Valmir Schroeder é catarinense, mas mora em Francisco Beltrão há quase 30 anos.
Aos 69 anos de idade, o motorista aposentado Valmir Schroeder se orgulha em lembrar sua história e os tantos desafios que enfrentou Brasil afora, desde os tempos das estradas de terra e os pneus acorrentados à facilidade das rodovias asfaltadas e o conforto dos veículos tecnológicos.
Natural de Chapecó (SC), Valmir reside em Francisco Beltrão há quase 30 anos. Começou na boleia com 17 anos de idade, quando trabalhava para a Expresso Chapecó no transporte de cargas frigoríficas de suínos para São Paulo. “Era tudo estrada de chão naquela época, o transporte de frios era feito ainda com caixas térmicas e nos dias de chuva era tudo na base da corrente”, conta.
Conforme Valmir, na década de 60 existia apenas uma estrada que ligava Chapecó aos municípios de Curitibanos, Joaçaba e Campos Novos. Para ir ao Rio de Janeiro e São Paulo, tinha que pegar a BR-116. “Eu guiava um Ford F-600 a gasolina. Uma vez, fiquei atolado na curva do ‘Inferninho’, passando Palmares, depois de Campos Novos. O caminhão ficou quase na valeta, não ia nem pra frente e nem pra trás.
Ede madrugada passou um caminhão carregado de porcos e uns 100 metros adiante derrapou e tombou e os porcos caíram da carroceria, uns morreram. Eu ouvia os gritos dos porcos. Então conseguiram destombar o caminhão e com a própria carroceria fizemos um cercado pra fechar os porcos que tinham sobrevivido. Trabalhamos a noite toda”, recorda-se o caminhoneiro.
Muitas cargas, de vários tipos
Seu Valmir trabalhou com o transporte de vários tipos de produtos, como bovinos de corte, madeira e combustível. Em Dois Vizinhos, trabalhou para a serraria dos Nicaretta e Mafessoni no transporte de toras. Em outra época, transportava gado de corte para o abate trazido do Norte do Paraná para o frigorífico de João Ribeiro, em Chapecó.
“Nessas épocas, teve outro episódio complicado. Atolei o caminhão entre Clevelândia e Abelardo Luz (SC), e no mesmo lugar atolaram mais uns três caminhões juntos. Então pedimos um trator de esteira da Prefeitura de Abelardo, e até o trator atolou. Tiveram que acorrentar o trator pra tirar da lama e só depois conseguiram tirar os caminhões”, relata.
O motorista lembra-se também do período em que trabalhou com o transporte de combustível de Lages para Chapecó, com um Mercedes-Benz 1519, e de quando trabalhou em Palmas, na serraria de Olinto Screa, com um F-600. “Numa ocasião, o tempo relampejava pra chuva e a estrada era muito ruim. Eu estava carregado com mantimentos que tinha buscado na Libardoni, em Xanxerê (SC), e tava voltando pra Palmas, num trecho que passava por dentro de um rio.
Deu problema no carburador, era umas 22 horas, eu tava uns dez quilômetros antes de chegar ao destino. E já faltava mantimentos pro pessoal da serraria. No escuro, tive de fazer os serviços, só usando a luz dos relâmpagos, e consegui arrumar, o caminhão voltou a funcionar, e quando cheguei o pessoal ficou muito contente, vieram me abraçar.”
Filhos na profissão
Do casamento com dona Terezinha vieram quatro filhos: Emerson, Eduardo, Daiana e Alisson. Valmir conta que a criançada adorava viajar, tanto que dois filhos decidiram seguir a profissão do pai. Eduardo e Alisson são motoristas da D’Moraes Contâineres.
Por fim, antes da aposentadoria, o último emprego de seu Valmir foi na empresa Vale do Iguaçu, que posteriormente foi adquirida pela Princesa dos Campos. Durante nove anos ele atuou como motorista de ônibus, fazendo a linha de Francisco Beltrão a Curitiba. “Era mais tranquilo, eu só batia pneus e andava engravatado. A manutenção era por conta do pessoal da empresa, era muito bom o serviço”, comenta.