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Francisco Beltrão
domingo, 08 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Mãe de bebê encontrado no aterro sanitário é universitária e tem 22 anos

 

Dr. Francisco e Capitão Fernando durante a coletiva.

 

No dia 25 de setembro de 2013, um recém-nascido foi encontrado morto no aterro sanitário de Dois Vizinhos e, em um trabalho conjunto das Polícias Civil e Militar, conseguiu-se chegar até a mãe do bebê, que é universitária e tem 22 anos. “Nos foi enviado um laudo que mostra que essa jovem tem 99,9% da possibilidade dela ser a mãe do feto. O bebê era do sexo masculino, veio ao mundo com 3,7 quilos, 51 centímetros e nasceu vivo, ou seja, estamos falando de um homicídio”, diz o dr. Francisco Robson Vidal Sampaio, delegado da 60ª Delegacia Regional de Polícia que concedeu entrevista coletiva juntamente com o Capitão Fernando Roberto da Silva, comandante da 2ª Companhia da Polícia Militar de Dois Vizinhos. 
A menina cedeu o sangue, para o exame, uma semana depois do início das investigações. “No dia do crime, nós fizemos um trabalho muito intenso juntamente com a P-2. Fomos até a secretaria de saúde e solicitamos que nos mandassem todas as mulheres que tinham parto marcado para setembro ou outubro. Verificamos em cada um dos endereços e abrimos a possibilidade de denúncias. Uma dessas denúncias nos ajudou a encontrar a pessoa. Ela chegou aqui, foi entrevistada e sentimos algumas fragilidades. Solicitamos que ela fosse até Francisco Beltrão ceder material para confrontação genética e, depois de alguma insistência, ela aceitou. O fato ocorreu em setembro do ano passado e o resultado saiu agora no início do mês de abril”, explica o delegado.
Ontem, a menina deu depoimento, confessou o crime e disse que fez tudo sozinha. “O bebê tinha uma pancada no lado direito da cabeça e a gente atribui a essa moça a autoria do fato. Ela também vai responder por ocultação de cadáver, pois deu detalhes, no interrogatório, que essa criança foi colocada no lixo por ela mesmo, dentro de sacolas plásticas”, relata Francisco.
Segundo o interrogatório, o bebê nasceu no domingo, dia 24 de setembro. A moça, antes do parto, foi até um hospital local e se queixou de outra dor. Depois disso, decidiu ir para casa onde, segundo ela, teve o bebê. “Ela diz que conseguiu colocar o bebê no lixo e ir para a faculdade na segunda-feira, 25. O bairro que ela mora não é servido por limpeza pública diariamente, então, ela ficou 24 horas com o bebê no lixo de casa. Isso não é comum. A criança chorou e ela não quis chamar a amiga, que morava com ela. Outro fato é que ela falou que não precisou cortar o cordão umbilical porque o bebê nasceu com a placenta. A criança, segundo ela, estava deitada com ela na cama e caiu. Indaguei a ela se a criança não estava somente desmaiada, ai ela disse que ele passou uma hora e meia sem respirar. Ao invés de procurar socorro, ela não fez nada. A mãe ainda relatou que estava muito fraca, que não sabia o que fazer”, conta o delegado. 
Dr. Francisco destaca que esse foi um dos crimes mais cruéis que já elucidou durante toda a carreira.  “Foi bem sangue frio. Eu, 10 anos como delegado, esse é o caso que mais me chamou atenção”. Os pais da jovem não residem em Dois Vizinhos e a investigação apurou que, durante o período de gravidez, ela não visitou a família nenhuma vez. 

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Sem prisão
A mulher não está presa. “Foi uma decisão da justiça que a polícia militar e a polícia civil não conseguem compreender, mas por critérios técnicos, eles compreenderam por bem não conceder a prisão. A gente prefere não revelar questão de nomes em virtude do inquérito, pode haver envolvimento de outras pessoas, o que parece que teve uma questão de ajuda e por causa dessa situação, para não atrapalhar o curso do inquérito, entendemos por bem não revelar nesse momento”, conta o capitão.

Outros envolvidos
O delegado já está dando sequência na investigação. “Pretendemos ouvir outras pessoas. O pai dessa criança também é universitário. Já temos o nome dele. Outra pessoa que, possivelmente, participou é aluna daqui. Vamos chamar essas pessoas agora, mas uma coisa é certa: estamos diante de um exame e de uma confissão assinada”. Se algum dos envolvidos não colaborar com a investigação, pode ser expedido outro pedido de prisão. 
“Foi um homicídio planejado e premeditado. Ou seja, vou ganhar e vou matar. O motivo está sendo investigado. A partir do momento que a pessoa mata premeditadamente, analisa antes de fazer, caracteriza homicídio doloso pela impossibilidade de defesa. Homicídio qualificado é de 12 a 30 anos de reclusão e ocultação de cadáver três anos”, completa o capitão.

Desfecho
O delegado comenta que esse foi um dos casos mais complicados da carreira. “Eu quero elogiar a Polícia Militar e a P-2 que eles têm muito ânimo para trabalhar. Eu vejo o empenho deles no dia-a-dia. Talvez até por isso que a gente tem trabalhado de forma entrosada e tão boa”. 
O comandante da polícia militar destaca a colaboração da sociedade. “A polícia trabalha muito com informações, câmeras, já que hoje em dia muitas residências e estabelecimentos comerciais contam com sistemas de segurança, então quando surgem fatos assim pedimos a colaboração de proprietários se captarem alguma informação”.

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