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Francisco Beltrão
domingo, 25 de maio de 2025

Edição 8.211

24/05/2025

Clima adverso resulta em perda de produção e qualidade da uva

Chuvas, geada, granizo, calor, e doenças comprometem a safra. Produtores da região contabilizam as perdas em aproximadamente 50%.

 

O produtor Ilário Durini mostra a estética e a 
qualidade da uva produzida na propriedade da família. 
Fotos: Everton Leite/Jdeb

 

A meteorologia tem um papel fundamental na qualidade, produção e quantidade de uva vendida. Nesse contexto, a produção da uva de mesa está comprometida para esta safra. Os produtores do Sudoeste estão desanimados com a qualidade do produto que vai chegar ao consumidor final. 
Entretanto, a quantidade, apesar da perda de aproximadamente 50% da produção, será satisfatória para atender a demanda regional, garante o vice-presidente da Cooperativa Amperense dos Produtores de Vinho (Coopevi), Vladimir Pelissari, que é responsável pela assistência técnica aos produtores de uva da região de Ampere.
A uva de mesa foi colhida com antecedência, mesmo assim perdeu produtividade e qualidade. A colheita, agora, é das uvas que vão para a indústria, mercados e atendimento no varejo, e estas são de uma qualidade inferior, exatamente pela falta de maturação nos parreirais e por causa do clima atípico para a época do ano. 
“A uva está apodrecendo verde e não temos nenhuma solução para combater esse fato. A produção está comprometida, os produtores vão perder dinheiro e a qualidade está bem abaixo daquilo que sempre entregamos”, afirma Pelissari.

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Situação preocupante
Na região de Francisco Beltrão, a situação não é diferente. Em um sítio localizado na Seção São Miguel, a uva está totalmente podre, ainda no parreiral. 
A justificativa do produtor, que preferiu não se identificar, é de que a queda na produção se deve à incidência de granizo e geada nos meses de setembro, período em que a produção precoce estava maturando, e também à insuficiência de tempo para o desenvolvimento da uva tardia. 
Em Salgado Filho, a situação é a mesma. O secretário municipal de Agricultura, Astério Marchetti, justifica a perda pela impossibilidade de realizar os tratamentos fitossanitários obrigatórios nos parreirais durante os meses que antecedem a colheita e, por isso, a perda dos produtores salgadenses será de aproximadamente 40%. 
A preocupação é tão grande que o barracão da Cooperativa dos Viticultores do Sudoeste (Coopervin), no Distrito Industrial do Bairro São Miguel, está praticamente vazio. A produção de suco de uva e vinho estácomprometida por falta do produto in natura.
A solução, talvez, seja comprar uva do Rio Grande do Sul, porém, a produção de lá também não foi boa. “A queda de produção é de 70% e alguns produtores terão prejuízos altos. Nossa venda também será fraca nessa safra. Aquilo que temos em estoque é em decorrência da armazenagem da última safra”, diz o enólogo da Coopervin, Everton Nava, vice-presidente da entidade.

Produtor consegue boa produção e colheita

Enquanto uns lamentam a situação da safra de uvas 2015-2016, outros comemoram. Seu Ilário Durini, que tem propriedade às margens da PR 566, está contente com a produção e venda da uva. “A qualidade não é aquela que eu queria, perdeu um pouco do açúcar, mas não dá pra se queixar”, diz o viticultor. 
Ele antecipou a colheita em uma semana, justamente para diminuir a perda. “Normalmente, colhemos depois do Natal, mas este ano antecipamos para a segunda quinzena de dezembro, assim, conseguimos vender o produto com boa aparência, com poucos grãos podres e boa qualidade, apesar de ter perdido um pouco da doçura, se comparado com a produção do ano passado”, comenta Ilário. 
Na propriedade dele, de um hectare de parreiras, são 350 mil pés com as espécies de uva bordô, niágara branca e rosê, e ainda Isabel precoce. Ao todo, são cinco pessoas trabalhando na manutenção e colheita da uva, que é vendida, somente, em casa, no varejo. “Toda a produção é vendida aqui em casa. Para você ter uma ideia, na virada do ano, vendemos mais de mil quilos de uva, e olha que o tempo não colaborou. Era uma fila quilométrica na entrada da propriedade, de pessoas querendo comprar a minha uva, que está muito boa”, exalta. 
Entretanto, essa boa produção tende a acabar, no máximo, na próxima semana. “Só conseguimos manter a qualidade porque fazemos o tratamento correto durante todo o ano. Não vivemos só da produção de uva, porque temos melancia e aviários, mas a rentabilidade é alta, mesmo vendendo a um preço médio de R$ 3 o quilo”, finaliza seu Ilário.

Cachos e grãos de uva podres no parreiral de 
um produtor da Secção São Miguel. 

 

 

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