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Francisco Beltrão
quarta-feira, 18 de junho de 2025

Edição 8.229

20/06/2025

O estigma do cavalo paraguaio… Uma invencionice da crônica esportiva?

cavalo paraguaio

 

Cavalo Mossoró, nascido em 1929, no Haras Maranguape-Recife. Campeão em 6 de agosto de 1933 do Grande Prêmio Brasil, montado por Justiniano Mesquita (foto de l933).

 

De algum tempo para cá, fala-se no estigma do cavalo paraguaio, que consiste  no animal ou alguém que começa muito bem uma disputa e logo passa para a rabeira, para o segundo ou último lugar ao longo da competição.
Não sei onde nasceu essa expressão ofensiva. Imagino que não haja sido na Guerra do Paraguai, até porque os paraguaios resistiram durante cinco anos. Lá perdemos 39 mil homens e matamos, segundo o general Tasso Fragoso e F. Doratioto, uns 200 mil paraguaios. Também não creio que esteja relacionado ao cavalo Mossoró, como querem alguns.
Mossoró era um puro sangue inglês (Thorough bred), filho de Kitchner e Balathéa, dois (PSI) paraguaios comprados pelo célebre dono do Haras Maranguape, no Recife, do milionário coronel Frederico João Lundgren (dono das Lojas Pernambucanas). Mossoró ganhou o Grande Prêmio Brasil de 1933. Depois ganhou prêmios na Europa e, portanto, não pode ser o responsável por tal expressão nem por qualquer fracasso. Mossoró foi de tal forma um cavalo vitorioso que até mereceu estátua. Só se pode admitir esse estigma do cavalo paraguaio como invencionice da crônica desportiva que gosta de achincalhar os argentinos, como os uruguaios e paraguaios, uma espécie de picuinha contra nossos hermanos fronteiriços. 
O incentivo de certa imprensa esportiva brasileira à rivalidade com nossos vizinhos levou a galera do Maracanã a vaiar a delegação argentina na abertura dos Jogos Olímpicos, uma atitude grosseira, inamistosa, geradora de ódio e de animosidade, quando precisamos aproximar os laços com nossos vizinhos permanentes.
Toda a vida do cavalo Mossoró foi de vitórias, culminando com a estátua que lhe foi dedicada no Parque de Exposições do Recife, com bilhetes da Loteria e com nome de Cerveja. Além de estar na capa de revistas como O Campo. 
Já li e tenho uma centena de livros sobre cavalo, mas nunca neles li sobre o estigma do cavalo paraguaio. Não vejo, pois, razão para que se fixe a forjada e mendaz expressão “estigma do cavalo paraguaio”, salvo como mera invencionice ou baboseira. O brasileiro precisa acabar com seu complexo de vira-lata na busca de vulgarizar e emporcalhar a vida alheia com suas conclusões caluniosas, com a rotulação estúpida de críticas improcedentes. O brasileiro é rápido, superficial e, amiúde, calunioso nas suas avaliações modus in rebus.  
Não existe, por outro lado, nenhum cavalo genuinamente paraguaio, de raça constituída no Paraguai. O Mossoró era filho dos puros sangues ingleses (Ktchner e Balathéa) comprados no Paraguai, mas obviamente de origem inglesa. Todavia, em absoluto, o Mossoró foi vitorioso apenas uma vez e depois teria fraquejado no meio do páreo.
Agora estão querendo rotular o candidato Russomano (de São Paulo) com o tal estigma do Cavalo Paraguaio… Aquele que sai bem no começo do páreo e afrouxa quando chega à reta final.
Se inventaram esse tal estigma valendo-se de Mossoró, o tordilho de três anos, vencedor do primeiro Grande Prêmio Brasil do Jokey Clube no então Hipódromo Brasileiro (hoje Hipódromo da Gávea), estão falseando a verdade. Mossoró foi um grande corredor que fez três mil metros na pista de grama em 3 minutos, 9 segundos e 4/5, ganhando 300 contos de réis ou o equivalente a 100 mil reais de hoje.
Mossoró empolgou os turfistas, montado por Justiniano Mesquita. Uma coisa é certa, Mossoró nada tem a ver com a expressão canalha, mentirosa “Estigma do Cavalo Paraguaio”. Inventem outra, arranjem outro cavalo magro para cavalgar, caluniar… e vaiar até minuto de silêncio. Daí colocar no mesmo saco o falso elogio e o vitupério da massa. 

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Estátua do cavalo Mossoró no Parque de Exposições do Recife.

 

 

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