Laticínios da região suspenderam ontem, 24, a coleta de leite nas propriedades rurais da região Sudoeste. As indústrias não têm mais capacidade de estocagem. O Sindileite emitiu uma nota onde afirma que em virtude das paralisações que estão acontecendo em várias rodovias do país, as indústrias de leite estão sendo forçadas a suspender suas operações de recolha, industrialização e distribuição de produtos acabados.
A entidade alega que faltam insumos para manter o processo de produção em andamento – tais como – embalagens plásticas, embalagens de papelão, ingredientes e até mesmo combustíveis. Valdomiro Leite, diretor do Sindileite, afirma que a maioria das empresas não tem mais embalagens longa vida. “Além disso, falta diesel para os caminhões irem buscar o leite e não tem como estocar o produto nas indústrias.” O leite não será recolhido até que o fornecimento dos insumos se normalize.
Governos têm que se mobilizar
O Sindileite afirma que todas as esferas governamentais (municipal, estadual e federal) tem que se mobilizar a fim de normalizar o mais rápido possível a circulação em todas as estradas do país. “O prejuízo já está sendo grande para o produtor que está jogando leite fora e para as indústrias que não estão trabalhando. É preocupante a possibilidade de desabastecimento de um produto que é essencial à alimentação de crianças e adultos”, diz a nota do sindicato. Valdomiro afirma que várias empresas da região estão na mesma situação. “É preciso criar um ambiente favorável de diálogo para solucionar esse problema.”
A Latco, por exemplo, suspendeu a coleta de leite nos municípios de Francisco Beltrão, Marmeleiro, Realeza e São Lourenço D´Oeste (SC).
O gerente administrativo Claudinei Alves Siqueira afirma que a empresa recolhe entre 340 mil a 350 mil litros por dia. A medida afeta diretamente mais de 2 mil produtores de leite da região. “Certamente muitos produtores terão prejuízos, porque não tem como continuar recolhendo, produzindo e não vendendo.” Os caminhões, segundo ele, com os insumos estão parados nos bloqueios dos caminhoneiros.
O laticínio Alto Alegre, do município do Verê, é um dos poucos que continua recolhendo leite nas propriedades. A expectativa, segundo o diretor Lino Zeni, é que a coleta continue sendo realizada até sexta-feira. “Nossa última carga de produtos que saiu foi no domingo. Enquanto isto estamos estocando, porque temos uma fábrica nova que nos dá essa possibilidade.” A capacidade total de estocagem é de 100 toneladas de derivados de leite.
O soro de leite, por exemplo, que seria encaminhado para Marechal Cândido Rondon, está sendo jogado fora.Lino informa que o prejuízo diário é de R$ 5 mil só com o soro de leite. O dirigente prevê uma crise ainda maior para as empresas. Mesmo depois que normalizar as entregas, as indústrias terão que vender a prazo e isso pode implicar em dificuldades para formar capital de giro para financiar os estoques.
