O doce traz correlações afetivas, sensoriais e pessoais relacionadas às mais diversas tradições e costumes.
Dani perguntou para meu sobrinho Joaquim onde estava vó Ana. Ele, na maior sinceridade, respondeu: descascando pêssegos! O riso rolou solto no ambiente. É nossa tradição familiar fazer doce em calda ou as famosas compotas.
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Até hoje, minha mãe e tias dedicam um tempo para essa preparação, com variações de frutas, claro: pera, figo (o meu preferido), mamão verde, abóbora e ameixa. Tenho certeza que você está lendo e lembrando dos vidros de doces em calda na cozinha da sua mãe, tias e avós todos em exposição. Primeiramente eram admirados, depois aguardávamos o ritual da abertura dos potes com esses pedaços de fruta em calda doce. Afinal, esses doces são diferenciados pelo jeito artesanal de fazer, sem conservantes e com fruta que é colhida no pomar de casa.
A compota ou fruta em calda está presente em todos os estados brasileiros e faz parte do dia a dia dos brasileiros. A tradição nasceu com o colonizador português que, junto com as primeiras mudas de cana-de-açúcar, também trouxe o hábito de comer doce. Dom Pedro I era apreciador da compota de figo verde, servido em eventos oficiais. O doce traz correlações afetivas, sensoriais e pessoais relacionadas às mais diversas tradições e costumes. Por isso, é comumente associado a celebração e festa.
Os doces em calda são uma maneira de valorizar os saberes e sabores regionais, é recuperar memórias afetivas, ilustrar e traduzir emoções, marcando datas e momentos especiais. Aquele aroma doce se espalhando pela casa, enquanto a fruta cozinha, é maravilhoso, dá água na boca só de lembrar! A compota é especial, particular e tem um significado que traduz sentimentos que se agregam aos ingredientes, lembram nossas mães. Além disso, as receitas são histórias que foram simbolizadas nessas referências de sabores. Qual é a sua compota preferida? Pra mim, pêssego, figo ou abóbora em calda misturada ao creme de leite é a melhor sobremesa que existe, remete ao cuidado e carinho materno, é um afago para a alma e tem sabor de saudade.
