
A produção avícola do Paraná é uma das maiores do Brasil. O Estado ocupa o primeiro lugar em exportações de carnes de aves, superando estados como São Paulo, Santa Catarina e Rio Grande do Sul. Aproximadamente 35 agroindústrias abatem principalmente frangos no Paraná e há também empresas que produzem ovos e pintinhos. Boa parte da produção de aves abatidas segue para clientes do mercado externo, gerando receitas, impostos e movimentando a economia do Paraná. Apesar disso, há avicultores insatisfeitos com a atividade. As associações que representam os produtores de aves alegam que a remuneração está baixa e não cobre os custos – caso do peru no Sudoeste – ou no máximo estaria havendo um empate entre custos e remuneração – caso do frango.
Em Francisco Beltrão e Dois Vizinhos, as associações de avicultores iniciaram movimentos para reivindicar a melhoria na remuneração da atividade. Claudinei Colognese, presidente da Associação de Avicultores do Sudoeste do Paraná (Avisud), com sede em Beltrão, conta que há pouco tempo a entidade fez um levantamento dos custos de produção “e nem nós da diretoria da associação não sabíamos que estávamos trabalhando no vermelho. É realmente o que tá acontecendo, é isso aí as empresas integradoras, o preço da carne subiu no mercado, o soja baixou, o milho baixou e a renda nossa continua a mesma e até pra menos.
Hoje o peru, a gente não tem dados exatos, mas os avicultores de peru reclamam muito que a renda deles nos últimos três anos vem caindo, que vem dando prejuízo. Então, hoje o produtor de peru que constrói um aviário novo, ele não consegue sequer pagar o custo de produção e o que ganha da BRF não dá pra pagar o custo de produção. O frango, nós levantamos os custos, tá empatando, então o lucro na atividade nós não estamos tendo”.
Sem planilha de custos
Um dos problemas na atividade é que os avicultores não fazem planilhas de custos para ver se estão lucrando ou tendo prejuízos ao produzir frangos ou perus. “Essa conta que a gente faz, ela contabiliza toda a mão de obra do agricultor, então seria essa a sobra pra eles, então ele tá ganhando a mão de obra, mas isso a gente tem que contabilizar como custo, tem a depreciação (do aviário), são aviários praticamente já pagos, e então eles vão fazendo a manutenção e o avicultor não conta isso como um gasto dele,é isso que tá sobrando pra ele: tá sobrando a mão de obra e a depreciação que ele já pagou o aviário, já tirou dinheiro de outras fontes, de outros lugares, e também tem aquela questão que tem o aviário que tem as vacas de leite, plantação de soja, planta milho, e ele não faz aquele fluxo de caixa que ele deveria fazer pra ver aonde que tá o furo, então tira de uma atividade e joga na outra”. Para auxiliar os produtores, a Avisud elaborou um folheto contendo informações de como pode ser feita a planilha de custos.
Menor remuneração e novos aviários
Apesar da remuneração menor, nos últimos anos, teve produtores rurais e empreendedores que acabaram construindo novos aviários em suas propriedades. Claudinei também considera interessante esta decisão. “Uma pergunta assim aconteceu em uma reunião nossa com a BRF, e tem um componente da diretoria que tem quatro aviários, e ele tinha três, aí surgiu essa pergunta. O que ele respondeu foi o seguinte: que quando ele tinha três é que ele resolveu fazer o quarto, porque precisava de dinheiro financiado pra cobrir a dívida dos outros três, então ele foi alavancar dinheiro para construir mais um aviário pra sobrar, pra poder dar o giro e continuar na atividade”.
Claudinei diz, ainda, que “tem aquela questão, também, que se você produzir mais, você já tem uma mão de obra ali e você, como aviário hoje, não consegue sustentar um empregado ou dois aviários, então você já faz um terceiro pra poder sustentar um empregado e não acabar com aquilo que você já construiu”. Apesar disso, o presidente da Avisud ressalta que o investimento dos produtores em mais galpões de aves “não é que o produtor esteja contente, mas sim pra tapar um buraco que esteja lá atrás e não termina com a produtividade”.
Reunião de avicultores
Segunda-feira, dia 1º, a Avisud tem assembleia na Associação dos Motoristas, em Francisco Beltrão, a partir das 9 horas. A reunião contará com as presenças de diretores de associações de avicultores de Dois Vizinhos, Chapecó e Concórdia, em Santa Catarina. Claudinei adiantou ao JdeB que “nós vamos fazer um grande manifesto se nós não tivermos respostas; nós protocolamos na empresa algumas mudanças e alguns itens que devem ser mudados em relação a nós e esse aumento levamos as planilhas de custo, custos que eles já conhecem e também sabem o que tá acontecendo”.