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Francisco Beltrão
domingo, 15 de junho de 2025

Edição 8.226

14/06/2025

Ademar Gauza teve a primeira balsa da Marmelândia, em 1961

 

Ademar e Geni Gauza com o filho Círio e a nora Adriana.

 

Em 1961, Ademar Gauza veio de Caçador (SC) para morar na Marmelândia, em Realeza. Logo que chegou, instalou a primeira balsa na comunicade, ligando Realeza a Capitâo Leônidas Marques, que na época pertencia a Boa Vista da Aparecida. Ademar, hoje com 73 anos, gerenciou a balsa até 1969 e depois vendeu os equipamentos para outra família. Em 1981, surgiu a ponte em cima do rio Iguaçu. Portanto, Ademar é um dos responsáveis pelo traçado da rodovia BR-163, que liga Realeza a Cascavel.

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“Naquela época, a gente transportava as máquinas que abriram a estrada de Capitão para lá. Se não fosse a balsa, teria demorado mais. Aqui era tudo mato quando chegamos”, comenta Ademar, que é filho de Wenceslau e Emília Gauza e casado com Geni Salapata Gauza, de outra família pioneira do município. Ela é filha de Ludovico e Regina Salapata, que fundaram a primeira igreja da comunidade de Flor da Serra.

“Aqui passavam caminhões de mudança, ônibus com passageiros, pessoas que vinham a pé, a cavalo, de carroça. Tinha até um hotel aqui para quem chegava à noite e não conseguia pegar o horário da barca no mesmo dia. Aí eles dormiam e seguiam no outro dia de manhã”, lembra-se.

Quando ficou sabendo que seria construída a ponta em cima do rio Iguaçu, Ademar resolveu vender o negócio para não ficar sem nada. “Já se tinha notícias da ponte. Então resolvi vender e comprar a terra em que eu moro até hoje. Passei a trabalhar na agricultura”, diz Ademar, que gostava de tomar banho de rio todas as noites no Iguaçu. “Eu era magrinho, atravessava o rio a nado. Não gostava de tomar banho em casa, tinha que ser com água do rio. Era dali que vinha o meu sustento”, comenta.

 

Comemoração do dia de Nossa Senhora dos
Navegantes, no Rio Iguaçu, na década de 60.

 

Falha no motor
A balsa de Ademar nunca teve problemas de afundar ou algo parecido. Ele garante que sempre teve cuidado com o peso que colocava em cima da balsa. Só teve um problema com o motor uma vez. “Falhou o motor e a barca estava cheia. Descemos três quilômetros rio abaixo. Depois demoramos duas horas para subir de novo. Foi um transtorno”, recorda-se.
O motor foi consertado durante o trajeto, mas os passageiros ficaram um pouco assustados. “A gente acalmou todos os passageiros, tínhamos todos os equipamentos necessários para consertar o motor. No fim, foi só um susto. Deu tudo certo.”

Produção de vinho
Ademar sempre produziu grãos em sua propriedade. Mas depois que seu filho Círio e a nora Adriana assumiram o comando dos negócios da família, começaram a produzir uva e vinho. O que antes parecia uma aposta se tornou a principal. E Ademar passou a ser o consumidor número um do vinho de seu filho, que tem a marca de Cantina da Serra.

“Sempre gostei de tomar vinho, mas nunca produzi. Hoje a gente faz em casa um vinho colonial que fica muito bom. Temos uma boa clientela que vem aqui comprar. Eu não imaginava, naquela época, que isso pudesse dar certo. Mas está sendo muito bom”, comenta Ademar.

A família Gauza tem 14 hectares da propriedade. A pequena propriedade tem 1,5 hectare de parreiras de uva e mais meio hectare de outros tipos de frutas. O restante ainda tem grãos, que estão com os dias contados. “Aos poucos a gente vai aumentando a nossa produção de frutas e os grãos vão perdendo espaço. Para a pequena propriedade, não vale a pena mais produzir soja e milho. Tem que apostar em outros tipos de cultura que são mais rentáveis”, comenta Círio, que consegue pagar as contas com a uva e o vinho e tem a lavoura de grãos como o lucro durante o ano.

O nome Cantina da Serra é porque a produção fica na comunidade de Flor da Serra, em Realeza, e também na serra da Marmelândia, que desce para o rio Iguaçu. “Estamos agora buscando o nosso selo para podermos vender também fora do município. Por enquanto, quem quiser o nosso vinho tem que vir até aqui comprar. Mas sempre vendeu muito bem, o Falador é muito bom. Como a propriedade fica na beira da rodovia, muitos motoristas de caminhão passam aqui para comprar o nosso vinho”, complementa o vitivinicultor realezense.

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