Em ação realizada ontem, 25, por volta das 6h da manhã, com presença de 50 policiais militares e oficiais de justiça, foi cumprida a ordem de despejo emitida pela Comarca de Ampere, que determinava que sete famílias deixassem moradias ocupadas irregularmente no loteamento Menino Deus. Cinco famílias, que ainda estavam nas moradias, foram retiradas e levadas ao Ginásio Municipal Praça dos Arcos, no bairro São Francisco, junto com seus pertences. Duas famílias já tinham deixado as casas no dia anterior.
O conjunto habitacional é formado por 131 casas. No dia 19 de maio aconteceu uma solenidade pública para entrega das chaves. Na noite seguinte, as famílias invadiram as casas e desde então se negavam a sair. As sete famílias são compostas por 23 pessoas, incluindo nove crianças e uma mulher grávida. Segundo a Prefeitura, a ação judicial foi movida pelos proprietários legais de cada casa.
A moradora Andreia Desengrini da Silva diz que tem um filho de nove meses e que o ginásio não oferece as mínimas condições para as famílias ficarem no local. “É muito frio aqui, as crianças estão congelando, não tem como fazer comida e quebraram tudo nossas coisas”, falou ontem por telefone para a reportagem do Jornal de Beltrão.
A prefeitura teria oferecido dois meses de aluguel social para cada família, mas Andreia diz que é muito pouco. Ela alega que está desempregada e o marido trabalha por dia na construção civil. “Um vizinho que saiu e foi pra um barraco disse que molhou todos seus móveis com a chuva de ontem (quinta-feira).” A Secretaria de Assistência Social prefere não se manifestar sobre o assunto.
A moradora Marinete da Silva estava preocupada com a situação das crianças, principalmente por causa do frio. “O ginásio é todo aberto, entra muito vento. Nossa situação está complicada, tiraram nós das casas porque se os donos nem entraram para morar?” A temperatura mínima prevista para hoje nos sites de meteorologia é de 1ºC na região.
As casas têm 50 metros quadrados e foram construídas através do programa Minha Casa Minha Vida com recursos do Fundo de Arrendamento Residencial (FAR) da Caixa Econômica Federal. Segundo a PM, a desapropriação é cumprida pelo Oficial de Justiça com apoio dos policiais.
A liminar foi concedida juíza Pryscila Barreto Passos, da Comarca de Ampere, segundo a qual, a invasão das casas configurou “esbulho”, isto é, quando o possuidor é despojado da posse por qualquer violento ou clandestino.