleceu de acidente. Depois, no banco, eu fui transferido para Laranjeiras do Sul e de lá o banco me transferiu para o Estado de São Paulo. Mas como eu lutei pra vir pra cá, surgiu a oportunidade de vim pra Marmeleiro. No banco fiquei quatro anos de gerente aqui. Surgiu a oportunidade de fazer uma sociedade e comprar onde eu tenho a loja hoje junto com o Silvério Fávero, ex-prefeito de Renascença. Hoje também continua estabelecido lá, tenho que agradecer muito a ele. Na época e até hoje estou em Marmeleiro, sempre envolvido nos eventos sociais.

 

Na revolta de 57, sua idade era de 3 anos, lembra daquele tempo? 

Lembro, lembro. Meu pai morava em frente à Capela São Cristovão e em frente morava o seu (Francisco) Comunelo, e eu tinha um tio que era o David Cadore, morava embaixo. Eu lembro que meu tio era bem molequinho, ele subiu correndo, apavorado, lá na casa da mãe, o meu bisavô e a avó moravam junto, ele chegou em casa todo apavorado; de jipe, queriam invadir a casa do seu Comunelo. Era um movimento de gente que nossa! E eu lembro bem da época do seu Alcides Bernardi, que morava no Tatetos. De Francisco Beltrão eu lembro muito da Avenida Júlio Assis hoje, que tinha o Pedron, uma loja grande, o Foleto do lado, o Soranso em frente e a praça de hoje era elevada; tinha um posto de gasolina bem em frente à igreja matriz, que era de madeira, e tinha o posto do Miott bem no centro da avenida. Era tudo barro, quando chovia era um lamaçal que nossa. Lembro do tempo do quartel…

 

E por que seu pai saiu de Beltrão?

Surgiu a oportunidade de comprar a rodoviária em Campo Erê, numa permuta de terreno, e nós fomos todos para lá. Depois houve um problema, o prefeito licitou um terreno novo. Como meu pai não tinha tantas posses e lado político também, acabou cedendo para outra pessoa e aí veio o decréscimo da situação financeira e econômica e eu, como eu fui para outra cidade, acabei trazendo o pai para vir morar comigo.

 

Mas e aquela ida para Verê foi antes?

Foi bem antes, bem antes. Eu sei que o caminhão que o pai tinha era um Mercedes Benz cara chata, 1958. Eu tinha 4 ou 5 anos.

 

Não ficaram muito tempo em Verê?

O pai e a mãe continuaram morando aqui, a sociedade que o pai tinha com esse Paggi, o pai sempre tava lá, mas a família continuava morando em Francisco Beltrão.

 

Naquela ida pra Campo Erê foi que conheceu a futura esposa?

Foi lá que eu conheci a família, eu trabalhava no banco, era caixa do banco e ela foi pagar uma conta de luz junto com um compadre meu. Lembro até hoje, ela tinha um vestido de broderie vermelho e meu sogro era bem festeiro e a gente ia nos bailes juntos. Um dia eu pedi pra esse meu compadre “quem era a ‘franga’?” e ele disse “filha daquele cara”. “Ixe, daí é complicado!” Daí surgiu uma tia que deu cobertura, acabamos casando e, graças a Deus, vivo bem até hoje e se tivesse que voltar, voltaria tudo de novo. Já são 32 anos.

 

 
Valmor com a esposa, Marga Suzana Viganó Felipe.

O casamento foi em Campo Erê?

Foi lá em Campo Erê, inclusive meu sogro (Alvo Antônio Viganó, casado com Maria Guelne Viganó), que era fazendeiro, fez uma festa com boi inteiro no rolete.

 

Aqui no começo trabalhou no banco, depois que abriu a loja?

Depois surgiu a oportunidade de fazer uma sociedade com o Fávero e daí ele comprou em Renascença e nós compramos aqui, e eu era o sócio dele aqui. Eu saí do banco e acabei comprando a parte dele aqui e as coisas aconteceram e estamos aí até hoje em Marmeleiro.

 

Às vezes a gente ouve falar de gente que não fecha as contas no banco e tem que pagar. Já aconteceu alguma vez do seu caixa não fechar?

Aconteceu diversas vezes, inclusive eu dei o troco errado uma vez, em Campo Erê, às vezes você passava a noite para fechar o caixa. E eu dei três mil duzentos e oitenta reais pra seu Assis Dalpivo. Ele chegou em casa e colocou no cofre. No outro dia eu, puxando a fita, falei “só pode que foi lá”. Cheguei lá, ele abriu o cofre e o dinheiro estava lá. Graças a Deus, se não tinha que trabalhar um ano pra pagar.

 

E pequenos valores acontecia seguido também?

Ah, de vez em quando, porque na época o caixa do banco fazia mil e poucas autenticações por dia, hoje não, você tem diversos caixas, tudo eletrônico. O meu gerente me chamou para ser subgerente. Quando surgiu a campanha de fazer poupança, eu fui pras escolas. Como eu dava aula, fui nas escolas do interior fazendo uma campanha de números de cadernetas de poupança e eu ganhei um barbeador de presente por ser o que mais criou poupança dentro da agência e foi por isso que eu fui crescendo. Logo após eu fui promovido de subgerente em Laranjeiras do Sul, e de lá pra cá eu já vim como gerente. Fiquei 16 anos no banco.

 

Comentando da poupança, o que você diz do brasileiro, hoje tem uma cultura de poupar?

Hoje o brasileiro já tem uma cultura de economia. Se você olhar os países mais desenvolvidos, hoje todos pensam em economizar. Apesar de que hoje a facilidade de crédito fez com que o cidadão brasileiro se endividasse bastante, é muito crédito e o povo brasileiro não tá preparado para tanto.

 

Como começou a sua vida política?

A vida política em Marmeleiro, inclusive eu não era filiado em partido algum, depois da saída do banco eu tinha a loja, e na época o seu Elpílio Casagrande, que hoje é falecido, me convidou pra me filiar no PFL, que hoje é o DEM. Fui crescer no PFL junto com Antônio Salomão, pessoas mais antigas da época aqui, e sugeriram que eu fosse candidato a prefeito. Mas eu não tinha experiência alguma e fui candidato junto com o seu Paulo Flessak, como meu vice, e o adversário foi o seu Osvaldo Agostini, que foi indicado pelo ex-prefeito Juvenal Ghettino, e naquela oportunidade a gente não tinha dinheiro para gastar, não tinha preparo algum, não tinha um assessor, não tinha nada. Simplesmente fui candidato e nem preparação para falar num palanque. Nós perdemos a eleição por 81 votos. Na segunda eleição nós ganhamos, a diferença de 680 votos, e daí fiz o sucessor, que foi o Jairo, e depois do Jairo fui candidato de novo e daí a gente acabou perdendo a eleição de novo. Política é complicada.

 

E no seu período de quatros anos de prefeito, o que conseguiu fazer?

Na verdade, o meu período de prefeitura foi um dos mais difíceis, que nunca mais na história vai acontecer. Eu passei por três presidentes em quatro anos e passei por três governadores. Era o Requião, daí foi a Mário Pereira e depois foi o Lerner e para presidente era o Collor, daí foi cassado e entrou o Itamar Franco e daí veio o Fernando Henrique. Quando você engatilhava um caminho, mudava tudo de novo.

 

Foi um período que o Brasil estava tentando controlar a inflação.

Com o Sarney – já foi período do Jairo – a inflação tava galopante; no comércio, quando você vendia, chegava em São Paulo o preço já era maior do que você tava vendendo no balcão aqui. A economia do país desenvolveu, cresceu, na época o país estava passando por um período bem difícil, FMI e renegociando a dívida externa, os municípios passavam um período bem difícil. Mas a gente conseguiu fazer bastante coisa, no interior principalmente. Na cidade iniciamos asfalto, colégios, construímos praça de esporte. Em cada comunidade se você passar hoje, tem uma obra do nosso período. Inclusive, a Expomar teve início na nossa gestão. Foi uma semente lançada na época e hoje está prosperando graças ao prefeito Luiz Bandeira e à própria Câmara de Vereadores, que tem dado um apoio. É notório o desenvolvimento do município e a gente fica contente com isso. A gente também faz parte da Associação Comercial e, queira ou não queira, está sempre envolvido no meio político, inclusive as duas campanhas do atual prefeito. O Luiz é uma pessoa bem dinâmica, tem uma visão ampla, hoje Marmeleiro é um município que tem destaque no Sudoeste e no Paraná também. Com certeza, o próximo prefeito terá uma responsabilidade muito grande para substituir o Luiz, porque ele é, além de ser prefeito e político, um empresário bem conceituado, fica fácil inclusive para fazer uma feira, procurar recursos e parceiros.

 

Como foi o seu pós-prefeitura?

Tem o período de adaptação, porque a vida pública e a privada são totalmente diferentes. Eu fui pra loja, a minha esposa foi trabalhar comigo e o período de adaptação é bem complicado. Quando o Luiz foi candidato, ele convidou a minha esposa e até hoje é secretária de Assistência Social, e eu sempre apoiando e fazendo o possível pra ajudar também na Associação Comercial.

 

E hoje o Valmor vive mais o lado empresarial ou mais o lado político?

Mais o lado empresarial, política é uma consequência e só Deus sabe o que pode acontecer lá na frente.

 
A banda gaúcha Nenhum de Nós foi uma das atrações da exposição, se
apresentando na sexta-feira.

 

Quem teve a ideia da Expomar?

JdeB – Sobre a Expomar, de quem foi a ideia? Como é que surgiu a proposta?

Valmor – Na época, um grupo de pessoas se reuniram e chamei na prefeitura pra gente ter uma festa que representasse o município, daí surgiu a ideia de fazer uma feira. No início foi bem difícil, poucas pessoas acreditavam. A segunda já foi um pouco melhor, daí o Jairo (Bandeira), que era meu vice, ajudou a coordenar, e uma pena que parou, hoje nós estamos iniciando novamente, estamos engatinhando de novo.

 

Marmeleiro perdeu esse período que não fez exposição?

Com certeza, municípios muito menores que o nosso fazem a sua feira e a feira mostra o potencial. E Marmeleiro tem muito o que mostrar. Hoje nós temos destaque na área de alumínio, o setor leiteiro do município é bastante ativo, o comércio, quando recebe o chequinho do leite é sagradinho, e isso traz o recurso bem acentuado. E hoje, Marmeleiro, por ser um entroncamento rodoviário, se destaca bastante no setor mecânico, mecânica pesada. Hoje nós temos grandes empresas se instalando em Marmeleiro graças a esse entroncamento, que liga praticamente o sul do Brasil inteiro.

 

E nesta última Expomar, o que mais contribuiu para o sucesso da exposição?

O sucesso da exposição foi a facilidade de você encontrar parceiros para participar da feira. Nós temos pessoas do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, empresários de Pato Branco, Francisco Beltrão, Cascavel, as pessoas que divulgaram saíram satisfeitas. Nós tivemos novidade do setor de animais, que teve um crescimento de 100%, e o próprio porco light tivemos o crescimento de 35%. O artesanato do município, a agroindústria, também nós tivemos diversas pessoas participando e cada ano, com certeza, as coisas vão inovando. Nós tivemos uma cobertura de 2.400 metros, foi o ponto alto da feira, que todas as pessoas tiveram a oportunidade, com chuva e sem chuva, está num local adequado. O prefeito já tem ideias novas, ampliar a área ou comprar uma área e fazer um local adequado pra próxima feira.

 

E sobre essa proximidade com Beltrão, qual é o lado positivo e o lado negativo?

Do comércio, Francisco Beltrão hoje é um polo regional, concentra todas as áreas de indústria, de comércio, área de saúde e hoje muitas pessoas da nossa cidade compram em Francisco Beltrão. Através da Associação Comercial, nós ampliamos o número de sócios. Quando eu assumi, tínhamos em torno de 50 sócios, hoje estamos com quase 130 sócios. A gente procura fazer uma campanha, os empresários ajudam, este ano inclusive nós premiamos o Dia das Mães, Dia dos Namorados, Dia dos Pais, Dia das Criança e no final do ano vamos sortear quatros Biz novas. Isso demonstra que o empresariado de Marmeleiro está acreditando mais no nosso município e as pessoas agora começam a comprar mais, os próprios comerciantes passam a investir mais, mais recursos.

 

E o lado positivo com a proximidade de Beltrão?

O lado positivo é a facilidade de você frequentar uma faculdade. Em termos de saúde, o Sudoeste aqui é fantástico, inclusive se sonha – falando com o prefeito semana passada – que deve sair uma ligação da Júlio Assis Cavalheiro de Beltrão ligando aqui no trevo, para tirar os automóveis da área central. Hoje Marmeleiro e Beltrão é praticamente uma ligação só. Muita gente de Francisco Beltrão veio morar em Marmeleiro pela facilidade de locomoção e, como é uma cidade tranquila, dificilmente você encontra problema de assalto, roubo, e muitas pessoas hoje compram em Marmeleiro até pelo valor dos imóveis. Eu acho que o ponto positivo mesmo é você ter todos os recursos na área de saúde, educação, que antigamente não existia isso. O filho da gente queria estudar, tinha que sair pra outra cidade. Foi o caso do meu filho, que foi estudar em outra cidade e acabou falecendo. Tinha que ir pra Curitiba, Cascavel, outros centros, e hoje a gente fica feliz que Francisco Beltrão é um centro que congrega todo o Sudoeste do Paraná.

 

Terceira vez como presidente da Associação Empresarial de Marmeleiro e muito trabalho, mas deve ter passagens interessantes também. O que mais gosta de lembrar desse período todo?

Bem, desde o tempo do banco, a gente sempre foi envolvido com números de pessoas. Na verdade, se eu falar para você que eu não gosto de estar envolvido em feiras e associação comercial, lado político e tal, é mentira, porque eu sempre gostei de estar envolvido; no banco também fazia isso. Eu fico contente em poder ajudar, eu me sinto feliz em ajudar as pessoas, dentro das possibilidades. A Associação Comercial é um período que eu tive, que eu passei e vou passar, porque agora em fevereiro tô passando pro meu sucessor, mas a gente fica feliz em poder fazer as coisas pelo município. A associação hoje tem vida própria e com certeza o próximo presidente deverá dar continuidade e que ele possa aumentar ainda mais, porque oito anos frente a uma entidade, você sabe que tem períodos que vem um desgaste, a gente já vai cansando, mas eu sempre gostei e gostaria de estar participando e ajudando, dentro da possibilidade da gente. A gente fica feliz em poder ser parceiro não só do município, mas também das entidades, dos clubes de mães, que inclusive começou na nossa gestão, junto com a minha esposa iniciamos o primeiro encontro de clubes de mães de Marmeleiro, e isso foi em 1993. Minha esposa também gosta de ajudar, por isso está na área social e, graças a Deus, isso faz bem pro ego da gente também, poder ajudar as pessoas. E se for para assumir alguma coisa pra não fazer, prefiro não assumir. Se for para assumir e encarar, daí eu sou parceiro.

 

Fora esse lado empresarial, esse lado político, qual é o passatempo do Valmor?

Eu moro no sítio, é eu chegar final de semana, comprar uns quilos de carne, reunir a minha família, meus filhos, tenho um local modesto, e passar o final de semana com a família. Ir na missa, ficar com a família e ir de vez em quando lá pra minha fazendinha cuidar do gado, dos cabritos, andar a cavalo, esse é o meu final de semana. Mas principalmente a família, família é fundamental.

 

Se não fosse o joelho, estaria jogando bola ainda?

Se não fosse o joelho, eu tava dando uns chutes aí. Eu joguei futebol junto com o Lalo, com o Juquinha, o Chiquinho, muitas pessoas. Eu joguei em todos os times de Beltrão.

Perda do filho, a dor maior

JdeB – Você falava que seu filho nasceu em 6 do 6 de 86 e faleceu 26 do 6 de 2006.

Valmor – Veja, meu pai faleceu na quinta-feira e ele não veio no sepultamento do pai porque ele não tinha conexão de ônibus de Umuarama pra cá, e ele faleceu no sábado à noite. Meu pai sepultou na sexta-feira e sexta-feira ele faleceu, foi sair com um colega dele. Veja como é que são as coisas, ele fazia Farmácia e os dois amigos dele faziam Veterinária e esse amigo dele veio buscar o amigo que fazia Veterinária e ele não quis ir, daí foi o menino e na volta da festinha da faculdade, lá existem aquelas canaletas e sei lá, entrou numa canaleta e se perdeu, capotou e ele era grande, tinha dois metros e quatro de altura, fraturou o pescoço e morreram na hora, os dois. Mas Deus dá força pra gente superar isso.

 

Com essa experiência, quando você vê mortes no trânsito…

Nossa, isso choca a gente, às vezes quando a gente viaja, só se tiver que socorrer mesmo, do contrário, se já tiver socorro, eu nem paro.

 

Do trauma que ficou. E o que fazer para acabar com isso?

Isso não tem, é uma cicatriz, uma ferida que é eterna, nunca vai passar. Você senta na mesa, lembra “ó, o prato que ele gostaria”. Às vezes tô assistindo televisão, tenho a impressão, que ele gostava de deitar no sofá grande, que ele era grandão, a Suzana fazia uma forma de nega maluca e ele consumia sozinho. São coisas assim que marcam, ele era bem parceiro. E a vida continua, não é o primeiro e não vai ser o último, infelizmente, a gente vê cada coisa no trânsito hoje, é uma imprudência terrível. Eu acho que no próprio nascimento da pessoa Deus já destina. O que conforta a morte dele é que ele viveu bem esse período, ele estava na faculdade, “pai, vou sapecar almoço aqui com os meus amigos”, “manda um dinheiro pra mim que quero sapecar o almoço”. Mas a vida é assim, ele viveu o período dele.

 

Vinte anos.

Ele tinha 20 anos. Mas o importante é lembrar as coisas boas que passamos. Com certeza quem tá aqui fica triste, mas um dia vai chegar para nós também, ninguém vai sobrar nesse mundo. Minha mãe hoje tem 80 anos e está forte. Mas a vida é assim, vamos dar continuidade, dar a nossa parte, acho que o que você faz de bom aqui, você vai receber, o que você fizer de mal aqui, você vai receber. Bem paga com o bem e mal paga com o mal.

 
Valmor Felipe e, ao fundo, as esquinas das duas principais avenidas de Marmeleiro: Macali e Dambros e Piva.

 

DEIXE UMA RESPOSTA

Por favor digite seu comentário!
Por favor, digite seu nome aqui

Destaques