?Cada um dos problemas que estamos enfrentando foi por má gestão do governo federal?, afirma Claudemir de Souza.

Enquanto a presidente do Brasil, Dilma Rousseff (PT), se reunia terça-feira, 19, com estudantes e membros da União Nacional dos Estudantes (UNE) em Brasília, para debater sobre os rumos do Financiamento Estudantil (Fies), o mesmo tema era debatido no tradicional “Café Acefb”, da Associação Empresarial de Francisco Beltrão. De acordo com o jornal Valor Econômico, o governo federal estuda uma forma de abrir uma nova edição do Fies no segundo semestre deste ano.
“O Fies causou um grande transtorno para alunos, pais e educadores. Mas para entender o que está acontecendo, temos que voltar no tempo, nas campanhas eleitorais do ano passado, quando o governo federal anunciou na mídia seus programas educacionais como o Ciência sem Fronteira, Pronatec, Prouni e Fies. O governo pensou num projeto de governo e não pensou num projeto de país. E está aí o problema que estamos vendo hoje”, destacou Claudemir de Souza, diretor da Unipar de Beltrão.
Claudemir citou como exemplo a recente greve dos caminhoneiros, que praticamente travou o transporte no país, o que, de alguma forma, é um dos fatores para a atual crise. “O governo subsidiou as empresas de transporte com financiamento para a aquisição de 288 mil caminhões. Mas não tem frete suficiente para pagar essa dívida, o país não está crescendo, além do que, despencou o valor do frete e o caos se estabeleceu.”
“Cada um dos problemas que estamos enfrentando foi por má gestão do governo federal. Com o Fies, Pronatec, Ciência sem Fronteiras, as bolsas de estudo para professores estudarem no exterior, tudo foi suspenso. Não foi pensado nas consequências futuras”, lamentou Claudemir.
Mas por que o Fies virou motivo de revolta?
“O juro do Fies era de 3,4% ao ano, onde o aluno financiava 50% ou 100% das mensalidades. Depois de formado, o aluno teria um ano e meio de carência para começar a devolver o restante em 12 anos. Muitas pessoas pegaram 100% de financiamento. Se for feita uma pesquisa, com certeza 50% desses estudantes poderiam pegar apenas 50% do crédito e pagar a outra metade da mensalidade. Aí virou uma bola de neve. Quando você aumenta o volume de financiamento, consequentemente vai se colocando dinheiro nesse processo e não vai tendo o retorno”, explicou Claudemir, que também é professor de Finanças na Unipar.