Região sedia seis frigoríficos e conta com várias empresas que produzem ovos e pintinhos.

A avicultura transformou a realidade rural do Sudoeste do Paraná. A região conta com seis frigoríficos de grande porte – Diplomata, BRF (dois), Coasul, Agrogen (dois) – nos municípios de Capanema, Dois Vizinhos, Francisco Beltrão, Itapejara D´Oeste e Pato Branco. Também há empresas que produzem ovos para consumo humano e férteis – Gralha Azul e Martini, Granja Real, Seva, Diplomata, Pluma, Carminatti – sediadas em Pato Branco, Beltrão, Dois Vizinhos e Realeza. Outras integradoras, como a BRF, também possuem seus incubatórios para a produção de pintinhos. Os investimentos feitos no setor, em plantas industriais e avícolas, consolidaram o Sudoeste como segundo maior produtor de aves do Paraná.
A cadeia avícola regional emprega cerca mais de oito mil pessoas e gera milhares de empregos indiretos com os avicultores integrados, motoristas de caminhões, frentistas de postos de combustíveis, casas agropecuárias especializadas em insumos e equipamentos para avicultura, entre outras empresas que prestam serviços neste segmento.
Mais de 1,2 milhão de aves são abatidas somente nas unidades da BRF em Beltrão e Dois Vizinhos. A empresa, no entanto, não forneceu nenhuma informações ao JdeB sobre sua atuação em Beltrão ou Dois Vizinhos. As indústrias frigoríficas e avícolas recolhem, também, vultosos valores em impostos estaduais e federais que são importantes para os municípios.
Só perde para o Oeste
Diretor da Gralha Azul Avícola e do Sindicato das Empresas Avícolas do Paraná (Sindiavipar), Roberto Mano Pécoits, comenta que o Sudoeste “é o segundo maior polo de produção avícola do Paraná, só perde para o Oeste Paranaense, onde seis grandes cooperativas (Coopavel, Lar, Coopagril, C-Vale, Unitá e Copacol) tiveram um crescimento absurdo com a sua organização e facilidade de ter integrados e operados”.
As empresas do segmento sempre tiveram a preocupação com a sanidade animal. Nos últimos anos, no entanto, as próprias integradoras e os governos federal e estadual passaram a se preocupar ainda mais porque a avicultura é, hoje, um dos setores mais importantes exportadores de produtos industrializados. Mano observa alguns aspectos na questão sanitária, dizendo que é “por causa do seu sistema integrado, pela responsabilidade que as empresas têm em preocupação com a sanidade, com a melhoria da mão de obra no Sudoeste, porque nós temos hoje avicultores que conhecem e sabem bem como manejar ovos e frangos, não é à toa que é a maior atividade econômica do Sudoeste, sempre esquecida em todos os sistemas”.
Mano Pécoits, que morava em Curitiba até 1974 e voltou a Beltrão para administrar a Gralha Azul Avícola, que pertencia à sua mãe, dona Manoela, está até hoje na direção da empresa. Ele fala com orgulho do segmento e a importância para a cidade e região das empresas de avicultura. “Eu sempre cito como exemplo: você imagina Francisco Beltrão sem a Sadia, BRF, sem ela, hoje quantas pessoas estão envolvidas” Porque são mais de 800 integrados no município de Beltrão, sem contar os que estão aí por fora, são 800 propriedades rurais, eu não sei o número, mas sei que é um número muito significativo, tem as pessoas que distribuem os pintinhos, os que levam a ração e depois buscam os frangos. Nós temos mais um monte de transportadores que levam o frango abatido para os mercados consumidores. E aí o consumo de óleo diesel, que isso se reflete nos postos de combustível daqui, peças de manutenção, os integrados todos, é muita gente, é muita circulação de riqueza”.
As aves abatidas e industrializadas na região destinam-se aos mercados nacional e internacional. Mas grande parte segue para outros países via portos de Paranaguá (PR) e Itajaí (SC).
Maiores custos
Apesar desta movimentação, o setor teve que assumir uma série custos. Por isso, os custos de produção aumentaram para as empresa. “Elevou muito o custo da produção, isso (mão de obra), sem dúvida, melhorou a qualidade de vida, mas hoje o salário no Brasil já razoável, bom que foi um grande avanço para o País. As consequências disso a gente ainda vai sentir alguma dificuldade aqui ou ali e, principalmente, isso gerou, no meu ponto de vista, o nosso custo não só por essa questão, mas por outras também, como a energia elétrica, o combustível é caro, então os itens de custo pesados são diferentes de outros países, porque por exemplo, o milho todo mundo paga igual, como o preço dele é internacional, todo mundo paga igual em qualquer lugar, agora a energia elétrica, o combustível, a logística nossa é complicada, isso é diferente e nos diferentes países onde se avançou nessa área também, salários também são diferentes, o nosso era muito mais baixo, agora se equipara.
Mano conclui seu raciocínio dizendo que “isso fez com que o custo de produção brasileira, que era encarado no mundo inteiro como imbatível, hoje ele já não é tão imbatível assim, tudo isso trouxe melhorias, ajustes são adequados com o tempo o pessoal vai se acomodando, tem que ir cuidando senão vai caindo, então o setor avícola passou por dificuldades do excesso do aumento explosivo do ano de 2012 – nos preços das commodities -, com consequente repasse do custo do consumidor que é lento, o que levou a um desequilíbrio econômico considerável na atividade agrícola aqui no Paraná, foram fechados ou vendidos dezoito frigoríficos, ou foram absolvidos por empresas maiores”.
* Na próxima semana, entrevistas com os produtores de frangos