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Francisco Beltrão
domingo, 08 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Entrevista com Moriarti Carneiro

O promotor dos shows da Expobel

Eva Casagrande Carneiro (1935-2011) e Murilo Carneiro tiveram quatro filhos: Mori, Mírian, Ismael e Rosselini. Mírian é casada com Vilson Amarante, dentista em Marmeleiro, e tem três filhos: Marcelo, Daiane e Mariane. Ismael, o Lito, é bioquímico em Marmeleiro, casado com Marisa, tem duas filhas:  Valéria e Débora. Rosselini, que é juiz em Curitiba, tem dois filhos: Lígia e Artur.Moriarti Assis Carneiro, o Mori, é natural de Francisco Beltrão. Coincidência: nasceu no mesmo local onde está hoje o seu escritório, no edifício Prêmium Destak Empresarial. A diferença é que naquele tempo a rua se chamava Londrina e hoje é Tenente Camargo. É ali, em frente ao Colégio Glória, que moravam seus pais quando ele nasceu, em 3 de agosto de 1956.

Mori casou com Luci Mara Mirandola com quem tem três filhas: Bruna, Liara e Flávia. Após divorciar-se de Luci, casou com Joseana Andrea Gonçalves Pontes, com quem não tem filhos.

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Mori iniciou o ensino fundamental no Colégio Glória e continuou no Colégio Agrícola de Clevelândia. Depois se formou Técnico em Contabilidade no Colégio Estadual de Marmeleiro.

Ele conta que começou muito cedo, tanto no trabalho como no mundo da música. Aprendeu a tocar violão, com o pai, aos cinco anos de idade. Para ganhar seu dinheirinho, foi engraxate, mecânico, motorista de trator, além de ajudar o pai como atendente de farmácia.

Mori sempre esteve envolvido com música e política. Seu pai foi vice-prefeito e prefeito de Marmeleiro. Seus parentes próximos Luiz Alberto de Oliveira e Cândido Martins de Oliveira, deputados; Antônio de Paiva Cantelmo, prefeito de Francisco Beltrão.

No mundo artístico, se envolveu mais. Começou como cantor e instrumentista, depois passou a contratar shows e acabou se treansformando num produtor de eventos. Ganhou notoriedade com a Expobel, mas já realizou eventos em incontáveis cidades, de todo o país.

Ele destaca que a grande influência que determina os eventos que promove vem de seus conhecimento do setor, da persistência e da seriedade de seu trabalho.

Nesta semana, em seu escritório, Mori concedeu esta entrevista ao Jornal de Beltrão.

 

JdeB – Quando começou a Fenafe, atual Expobel, você tinha 11 anos, o que lembra?

Mori – Bem, eu venho de uma família tradicional, meu pai foi muito conhecido aqui, veio muito cedo para Francisco Beltrão, a história é grande, e quando saiu a Fenafe (1967), o prefeito era meu tio Antônio de Paiva Cantelmo e eu acompanhei desde cedo isso. A minha vida foi pautada assim: meu pai sempre teve condições, empresário bem-sucedido, farmacêutico, mas os ensinamentos é que naquela época os filhos tinham que aprender desde cedo a trabalhar, e eu comecei com 6, 7 anos a trabalhar na farmácia do meu pai. Depois eu queria dinheiro e meu pai me dava uma mesada, e eu descobri que ser engraxate dava dinheiro, fiz uma caixinha de engraxate e fui engraxar sapato nas horas vagas, finais de semana, de todos os conhecidos que eu tinha em Marmeleiro. Trabalhei como mecânico, o falecido Luiz Giacometti, grande mecânico que tem em Marmeleiro, aprendi a profissão, mecânica pesada inclusive. Eu fui uma pessoa que nunca conseguia fazer uma coisa só. Eu tinha que estar envolvido em aprender. Com 5 anos de idade eu aprendi a tocar violão. Eu me lembro do meu pai tocar, meu amigo e também agora já falecido (Genésio) Zanatta, que já era menino e vivia na casa do meu pai quando veio para Marmeleiro, já era músico. Aí meu pai comprou uma granja, eu aprendi a dirigir trator. Em Clevelândia, quando eu estudei na escola agrícola, com 11 anos eu já era motorista da Rural que puxava os professores da cidade. Eu acompanhava seu Antônio, que era motorista, e acabei aprendendo muito cedo a profissão de motorista. Fui puxador de tora com caminhão reboque, enfim, em todas essas atividades eu fui buscar e aprendi uma coisa bem importante: eu nunca ganhei dinheiro fácil, eu dava valor para aquilo que eu ganhava, não importava a profissão ou o serviço que eu estava fazendo, até de barbeiro. Eu aprendi a profissão de barbeiro para poder ganhar uns trocos, porque que eu gostava da noite, eu gostava das festas, a música entrou no meu sangue muito cedo. Por isso eu fui aprendendo de várias formas. Em 1975 eu me formei técnico em Contabilidade e comprei um escritório, inclusive sozinho, meu pai não me ajudou, até porque achava que quem sabe eu não teria condições. Comprei do Gelson Scheid, que era contador em Marmeleiro. Graças a Deus, tudo o que eu faço sempre tem dado resultado positivo. Fiquei por 26 anos com o escritório de contabilidade, com as melhores empresas de Marmeleiro. Nessa época, em 1981, eu fiz um curso para despachante de trânsito, fui despachante por 11 anos em Marmeleiro, sou um dos fundadores da Adesp (Associação dos Despachantes do Sudoeste). Me tornei músico muito cedo, cantava na noite. Cantei em muitos festivais, inclusive aqui no antigo Barro Preto, tive prazer de ter como jurado o Décio Piccinini e tantas outras pessoas conhecidas. Cantei no MPB Shell. A minha vida foi pautada sempre por vários trabalhos e ligado sempre à música. Aprendi a ser baterista e com 14 anos já tocava em banda, toquei muito na noite em Balneário Camboriú, não só na noite, mas nos restaurantes ao meio-dia, por vários anos. Cantei e toquei em muitos festivais e me especializei em organizar festivais da canção. Nos anos 1980, até 1993, era uma coisa que girava muito na nossa região. Trabalhei como radialista por seis anos, sou a primeira pessoa a trabalhar com uma mesa “elpa”, quando foi fundada a Rádio Marmeleiro, ninguém tinha conhecimento, eu fui a primeira pessoa a ter o conhecimento dessa mesa para colocar a rádio no ar. Fui apresentador de programa, fui repórter, comentarista esportivo por muito anos, inclusive do saudoso amigo Flávio Morcelli, nós fazíamos uma equipe muito bem feita.

Você também jogou futebol.

Eu fui goleiro muito cedo, jogava futebol de salão, fui goleiro do Marmeleiro de futebol de campo por 11 anos, dois anos aqui no União, fui goleiro do Santa Fé de futebol suíço da seleção por vários anos. Fui um dos fundadores da equipe Barrosca que tem aqui em Francisco Beltrão até hoje; fui um dos fundadores dos primeiros ralis aqui da região; corri de kart, fui campeão da Copa Sudoeste de Jet Ski por três anos a fio nos lagos da região. Então o esporte sempre presente na minha vida e ligado à música.

 

E como você se tornou um produtor de música?

Há uma diferença. Eu não tenho uma empresa que vende shows, essa minha época de vender shows já passou faz alguns anos; eu me tornei um produtor de eventos. Em 1986, 1987, eu vim num baile aqui em Francisco Beltrão, era um baile do Miss organizado pelo Lions, eu comprei uma mesa no Marrecas. Viemos eu e meus parceiros, nós todos bem novos, recém-casados, viemos no baile, chegamos no clube às dez horas da noite, o evento começou às duas horas da manhã e o baile começou às quatro e meia da manhã. Nós estávamos supercansados, eu fui reclamar e uma pessoa disse que era do Lions, nunca mais vi ele em Francisco Beltrão, foi muito grosseiro comigo e eu jurei naquele dia que um dia eu iria fazer o baile do Miss Beltrão ou um baile de Miss para se mostrar como é que se fazia.

 

Esse baile foi nos anos 90?

Sim. Quando eu resolvi mudar, junto com despachante e com contador e sendo músico, eu comecei a empresariar bandas na região. Meus amigos de bandas falavam venda nós, Mori. Eu vi que tava gostando da coisa um dia eu vou montar uma empresa de promoções de eventos. Foi quando eu vim de Marmeleiro, em 1991, e montei a Mori Produções e Eventos aqui em Francisco Beltrão. Comecei a trabalhar com sonorizações, coisas pequenas. Meu primeiro prejuízo… só tive dois na minha vida, graças a Deus até hoje. Meu primeiro prejuízo foi em 19 de julho de 1995, quando eu realizei aquele show do Skank no Ginásio Arrudão, foi a maior chuva da época. As pessoas não puderam vir. Eu fiz divulgação em 42 municípios, inclusive na Argentina, e ninguém pôde vir pela quantidade da chuva. Foi minha primeira lição com relação a shows e trabalhar com o tempo, que é uma preocupação muito grande que eu tenho.

Você falou de dois prejuízos, o segundo qual seria?

O segundo prejuízo foi, infelizmente, que eu paguei a conta depois daquele episódio da Boate Kiss, aquele show que me cancelaram aqui do Fernando e Sorocaba na Expofeira Mulher do ano que passou (2013). Acho até hoje que injustamente, sem dúvida nenhuma. Tá mais do que provado, as pessoas que viram e todo mundo comentou que não teria o porquê. Por outro lado, faltou muito diálogo, bom senso. Embora reconhecendo que o Corpo de Bombeiros estava fazendo o seu serviço, mas eu acho que faltou diálogo para que a coisa acontecesse. Este foi o segundo prejuízo.

 

Você se especializou em produção de eventos?

Me especializei muito em produção de eventos, trabalhando ao lado de grandes produtores. O pessoal aqui só me conhece como Mori da Mori Promoções da Expobel, de eventos aqui, e não sabe que fiz e faço eventos praticamente em todo o Brasil, de alguns anos pra cá no litoral catarinense direto. Eu faço em média de oito a dez mil quilômetros por mês visitando prefeituras, entidades na região Sul. Já tenho 119 feiras realizadas, 1.859 shows feitos na minha carreira e me tornei esse produtor de eventos que todo mundo conhece. Não sou um vendedor de shows, sou um produtor de eventos. Produtor é aquele que pega uma área livre e transforma ela num grande evento de A a Z, de banheiro químico até shows. Tenho excelentes parceiros em todas as áreas, de tudo o que se precisa para se fazer um grande evento e fui garimpando isso. Trabalhei com formaturas, uma das áreas dentro da minha especialização que me frustrou. Fiz grandes formaturas, mas de repente eu percebi que não era isso que eu queria, porque formatura é um leilão, você tem que passar orçamentos e vira um leilão entre as empresas. As formaturas que eu fiz todas foram discutidas o projeto e quando começou essa coisa de orçamento, eu resolvi abandonar, não gostei da maneira com que era feito e fui me especializando cada vez mais em produção de eventos.

 

 
Mori com as filhas Liara, Flávia e Bruna.

JdeB – Você está estabelecido hoje no mesmo local onde você nasceu?

Mori – É, hoje, aqui no Edifício Prêmium, eu tenho três salas comerciais, e aqui eu nasci. Meu pai tinha uma casa e, por muitos anos, morou aqui. Lembro muito bem da minha infância aqui no Colégio Nossa Senhora da Glória, era uma rua de terra. O colégio eu lembro muito bem, e o centro de Francisco Beltrão. Eu fui do tempo de brincar na praça que era mais alta que o cinema; a praça ficava lá em cima, jogava bola naquele tempo de menino com o Chico Tomazoni, Paulo Soranso, Luiz Soranso, Severino Soranso, as nossas brincadeiras eram em cima da antiga praça, de cima da praça a gente enxergava construindo o cinema. Lembro da antiga igreja matriz, a minha avó (Alvina Casagrande) morou ao lado da igreja, onde hoje é o Oba Oba, por muitos anos. Os primeiros prédios de madeira que teve foi ali. Eu nasci em Francisco Beltrão, morei em Marmeleiro 28 anos e depois retornei a Beltrão.

 

O seu pai se realizou através dos seus quatro filhos, e você, o que diz das suas três filhas?

Eu agradeço a Deus pela formação do meu pai, é uma genética, eu tenho uma família. Embora eu seja divorciado da minha primeira mulher, mãe das minhas filhas, posso dizer que eu tenho uma família maravilhosa. Tenho três filhas lindas, aprenderam muito comigo. Tenho uma filha se formando em Direito ano que vem, tem outra que está em Arquitetura e a Bruna, mais velha, que trabalha comigo e deve tomar conta do meu escritório, está aprendendo a profissão de promotor de eventos e deve seguir. Uma família, graças a Deus, com saúde. Tenho uma neta com 7 anos já, filha da Bruna, e se dão muito bem com a minha atual esposa. Então, eu acho que estou muito realizado na parte familiar. Profissionalmente, eu posso dizer que sou muito feliz mesmo, muito feliz pelas amizades que eu tenho, eu me considero uma pessoa agraciada por Deus, tenho as portas abertas aonde vou. Não sei se por toda essa coisa que tive na minha vida de ser extrovertido, comunicativo, sou agência de algumas prefeituras, em que cada lugar que eu vou, eu faço amigos. Tem aquelas pessoas que não gostam de mim, evidentemente, Cristo não agradou todo mundo então não vai ser eu, não é? Mas por não me conhecerem, a partir do momento que me conhecem, sabem que sou uma pessoa boa, uma pessoa de boa índole, honesta. Eu tenho um defeito muito grande que sou polêmico nessas coisas porque eu falo a verdade, eu não escondo. Então eu posso dizer pra você que sou bem realizado, principalmente na parte familiar.

Um longo caminho

JdeB – Você saiu cedo de casa e estudou como interno no colégio de Clevelândia, com 11 anos apenas?

Mori – Foi em 1967, quase 11 anos, o pai do meu pai era coletor de Clevelândia, muito conhecido, meu avô Ismael Carneiro, família tradicional de Clevelândia, e meu pai me colocou no colégio interno, e eu fiquei cinco anos no Colégio Agrícola, estudei interno dois anos e depois continuei estudando morando com meu avô. Eu posso dizer que foi uma grande lição na minha vida. Quem cuidava de mim era o Dr. Guerreiro, que era o diretor do Colégio Agrícola e depois foi prefeito em Clevelândia (José Guerreiro de Paula foi prefeito de Clevelândia, pela Arena, de 1969 a 1972). Fiz grandes amizades dentro do colégio e aprendi muito, era igual um quartel, foi um grande ensinamento que eu tive como pessoa, como ser humano. Aprender regras, aprender horários, eu sou muito fissurado com essa coisa de horário. É uma das atrações que eu tenho, que eu consegui dentro da Expobel um ponto positivo foi colocar os shows às 22 horas e com muita honra dizer que nunca atrasei o show. Pode ser por dois ou três minutinhos por alguma razão, mas todos os shows foram realizados desde que implantamos os horários.

 

 
Visita da presidente Dilma Rousseff a Francisco Beltrão, em 12 de  julho de 2011.
Mori: “Eu tive a honra de ser a única pessoa daqui, junto com o Coronel Otto, a
ter acesso a qualquer lugar e junto à presidente da República”.

 

Agora vamos entrar nos shows da Expobel, como é que você começou?  

Eu montei a empresa de produções de eventos visando justamente um dia, quem sabe, fazer a Expobel, porque pra mim era um grande evento. Mas logo em seguida eu peguei algumas feiras como a Eapi (Exposição Agropecuária e Industrial) de Clevelândia, me entregaram o parque e me disseram você faz os shows, você faz tudo e nós, da Sociedade Rural, vamos expor com o gado. A primeira Expobel que eu trabalhei foi em 1994, mas a primeira feira que eu fiz como produtor de eventos foi a Eapi de Clevelândia. Na Expobel de 1994, o ex-prefeito foi coordenador dessa feira, não tinha experiência nenhuma, me lembro muito bem que me falaram que eu teria a oportunidade e eu contratei alguns artistas, principalmente a sonorização, e nessa feira eu paguei para realizar, porque eu não tinha experiência nenhuma. O falecido Melo, que era empresário da região, eu trabalhei pra ele como vendedor, quis fazer uma sociedade com ele na Mori Produções e Eventos e ele não quis, porque ele era dono de toda região. Quando ele soube que eu tinha vendido o som e o palco para a Expobel de 1994, ele veio com o show de Zezé di Camargo e Luciano e me ameaçou de não subir no palco se não tivesse as tapadeiras. Eu nem sabia o que era tapadeira. São aquelas lonas que vão do lado do palco, pra soltar fumaça e ter um efeito, senão a fumaça se dissipa. Ele foi lá na coordenação do parque e reuniu todo mundo, e entre eles estavam o Rogério Franciosi, o Cordasso, várias pessoas conhecidas que faziam parte da coordenação. Me chamaram e o Cordasso me fez a pergunta: Mori, por causa disso não vai sair o show? Aí falei pra ele eu arrumo isso em dez minutos. Lembro que o Rogério Franciosi deu um soco em cima da mesa e falou pra esse empresário do Melo, que era o Luís, se vocês não quiserem fazer o show por causa disso, vocês não façam, eu vou mandar quatro, cinco mil pessoas no Hotel Província quebrar todos vocês a pau, é isso que vai acontecer e não tem mais conversa. Me protegeram, eu resolvi o problema e já de 1996 fui eu que fiz toda ela. Em 1998, os projetos foram meus e eu já estava pra fazer o contrato quando o prefeito Guiomar Lopes, de Curitiba mesmo, destituiu toda a comissão e por telefone, pro Galvão, disse que não queria contrato com o Mori, que a minha pessoa de confiança se chama Elise Scalco, que era a pessoa que fazia para ele. Retornou de Curitiba, me chamou no gabinete e foi muito sincero comigo, ele foi honesto em dizer pra mim que eu era seu adversário político, disse sou amigo da família, do seu pai, seu amigo, você trabalhou pro Cordasso e a minha pessoa de confiança para fazer a Expobel é a fulana de tal, você está fora. E nomeou o Gervásio para ser o coordenador da feira. Em 2000 também fiz o projeto junto com a própria Elise, mas foi ela que realizou. E de 2002 em diante, até hoje, toda a feira fui eu que fiz.

 

Qual a dificuldade maior para contratar, ou produzir, os shows de uma feira?

Em 2008 eu assumi a feira toda, a montagem, os estandes internos e externos, não só os shows, sempre caía a luz no centro de eventos, essas coisas que acontecem, e eu não aceitava isso. Eu assumi, montei toda a feira, eu e meu pessoal, evidentemente. Não aconteceu nada, ficou provado pra mim, principalmente, que é só fazer as coisas bem feitas que não acontece nada. Até de eletricista eu fui aprender, tive aulas com o pessoal da Vivioeste, para que não desse problema nenhum. A maior dificuldade pra mim sempre foi administrar essa coisa entre o artista e o meu contratante. Eu tenho que deixar satisfeito quem eu contratei e quem me contratou, eu sou o elo entre essas duas partes. Minha maior preocupação era justamente isso, que as coisas acontecessem sem problemas. Só prometo o que cumpro e me dedico integralmente, não sou aquele produtor que coloca a pasta debaixo do braço e fica no evento passeando. Eu sou o primeiro a chegar no evento e o último que sai. Já virei noites e noites montando a Expobel. A minha maior satisfação é ver as pessoas que trabalham comigo, no final acabam me admirando com a maneira que eu trabalho. Eu não sei tratar as pessoas como funcionários, trato como amigos, em contrapartida as pessoas se doam para o meu trabalho, e por isso é coroado com sucesso. Um dos grandes eventos, e que eu acho que foi um diploma para me consagrar como produtor, foi ser o responsável pela montagem de toda a estrutura, duas vezes, e organização da vinda da presidente Dilma em Francisco Beltrão (12.7.2011). Eu tive a honra de ser a única pessoa daqui, junto com o Coronel Otto, a ter acesso a qualquer lugar e junto à presidenta da República, a única! Nem o prefeito, ninguém tinha, mas eu tinha, era eu e o coronel, desde o helicóptero até qualquer lugar dentro da feira. Fui muito elogiado na época pelo trabalho que eu fiz, que meus parceiros montaram junto comigo. Enfim, estamos aí com 20 anos de Expobel, eu acho que dispensa comentário, acho que já provei a minha capacidade. Graças a Deus, em toda a região, onde eu faço uma vez, eu volto fazer. Tenho tido uma credibilidade enorme no eixo Rio-São Paulo-Minas, bem como em todas as prefeituras. Fui ligado muito cedo à política, aos 14 anos de idade meu pai foi vereador, depois foi vice-prefeito, meus tios vinham de uma família política, o Candinho, toda essa turma, o Arnaldo Busato não saía de dentro da minha casa quando eu era pequeno, muito amigo do meu pai. Então eu fui muito ligado à política, nunca quis ser político, mas trabalhar com política eu trabalhei desde os 14 anos. Sou marqueteiro principalmente de rua, dessa coisa de levar o bloco para a rua na política pra fazer campanha, sou assessor do deputado Nelson Meurer já há 16 anos. Fiz campanhas aqui em Beltrão pro Cordasso e o Reichembach durante 12 anos. Então tudo isso culminou onde? Quem me abriu as portas? Não deixa de ser a Expobel, o carro-chefe para a minha produtora, pra ser o que eu sou hoje. Uma das grandes feiras da região, quando o Mori assumiu, as coisas começaram a ser diferentes. Como eu entrei na Expobel? É pela credibilidade, pelas pessoas me darem a oportunidade, que foi o próprio deputado Meurer, prefeito João Arruda, o próprio Cordasso, essas pessoas que acreditaram em mim, até o próprio tratamento com a imprensa, porque elas não tinham acesso nenhum. Eu assumi a Expobel e a maior queixa da imprensa era que tinha que fazer as entrevistas no Província e que primeiro tinha que falar com a pessoa, e ela ia ver se era possível falar com o artista, senão ela que dava as entrevistas e não tinha acesso a camarim, nem acesso a foto, nada disso. O que eu fiz? Fiz uma reunião com toda a imprensa, abri as portas, criei a coletiva de imprensa, todo mundo vai lá e recebe o artista. Então mudou totalmente a forma de se fazer a Expobel, essa parceria minha com prefeitura e associação comercial foi mudando drasticamente ano a ano. O que eu pude ajudar para melhorar foi feito, e a maioria das coisas que eu falei, das ideias que eu coloquei, eu vivi nas maiores feiras desse Brasil, aprendendo a produzir ou visitando as feiras para ter conhecimento. Então as pessoas são muito enganadas comigo achando que por política, por alguma razão o Mori está dentro da Expobel. Eu tenho certeza que, se eu continuo até hoje na Expobel, foi pelo serviço bem realizado, pela parceria bem feita até hoje.

O que precisa ter uma empresa que queira assumir a produção de shows de um evento como a Expobel? 

Sem dúvida alguma, tem que ter credibilidade, idoneidade, conhecimento, uma estrutura muito grande e profissionalismo. No nosso meio tem muito amador e aventureiro. Mas as empresas que hoje estão terceirizando a Expobel, nessa nova modalidade, a Mori Promoções e a GDO, são empresas das mais bem conceituadas na região Sul do Brasil. A Mori, como todo mundo conhece, e a GDO assumindo pela primeira vez a Expobel, é uma das maiores empresas do Brasil no ramo de terceirizações. A GDO é uma empresa que compra muitas datas, de vários artistas nacionais e que tem um enorme conceito e credibilidade junto aos artistas, bem como a Mori, só que num percentual bem maior, porque a Mori está começando a terceirizar eventos, está engatinhando nessa modalidade em que a GDO é expert e, por isso, a Mori e a GDB são parceiras na Expobel, por ambas confiarem uma na outra e têm a bagagem e a experiência para se fazer eventos dessa natureza. Eu confio plenamente na integridade, credibilidade e capacidade da empresa GDO, do meu amigo particular Lauri, de São Miguel D`Oeste (SC), e se assim não fosse eu jamais aceitaria fazer essa parceria. Pra terminar, eu desejo que a CCO (Comissão Central Organizadora) faça a sua parte, cumpra os contratos, e pode ficar tranquila que tanto a Mori como a GDO faremos tudo o que estiver ao nosso alcance para que a Expobel mais uma vez seja coroada de sucesso.

Desde que você começou a participar da Expobel, várias formas de realização foram adotadas, primeiro era a Prefeitura que promovia e realizava, depois parceria com a associação comercial e agora esse sistema compartilhado, terceirizado na área de shows. O que interfere nos shows e pra você?

A minha surpresa foi quando eu ouvi a Expobel vai mudar, vai mudar a empresa que vai contratar os shows. Nunca vi disso, de mudança. A empresa que contrata shows não muda em nada. Muda a produção, mas o contratante não muda, porque o contratante é aquele que simplesmente contrata, faz o acerto, o contrato, as regras e vem trazer o artista. E agora culminou na gestão compartilhada, a administração municipal, a associação comercial, Sociedade Rural, Rural Leite é que vão fazer a feira e chamaram uma outra empresa de fora, bem conceituada por sinal. E aí é o que eu digo, nesse ramo de produção de eventos, ou você tem credibilidade e faz o nome ou se acaba pelo caminho, e essa é uma das empresas que todo mundo conhece e a gente fez uma parceria. Eu acho que não precisaria, eu acho que sou uma empresa daqui e teria condições de fazer, sem dúvida nenhuma, mas por essa gestão compartilhada mudou esse formato e terceirizaram a feira. Ao terceirizar a feira, quem vai pagar a conta seremos nós. Como nós temos a conta para pagar, foram acertados os valores, ingressos inclusive muito baratos, um número x de credencial é o que está gerando uma certa polêmica porque, quando era a prefeitura, o acesso era livre, a associação comercial buscava sempre as soluções para deixar todo mundo entrar, pra agradar todo mundo e agora nós, terceirizados, temos uma conta para pagar e essa conta nós não temos nada além dos ingressos da bilheteria, nós não temos patrocínio, nós não temos nada, o que nós temos que fazer? Nós temos que cobrar o ingresso. Até me fizeram uma pergunta: e a autoridade paga? E eu até respondi, até o Lauri acabou respondendo também, que autoridade que é autoridade é a primeira a comprar seu ingresso para estar lá dentro. Se tem alguém que nós temos que privilegiar, que nós tivermos que ajudar é aquelas pessoas que não têm condições de pagar seus ingressos para entrar no parque. Nessa gestão compartilhada, eu acho que deixou um pouco mais difícil o comando da feira, as coisas são mais demoradas pra se tomar decisões; por outro lado, embora nós estamos fazendo um ingresso popular, ela deixou de ser uma feira popular, não é mais aquela Expobel que nós conhecíamos, uma grande festa beltronense, com shows de graça, shows subsidiados por prefeitos anteriores que tornavam o ingresso bem baratinho pra que toda a população participasse. Sempre deu um grande número de pessoas por causa disso e agora nós não temos mais, nós temos uma feira que quem terceirizou não quer prejuízo, que somos nós, eu e a GDO, e pra isso nós precisamos da bilheteria. Nós vamos fazer uso normal de tudo isso, providenciamos um número x de credenciais para agraciar os expositores, partes da imprensa, pessoas que têm que se fazer presentes, e o restante quem vai estar bancando e assumindo o risco somos nós. A administração municipal investiu bastante no parque, mas não está ligada diretamente nos shows, não quer saber de shows, porque é muito polêmico. Eu falo de carteirinha e provo, no tempo da prefeitura não tivemos muito acesso a isso, mas no tempo da associação comercial sim, nunca ninguém roubou dentro da associação comercial. Alguém ganhou dinheiro, que sou eu, o Mori, sim. A pergunta que eu faço pra você, sei que você sempre está se doando pra fazer parte da comissão, vai lá e trabalha de graça, mas o Jornal de Beltrão não faz de graça a mídia para a Expobel, ninguém faz de graça e eu não sou diferente, além de eu ter uma empresa, a minha empresa está ligada a isso. Então quem ganha dinheiro com a Expobel realmente sou eu, porque a minha empresa trabalha com a Expobel, o restante que está lá, do pessoal da associação comercial, nunca ninguém faturou em cima da Expobel. E sempre houve essa polêmica de que o Mori rouba, de que a diretoria da associação comercial rouba. O primeiro motivo positivo nessa gestão compartilhada é esse, é mostrar para a sociedade, àquelas pessoas que sempre criticaram, vão perceber que nunca existiu nada disso. O que existia, sim, era a boa vontade de muitos empresários em fazer a festa acontecer desde o princípio, bem como as administrações municipais anteriores, só que quando era com a prefeitura se fazia mais política, entrava de graça sem problema nenhum e tem um lado político disso. Se desse prejuízo, o município pagava. Para se divulgar uma feira como se divulga a Expobel, eu acho que o município tem uma responsabilidade enorme de investir mesmo, é um custo muito pequeno para colocar Beltrão onde coloca. Então a mudança positiva foi essa, de mostrar para a sociedade como eram as feiras anteriores e que não existia nada disso de alguém estar colocando a mão, alguém superfaturar. Por outro lado, deixou de ser uma feira popular e vamos cobrar o ingresso, não importa se é amigo ou não amigo, seja lá quem for, nós temos uma conta para pagar e vai sair do ingresso. E por isso eu peço a todas as pessoas, amigos, as pessoas que nos conhecem, que entendam essa situação.

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