O cidadão de Coronel Vivida, revelado esta semana como o mais velho do mundo, é uma pessoa de vida simples, mas sadia, em todos os sentidos. Ele praticamente não sabe o que é doença nem inimizade. E o aparelho de televisão estragou, ele também está livre do estresse diário que os brasileiros estão tendo com o noticiário tumultuado da atual situação política e econômica do País.

Fotos: Ivo Pegoraro/JdeB
Fiquei sabendo da existência do seu Sebastião Batista dos Santos dia 15 de março, quando alguém me disse que o homem mais velho do mundo, com 114 anos, aniversariava junto comigo, dia 15 de março, mas para alcançá-lo eu teria que viver mais 51 anos!
Depois de ver as reportagens que apresentaram dele, dia 16, fui lá, quarta-feira à tarde, na certeza de encontrá-lo em casa. Pensei: numa tarde quente como esta (30 graus), ele deve fazer um soninho após o almoço e depois me atende. Quando cheguei, perto das 15 horas, ele não estava. A filha Joceli me disse que ele havia saído uma meia hora atrás. Foi a um endereço que ela não sabia e a previsão é que retornasse somente no escurecer.
Naquele calorão e ele foi a pé? O dono do Mercado Gonçalves, próximo à casa do seu Sebastião, no Bairro São José Operário, já tinha me alertado: ele passou por aqui não faz muito.
Quinta de manhã voltei lá e seu Sebastião me recebeu com toda a simpatia que ele tem. Vi logo que é uma alma limpa, não tem o que esconder, bem o contrário de certas tranqueiras que temos hoje infernizando nosso País. Aliás, ele nem se incomoda com o noticiário diário que nos tem causado tanto estresse ultimamente. Seu aparelho de televisão está estragado e o da filha, que mora ao lado, também. No que escurece o dia, pouco depois das sete da noite, ele já vai pra cama. E quando a TV está boa, informa a filha Joceli, “a única coisa que ele gosta de assistir é música dos gaúchos”.
Seu Sebastião ficou muito contente quando recebeu, no dia de seu 114º aniversário, uma indumentária gaúcha completa: botas, bombacha, chapéu e camisa com a imagem de Nossa Senhora Aparecida, sua protetora. O presente foi entregue pelo pessoal da Rádio Vicente Palotti. O comunicador Valdenir Lima informa que a iniciativa foi de seu pai, Vivaldo Bernardo, em gratidão pelo tempo que seu Sebastião trabalhou pra ele, como arrendatário.
Infelizmente, a família não possui a certidão original de nascimento, se é que existiu. Em 1902, o único cartório que havia em todo o atual Sudoeste do Paraná era o de Palmas. Meu colega jornalista Niomar Pereira, que também está pesquisando para produção de matérias sobre o atual homem mais velho do mundo, foi informado que um incêndio, em 1963, destruiu toda aquela documentação.
Os documentos que ele possui são o CPF, emitido em 1º de dezembro de 1993, e a Cédula de Identidade (RG), com data de 14 de fevereiro de 1990. Nascido no Covó, hoje interior de Mangueirinha (naquele tempo era interior de Palmas), dia 15 de março de 1902, é o mais velho dos oito filhos de Manoel Batista dos Santos e Eugênia Maria de Jesus. Este documento cita a C. Nasc. 483-11, folha 212.
A cartorária do registro civil de Coronel Vivida, Cleusa Maria Pimentel Vieira, atesta que a certidão 483-11 folha 212 é do seu cartório e foi assentada em 26 de junho de 1976, portanto, quando seu Sebastião já devia ter 74 anos e todos os seus nove filhos já tinham nascido.

Outra informação que poderia ajudar seria a certidão de casamento, mas a família não possui. A filha Joceli suspeita até que não existe. Fez falta quando foi encaminhada a aposentadoria e seu Sebastião, inclusive, nem seria aposentado, estaria recebendo apenas a pensão da esposa, Delíria, falecida há quase seis anos.
No túmulo do cemitério não há datas de Delíria Oliveira França. A filha Joceli afirma que a mãe faleceu dia 18 de junho de 2010 e não tinha certeza se ela estava com quase 80 ou quase 70 anos. O registro do cartório, segundo Cleusa Pimentel Vieira, mostra que Delíria nasceu em 3 de novembro de 1930 e faleceu em 18 de junho de 2010, portanto com 79 anos e sete meses de idade.
Sebastião e Delíria tiveram nove filhos: Lauriano (reside em Santa Catarina), Ilton, Angelim (ele é presbítero, reside a uma quadra da casa de seu pai), Artidor, Iolanda, Ivone, José, Maria e Joceli.
Joceli, que reside numa casa ao lado e cuida do pai, é casada com Jocemar Rodrigues Apolinário, funcionário público municipal, e tem cinco filhos: Fabiana e Veridiane (já casadas), Vítor Gustavo, Miguel e Mateus. Tem uma neta, de 11 anos, que está entre os 12 bisnetos e os 25 netos de seu Sebastião.
Toda essa busca por informações, que deve prosseguir, é pela tentativa de provar a idade do homem que pode ser o mais velho do mundo e registrar no Guinness, o livro dos recordes.
O outro lado, a conversa com o recordista é muito agradável. Ele é bem alegre e atencioso, cuidadoso nas respostas, gosta de brincadeiras e de dar risada; segundo a filha Joceli, “não é daqueles velhos chatinhos, não incomoda e parece cada vez mais amoroso”. Sebastião fala dos tempos dos carroções, das bruacas pra levar sal pro gado, dos matões, tempo que Pato Branco “nem casa tinha”. Ele falou ao Jornal de Beltrão acompanhado dos filhos Angelim e Joceli.

JdeB – Como o senhor está se sentindo com 114 anos e dois dias?
Sebastião – Pois é, e agora, como é que eu vou falar com o senhor (risos)?
A gente quer saber como o senhor está se sentindo.
Daí eu vou já na base da brincadeira, porque eu gosto da brincadeira. O senhor me perguntou se eu estou me sentindo bem, graças a Deus, estou, tô bom, não me dói nada.
Nessa idade o senhor continua saindo, passeando, vai no centro a pé, o senhor está forte.
Pois é, graças a Deus, tô forte pra caminhar ainda.
Todo o dia o senhor caminha?
Não, todo o dia não. Às vezes eu saio quando tenho precisão, que às vezes a gente se obriga a sair. Quem não tem muitos meios, tem que sair e caminhar de a pé mesmo.
O senhor gosta mais do calor ou do frio?
Eu não gosto muito do frio, porque o frio estraga um pouco a gente. É melhor o calor, ele judia um pouco da gente também, mas não é tanto, né.
O senhor dorme bem à noite?
Durmo. Às vezes eu me bato um pouco, mas durmo um pouco e daqui um pouco me acordo, torno a dormir de novo.
O senhor sempre foi assim, de bem com a vida, alegre?
Graças a Deus, nesse tanto meu jeito é um só, alegre com todo mundo, amizade com todo mundo. Sempre fui assim, desde novo. Eu me criei, bem dizer com meu pai, minha mãe, eu fui um camarada que me criei com os outros, com padrinho Joaquim, mas ele é morto também, ele tinha muita paciência comigo, fazer um servicinho, se não tava bem feito ele dizia “olha, meu filho, não está bem feito isso aqui, você não leve a mal, meu filho, isso é bem da sua vida“. Tempo de cerca, fazia cerca de rachão.
Aquela cerca enchida?
É, verdade, nós atava com cipó do mato, não tinha outra coisa pra atar, pra firmar a cerca, então quando não tava bem certo ele dizia “não tá bom, meu filho, eu vou te ensinar com paciência pra você ver como que a gente faz, pra te ajudar”. Desatava toda aquela cerca e tornava, decidido a fazer bem-feito.
E o seu pai, como era?
Meu pai foi um homem muito trabalhador, cortador de roça de empreitada. Aqui ele cortou muito mato.
Seu pai cortou mato aqui em Coronel?
Cortou, ele cortava 15 alqueires, naquele tempo não tinha motosserra, era só no machado, ele roçava o mato e depois cortava de machado,
Seus pais vieram de onde?
Eles saíram daqui mesmo, o senhor conhece Passa Quatro? Ali que era a nossa terra mesmo.
Mas se o senhor nasceu em 1902, o seu pai era de 1800 e sei lá quanto, será que ele não veio de outro lugar?
Eu não sei, porque ali naquele tempo que eu tô contando pro senhor, que eles me trouxeram pra cá, era criança pequena, depois que eu fui ficando homem e me criando, então muita coisa não posso contar porque não me alembro. Mas eu sou daqui mesmo, porque quando foi pra fazer os documentos aqui pra aposentadoria, faltou a certidão de nascimento, daí foi campeado em toda parte aqui pros lados, Chopinzinho, aqui não teve, daí ligaram pra Palmas, tava em Palmas.
Naquele tempo o pessoal ia longe a cavalo registrar os filhos.
Pois é, naquele tempo não tinha embarcação, não tinha nada, aí quando começou vir aquelas carroças velhas de animais, nem estrada tinha mesmo. Eu sou daquele tempo, daqueles carros velhos que puxavam carga. Tão bonito, uns oito, nove animais, naquele tempo era guizo, era um sininho bem pequenininho assim, colocava no pescoço dos animais, era bonito aquelas carroças velhas.
Qual história o senhor mais gosta de contar?
Mas as histórias que eu gosto mais de contar é a minha felicidade, o respeito também, fui na aula, mas a gente também é meio teimoso. Eu fui na aula quando eu era pequeno.
Onde que o senhor foi na aula?
Naqueles campos perto de Palmas e era tempo de matão, era longe pra gente ir de a pé. Naquele tempo até que tinha muito passarinho, se o senhor quisesse pegar um passarinho com a mão, o senhor pegava (risos). Daí ela aprontava nós pra ir, mas era longe pra ir de a pé, daí o senhor sabe o que nós fazia? Naquele tempo não era bodoque, era tipo um que a gente põe uma estaquinha, daí aquele laço.
Era com borracha?
Era com borracha, põe a pedrinha ali e andava correndo de atrás dos passarinhos, chegava noite.
O senhor matava passarinho?
Barbaridade, tinha muito passarinho, nós comia (risos).
Com o quê?
Com qualquer misturinha aí, polenta, um arrozinho às vezes. Naquele tempo quase arroz nem plantava, mas lidava com farinha do monjolo, aquelas quireras também que eram muito boas pra pôr um passarinho, cozinhar bem e comer.
Canjica?
Canjica. Aquela também era nossa naquele tempo.
Tinha vaca de leite?
Não, senhor, não tinha vaca de leite.
E café?
Café já existia.
Comprava em Palmas?
Pois é, era longe, porque eu me criei com os outros também, então eu faço a turma dar risada. Eu sou um camarada que me criei assim, eu sempre digo pra eles que este mundo véio nosso, que já estou criado e ainda vou ficar mais uns anos, este mundo véio não tem porteira. Aqui, quando nós viajava, então tinha Serpa, em Palmas, nós levava sal pro gado em Campo Erê, perto da Argentina. Naquele tempo era criança, mas, homem do céu, era picadão. Pato Branco ali nem casa tinha, só taperinha. E daí viajando por aqueles picadão. Quando chegava, tinha os pouso certo, eu só olhava, nem ajudava descarregar cargueiro, não podia porque era criança, daí fazia fogo no acampamento.
O senhor ajudou a tropear gado?
Não ajudei, carregava em Palmas uns dez cargueiros, tempo de bruaca, carregava bolsa de sal pra levar pro gado.
Criava porco?
Esse padrinho, que eu me criei com ele, Joaquim, eles criavam, eu cuidava, que era tempo dos matão mesmo, os acampamentos, as encerra tudo grande, daí eles criavam e contava também pra fazer a tropa, naquele tempo não tinha carro. Daí nós trabalhava bonito, chamando os porcos, daí entregavam o porco lá no rio, lá já tinha caminhão.
O senhor caçava também?
Não senhor, eu nunca fui de caça. Vou contar a verdade pro senhor, o meu sogro é morto, coitado do Canei, mas ele era muito caçador, aí me convidava pra ir junto. “Mas, compadre, vamos comigo no mato, uma vez só.” Achamos algum tateto, naquele tempo tinha porco do mato, tateto. “Mas não, meu compadre, o senhor me desculpe, eu não vou, eu não posso andar no mato assim.” Daí ele dava risada, chamava os cachorros e saía. E nós, quando chegava de tarde, trazia dois tatetos, porco do mato às vezes trazia também, tinha muito, né. E ele foi caçador, ele me convidava, mas eu não tinha vontade de sair assim.
Pescar o senhor gostava?
Não senhor, também não.
Então o senhor não é de contar mentira de caçador e de pescador porque o senhor não caçava nem pescava?
É, porque não vou fazer que nem aquela piada, o pescador diz que acabou a isca, não tinha isca mais pra pescar e foi pegando bichinho. Daqui um pouco vem uma bespa, tipo aquelas mamangava, o senhor conhece o que é mamangava, né (risos), já braba pra morder ele, mas ele dava tapa assim e não deixava. Quando pegou, aquele bicho mordeu na mão dele, teje preso, teje solto! (risos). Teje preso, teje solto! (risos). Daí até parou, teve que ir pra casa porque o bicho mordeu ele.
O senhor enfrentou muita cobra?
Olha, isso aí é verdade, enfrentei, porque era só mato. Quando nós chegamos aqui, nesse nosso lugar, aqui era só pedra, tudo pedreira e eu plantava também nesse lote ali. Eu tinha bota já, aquelas botas velhas pra trabalhar. Naquele dia eu não calcei, peguei uma chinela, eu tava limpando umas plantas ali pros canavial, daí aconteceu isso, foi uma cobra, foi um bichinho que me pegou, teve que vacinar tudo. Nós tinha plantado ali o tal de alho, moí bem aquele alho, bem moído e ponhei ali naquele lugar, daí foi acalmando aquela dor, acalmando, graças a Deus, nem foi preciso ir no médico.
Mordeu na perna?
Mordeu aqui no meio das juntas, eu não vi que cobra que era.
No tempo de matão o senhor não foi mordido por cobra?
Não senhor, naquele tempo não, eu cortava nas costeiras do Iguaçu, eu trabalhei muito na empreitada pros outros também, mas, graças a Deus, naquele tempo não me aconteceu nada. Putinga, o senhor sabe o que é putinga? Tinha que entrar por baixo pra poder roçar por baixo dos matos.
Mas matou muita cobra?
Não pude também, porque naquele tempo era novo, nunca consegui. Quando eu via ela, ela corria já de mim, de medo (risos).
Qual é a cor que o senhor mais gosta?
O que eu vou dizer, a cor eu gosto de tudo o jeito, né, companheiro. Não posso dizer que por eu ser moreno assim e a sua (pele) já é diferente, mas daí eu gosto de tudo o jeito, porque daí não agrava ninguém (risos).
E a comida que o senhor mais gosta?
Isso aí o senhor não me apura porque eu sou da pobreza mesmo, um feijão velho, um arroz, do jeito que vier, uma polenta tá bom pra mim também, é a comida que eu gosto mais, porque já se criemos no tempo do matão, naquele tempo muita coisa não tinha. De uns anos pra cá que modificou as coisas. No nosso tempo nós plantava, as plantas que colhia não tinha veneno, hoje em dia nós vivemos nesse mundo véio porque Deus é bom. Todas as coisas hoje em dia que nós compramos, o senhor pode contar que tem veneno, porque já plantam na base do veneno, colhem na base do veneno, daí nós que tamos precisando, nós temos que chegar no armazém, fica tudo lá mesmo, e nós temos que comprar lá as coisas, não é que nem naquele tempo nosso que socava um arroz no pilão, limpava bem, o gosto parece que era outro. Hoje em dia esse arrozinho que a gente compra no mercado nem gosto tem (risos).
O senhor planta o seu feijão, milho?
Eu planto de tudo um pouco.
Qual animal que o senhor mais gosta?
Companheiro, eu fui um camarada que sempre teve os animais bom, cavalo bom e era bem encilhado, era bonito de o senhor ver. Quando eu comprava um cavalo bom, tratava bem dele, a hora que quisesse sair tava fácil. A gente tem que gostar, porque eles não deixam a gente na estrada, mais fácil a gente deixar ele na estrada do que ele deixar a gente, né (risos).
Cachorro também o senhor tinha?
Cachorro também, cachorro é o grande amigo da gente, né, já ficou também por Deus aquele bicho, então tem que zelar dele.
O senhor sempre foi de acreditar em Deus?
Graças a Deus, eu acho que um pouco da minha vivência eu me apego muito com o nosso pai do céu e a nossa mãe do Brasil também.
Nossa Senhora da Aparecida?
É.
E álcool, o senhor tomou cachaça?
Sebastião – Vou contar a verdade pro senhor. No tempo que eu era mais novo, até pouco tempo, acho que faz uns seis anos, mais ou menos, eu tomava muita cachaça, sempre fui de beber cachaça, e quando foi uma hora eu fui parando. Agora como dizem ah, homem tem que beber um pouco, não muito, a única bebidinha que eu tomo é uma cervejinha (risos).
Joceli – Ele fala que é que nem água, sem álcool.
Sebastião – É a mesma coisa que beber água. Só que não dá de facilitar, se tomar demais ela, né, diz que não tem álcool, mas claro que tem.
O senhor toma cerveja com álcool?
Compro no mercado a de garrafa. Se a gente chega num mercado que a gente conhece mesmo a gente já bebe mesmo geladinha (risos).
Se oferecerem pro senhor cachaça, vinho e cerveja, qual o senhor pega?
Pois olha, daí eu escolho qual eu quero. Eu tomo a cerveja, o vinho também gostava muito, mas daí eu fui parando também porque tava me fazendo meio mal.
O seu estômago sempre foi bom?
Graças a Deus.
O coração também?
Graças a Deus, essas doencinhas aí o que eu contar pro senhor é verdade, sou bom mesmo.
O senhor toma muito remédio?
Sebastião – Não, homem do céu.
Joceli – Difícil ele tomar um comprimido, às vezes dá uma gripe com essas trocas de clima, nem pro médico é preciso ir por causa dessa gripe.
Sebastião – Às vezes falam por aí que acham, em alguma parte tem, as pessoas conhecem aquele remédio que dá no mato.
Cipó mil homens (milome).
É, jaguarandi, aquele é bom também pra gripe, só que é um remédio quente, mas é bom de tomar e também não faz mal, mas o milome também é um remédio bom pra gripe, eu sempre que tô gripado, põe bastante na chaleira, na cuia quando eu tô tomando mate, daí já saremos da gripe. Meu remédio é do mato.
O senhor ficou muitas vezes internado no hospital?
Não, senhor, poucas vezes que eu fui pro hospital.
Qual foi a última vez?
Joceli – Faz muitos anos, uma vez que o pai foi só. Mas ele era meio novo ainda.
O que tinha dado nele?
Joceli – Uma tosse muito forte e por precaução internaram ele.
O senhor tinha muitos irmãos?
Sebastião – Ter tenho, mas uma parte são morto, acho que nós era em oito irmão, acho que agora tem uns dois só.
A sua esposa, dona Deliria, era bem mais nova que o senhor.
Era, sim senhor. Demorei um pouco (pra casar).
Por que demorou tanto?
Tava vendo o jeito primeiro, porque a gente não pode se atracar meio de vereda (risos). Não pode, tem que ver como é o jeito da vida (risos), tem que trabalhar pra dar de comer pra mulher (risos).
Tomou todos os cuidados, então. Teve outras namoradas antes?
Fui um camaradinha meio piranho quando era novo (risos), agora é outro causo.
O senhor casou só com a dona Deliria?
Só com ela, graças a Deus, faz uns seis anos que ela é morta, mas a primeira foi ela. Uma vez perguntaram “por que o senhor não vai no baile, lá experimentar, quem sabe o senhor acha uma velha lá que o senhor fica contente com ela” (risos). Ah, não quero saber, já que eu fiquei sem a primeira, vou indo bem, graças a Deus, porque o boi quando ele está deitado, que ele não tem compromisso de nada, ele se lambe de tudo que é jeito, não é verdade?
Quando casou, o senhor era bem mais velho que a noiva?
Pro senhor dar uma risada, eu até menti um pouco pro padre sobre a idade, mas ele desconfiou, eu contei que tinha só 18, daí ele “não, mas tá errado, o senhor tem mais de 18 anos”. Ele teimou um pouco comigo. Eu falei “tá certo, se o senhor acha que eu tenho mais de 18 anos, o senhor que sabe”. E não tava querendo fazer o casamento, eu casei pelo padre, não casei pelo civil. Mas daí com muito jeito ele fez.
O senhor já estava com quantos anos?
Quando eu casei tava com 16 anos só.
Mas o senhor tinha mais de 16 anos quando casou.
Pois é, ele desconfiou dessa, eu tinha mais de 16.
Quantos anos a dona Deliria tinha quando casou com o senhor?
Ela era mais nova, acho que uns 15 anos, mais ou menos, por isso que o padre não queria casar, achava que ela era muito nova e não tinha idade pra casar. Mas eu fui chegando com uma terrinha, como chega no pé de feijão. Então ficou aquela história, tudo as coisas nesse mundo a gente tem que chegar uma terrinha.
Quando o senhor casou, já morava em Coronel Vivida?
Não, senhor, nós morava no Passa Quatro, onde nós se criemo mesmo. Passa Quatro é uma cidade que vai pra Mangueirinha.
Todos os filhos nasceram lá?
Sebastião – Não, uns nasceram até aqui.
Angelim – Eu nasci em Chopinzinho, só que faz quase 20 anos que eu moro aqui.
O senhor nasceu que ano?
Angelim – Eu sou de 22 de abril de 1955.
Aqui diz Coronel Vivida, mas o senhor morava em Chopinzinho?
Angelim – Sim, o registro, certidão, os papéis tudo foi feito no Fórum de Chopinzinho.
Tanto Coronel Vivida quanto Chopinzinho viraram município em 54, então, quando o senhor nasceu, lá já era município de Chopinzinho. Mas a sua mãe não era tão mais nova que o seu pai, na aparência, como que era?
Angelim – Não, ela era muito sofrida, ela tinha mais idade assim, porque ela não era nova, mas no rosto demonstrava muita idade por causa do sofrimento, da doença, enfermidade, essas coisas, e ela morreu de enfermidade terrível.
Se a sua mãe morreu com 70 anos, ela seria de 1940, se o seu pai nasceu em 1902, então o seu pai tinha 38 anos quando ela nasceu, até casar tinha 53 anos? O senhor tinha mais de 50 anos quando casou?
Sebastião – Não, não tinha mais de 50 anos.
O senhor se aposentou já estava em Coronel?
Sebastião – Eu me aposentei aqui. Já faz um tempinho, até não era aposentado, eu era encostado, ganhava um salariozinho, miséria mesmo, depois, com a morte dela, queriam que eu falasse com eles ali pra ver se eu podia continuar ganhando o dinheirinho dela, mas daí não deu nada, eles não quiseram.
Angelim – Não quiseram de certo fazer de viúvo, não sei se por que ele não tinha o civil.
Quando ela morreu, ele não ficou com a aposentadoria dela?
Sebastião – Não, não quiseram, daí ficou assim. Cortando o assunto de vocês, o que eles me ajudaram foi assim, porque eu não era aposentando, daí com a morte dela, eles me aposentaram eu também.
Hoje o senhor tem só a sua aposentadoria?
Só a minha. Eu não fiquei com a aposentadoria dela, daí quando chegou o fim de ano eu tenho 200 reais da aposentadoria dela que eu pego no banco, ele custa chegar, mas chega.
Mas o senhor devia receber a sua aposentadoria e a dela também.
Angelim – É, e a dela também, porque eu acho isso meio esquerdo.
Pela idade que o senhor tem devia ganhar mais.
Sebastião – Pois é uma verdade mesmo, tá me judiando, mas deixa.
O senhor assiste televisão?
Olha, nós tamo com a nossa televisão estragada, a minha também tá, porque eu também tenho, mas tá estragada.
Rádio o senhor tem?
Tenho. Eu gosto muito do rádio, é uma cantiguinha que canta às vezes no rádio, cantam o meu bem, é uma gaita boa.
Não dá vontade de dançar?
Mas, olha, nisso aí também não tenho muito interesse.
Continua na próxima edição.
Mas o senhor era dançador?
Sebastião – Quando era magro.
Angelim – O senhor tinha que ter visto ele, nós morava no interior, ele criou tudo nós na lavoura, sabe, ele fazia empreitada, tinha um compadre dele que pegava de 20 alqueires ali nas áreas dos índios e ele criou tudo nós na roça. Eles faziam aqueles mutirão, derrubava as roças, no fim do mutirão eles fazia aqueles bailinhos de paiol, era panelão cheio de quirera e aquelas carnes de porco, picava o porco assim, com banha e tudo, aquela quirera chegava a branquear, e eu era o puxador de vinho, cachaça pro pessoal, e era aquele gritedo no matão. De noite eles assavam aquelas bacias de carne, galinha e não era pão, era broa mesmo, de milho, não tinha pão, eu conheci broa. Depois que eu vim pra cidade que eu fui conhecer o pão mesmo.
Nós estávamos falando que o senhor gostava de dançar, a Dona Delir também gostava de dançar.
Sebastião – Gostava.
Quando garoto ainda o senhor já dançava aí nos bailes?
Sebastião – Quando era mais novo eu ia naqueles bailinhos e dançava algumas modinhas (risos). A gente já vai naquele que interessa também.
Homem – Só foi alegria, né, pai. Tem o Fábio….., o cara que é empresário aqui no sudoeste, da Rádio tudo o pessoal, o Fábio, eles vem, o cara tava me mostrando no facebook mais de cinco mil mensagens para ele de todo lugar do mundo aí. Eu não sei se eu não vou, porque só eu que participo, eu sou evangélicos há uns 18 anos mais ou menos. Eu era membro da igreja Deus é amor, agora eu sou da igreja Doutrina dos Apóstolos. Então aqui é eu o mais perto dele, eu que venho mais aqui, né, pai.
O senhor mora aqui perto?
Homem – Moro nessa outra esquina aqui. Eu venho visitar, ver sempre como ele tá, daí eu oro e peço pra Deus fortalecer os nervos, porque nós assim gostaria de chegar, eu fico assim emocionado, porque é difícil a pessoa que chega nessa idade que ele tá forte, olha a lavoura dele aí, tem que contratar umas duas carretas em Beltrão pra levar a produção dele (risos) e tem mais ainda lá do lado de baixo. Aqui o senhor está vendo só a mostra da granja. Aí o pessoal incomodaram ele um pouco “seu Sebastião, e se nós colocasse o senhor carpir um pouco ali par nós ver”. Sabe e colocaram ele carpir.
É eu vi a foto.
Sebastião – É (risos).
Depois vou fazer uma também do senhor ali.
Homem – Daí faz uma diferente, daí foi feito aqui, daí nós vamos pegar a lavoura de baixo que tem mais umas coisas, umas plantinhas pro lado de baixo que eu quero que o senhor veja a natureza dele e uma coisa que eu me alegro, ele pega, com essa idade que ele tá, a enxadinha dele, não tem rico, não tem aqui nessa cidade quem não conheça ele. Uma pessoa que nem nós não adianta querer se meter porque perde, não tem nem como, não tem nem conversa.
Quanto tempo ele fica quando vai na roça?
Homem – Ah, ele só entra pra dentro pra almoçar, comer alguma coisinha, o vício dele é o chimarrão, pega, descansa um pouco, não tem mato nem nada, mas ele gosta de chegar uma terra numa planta, entendeu. Eu quero que o senhor veja o pai já tá meio famoso com essa idade que ele alcançou, em nome do Senhor Jesus, eu não sei se eu não vou ter que acompanhar, porque hoje o senhor sabe a curiosidade está muito avançada, daí eles querem ver, as pessoas querem ver, eles não acreditam que ele tem essa idade, mas tem, porque o pessoal da rádio só não vieram com a TV.
Saiu uma reportagem dele na TV anteontem.
Homem – Aham, mas eu digo pro senhor, as outras vezes, dos outros aniversários que só veio o pessoal da rádio, agora com essa idade aqui o pessoal quer conhecer ele e vem da cidade pra conhecer, porque eles não acreditam. É como o senhor vê aí, alegre, faceiro. Ele é devoto da Nossa Senhora, daí o pessoal da rádio veio e trouxe essa camisa, trouxeram a bombacha, daí trouxeram a botina porque não encontraram a bota.
O senhor toca gaita também desde novo?
Sebastião – Não, senhor, eu tinha gaita, sempre usei, daí casei, a gente já tem que pensar outra coisa.
Homem – Tocava baile.
O senhor tocava baile?
Sebastião – Tocava baile, daí a gente casa tem que pensar outra coisa, daí tem que trabalhar.
Homem – E ensinou tudo nós a tocar.
Gaita?
Homem – Não, a tocar violão. Eu, na igreja, canto louvor, mas profissional mesmo, ele que me ensinou, ele que ensinou nós tudo. Tem um irmão em Santa Catarina que é professor de música, ele tocava, é muito amigo do Adelar Bertussi, o Pinheirinho, que diz, ele tinha programa na rádio junto com o sereno do Sul, então ele fazia um showzinho. Tenho dois sobrinhos meus que um é vocalista do grupo Som Sete e o outro piá toca com uma banda famosa de CD gravado também, então tudo os piá do meu irmão que mora em Caçador, Santa Catarina, que ele não pode vir. Então ao redor dele aqui só tá eu, tem um irmão que mora aqui, que inclusive é doente, tem problema de mente, sempre eles levam ele pra fora, ele é doente mental.
Sebastião – Sempre levam ele pra Marechal.
Homem – Marechal Candido Rondon, Cascavel, Curitiba, então ele não para, e o pessoal tratam ele com o remédio, daí o pessoal pra ver de certo ele se loquear dizem que tem uma mulher que gosta dele, pra tirar o dinheiro pra beber, e daí o médico conversa miserável, daí ele bebe e fica se loqueando, daí o pessoal vem e agora tá pra ir de novo pro hospital. Mas é triste.
Sebastião – Vou cortar sua prosa, meu filho. Ele, quando vem de lá, já trazem três remédios e quando não traz pega tudo aqui, mas ele em vez de tomar os remédios só quer beber, daí os remédios não fazem efeito mesmo. Se tomasse certo os remédios daí ele sarava, ele é homem novo ainda, mas ele não se cuida.
O senhor lembra quando começou a branquear os seus cabelos?
Sebastião – Eu nem lembro.
Que agora não tem mais nenhum preto.
Sebastião – Agora eu tenho mesmo.
Quem corta o seu cabelo?
Sebastião – Mas pra falar a verdade eu quase nem vou no barbeiro porque as minhas filhas cortam o meu cabelo.
Homem – O pessoal fica admirado porque o nosso cabelo é assim pra Deus, é o véu que Deus deixou, não pode ter pintura, não pode ter nada.
O senhor aprendeu por conta a tocar violão?
Sebastião – Por conta.

“Tocava baile, daí a gente casa, tem que pensar outra coisa”
Mas o senhor era dançador?
Sebastião – Quando era magro.
Angelim – O senhor tinha que ter visto ele, nós morava no interior, ele criou tudo nós na lavoura, sabe, ele fazia empreitada, tinha um compadre dele que pegava de 20 alqueires ali nas áreas dos índios e ele criou tudo nós na roça. Eles faziam aqueles mutirão, derrubava as roças, no fim do mutirão eles fazia aqueles bailinhos de paiol, era panelão cheio de quirera e aquelas carnes de porco, picava o porco assim, com banha e tudo, aquela quirera chegava a branquear, e eu era o puxador de vinho, cachaça pro pessoal, e era aquele gritedo no matão. De noite eles assavam aquelas bacias de carne, galinha e não era pão, era broa mesmo, de milho, não tinha pão, eu conheci broa. Depois que eu vim pra cidade que eu fui conhecer o pão mesmo.

pode ser o homem mais velho do mundo, com 114 anos.
Nós estávamos falando que o senhor gostava de dançar, a dona Delir também gostava de dançar?
Sebastião – Gostava.
Quando garoto o senhor já dançava aí nos bailes?
Sebastião – Quando era mais novo, eu ia naqueles bailinhos e dançava algumas modinhas (risos). A gente já vai naquele que interessa também.
Angelim – Só foi alegria, né, pai. Tem o Fábio, o cara que é empresário aqui no Sudoeste, da rádio, o cara tava me mostrando no Facebook mais de cinco mil mensagens para ele de todo lugar do mundo aí. Eu sou evangélico há uns 18 anos, mais ou menos. Eu era membro da Igreja Deus é Amor, agora eu sou da Igreja Doutrina dos Apóstolos. Então aqui é eu o mais perto dele, eu que venho mais aqui, né, pai.
O senhor mora aqui perto?
Angelim – Moro nessa outra esquina aqui. Eu venho visitar, ver sempre como ele tá, daí eu oro e peço pra Deus fortalecer os nervos, porque nós gostaria de chegar, eu fico emocionado, porque é difícil a pessoa que chega nessa idade que ele tá forte, olha a lavoura dele aí, tem que contratar umas duas carretas em Beltrão pra levar a produção dele (risos) e tem mais ainda lá do lado de baixo. Aqui o senhor está vendo só a amostra da granja. Aí o pessoal incomodaram ele um pouco “seu Sebastião, e se nós colocasse o senhor carpir um pouco ali pra nós ver”. E colocaram ele carpir.
É, eu vi a foto.
Sebastião – É (risos).
Depois vou fazer uma também do senhor ali.
Angelim – Daí faz uma diferente, foi feito aqui, nós vamos pegar a lavoura de baixo que tem mais umas coisas, umas plantinhas pro lado de baixo que eu quero que o senhor veja, a natureza dele é uma coisa que eu me alegro, ele pega, com essa idade que ele tá, a enxadinha dele, não tem rico, não tem aqui nessa cidade quem não conheça ele. Uma pessoa que nem nós não adianta querer se meter porque perde, não tem nem como, não tem nem conversa.

cultiva ao lado de casa. A plantação de feijão está se desenvolvendo.
Quanto tempo ele fica quando vai na roça?
Angelim – Ah, ele só entra pra dentro pra almoçar, comer alguma coisinha, o vício dele é o chimarrão, descansa um pouco, não tem mato nem nada, mas ele gosta de chegar numa terra, numa planta, entendeu. Eu quero que o senhor veja, o pai já tá meio famoso com essa idade que ele alcançou, em nome do Senhor Jesus, eu não sei se eu não vou ter que acompanhar, porque hoje o senhor sabe, a curiosidade está muito avançada, daí eles querem ver, as pessoas querem ver, eles não acreditam que ele tem essa idade, mas tem.
Saiu uma reportagem dele na TV anteontem.
Angelim – Aham, mas eu digo pro senhor, as outras vezes, dos outros aniversários que só veio o pessoal da rádio, agora com essa idade aqui o pessoal quer conhecer ele e vem da cidade pra conhecer, porque eles não acreditam. É como o senhor vê aí, alegre, faceiro. Ele é devoto da Nossa Senhora, daí o pessoal da rádio veio e trouxe essa camisa, trouxeram a bombacha, daí trouxeram a botina, porque não encontraram a bota.
O senhor toca gaita também desde novo?
Sebastião – Não, senhor, eu tinha gaita, sempre usei, daí casei, a gente já tem que pensar outra coisa.
Angelim – Tocava baile.
O senhor tocava baile?
Sebastião – Tocava baile, daí a gente casa, tem que pensar outra coisa, daí tem que trabalhar.
Angelim – E ensinou tudo nós a tocar.
Gaita?
Angelim – Não, a tocar violão. Eu, na igreja, canto louvor, mas profissional mesmo, ele que me ensinou, ele que ensinou nós tudo. Tem um irmão em Santa Catarina que é professor de música, ele tocava, é muito amigo do Adelar Bertussi, o Pinheirinho, que diz, ele tinha programa na rádio, então ele fazia um showzinho. Tenho dois sobrinhos meus que um é vocalista do grupo Som Sete e o outro piá toca com uma banda famosa de CD gravado também, então tudo os piá do meu irmão que mora em Caçador, Santa Catarina, que ele não pode vir. Então ao redor dele aqui só tá eu, tem um irmão que mora aqui, que inclusive é doente, tem problema de mente, sempre eles levam ele pra fora, ele é doente mental.
Sebastião – Sempre levam ele pra Marechal.
Angelim – Marechal Cândido Rondon, Cascavel, Curitiba, então ele não para, e o pessoal trata ele com o remédio, daí o pessoal, pra ver de certo ele se loquear, dizem que tem uma mulher que gosta dele, pra tirar o dinheiro pra beber, e daí o médico conversa, daí ele bebe e fica se loqueando, daí o pessoal vem e agora tá pra ir de novo pro hospital. Mas é triste.
Sebastião – Vou cortar sua prosa, meu filho. Ele, quando vem de lá, já trazem três remédios e quando não traz pega tudo aqui, mas ele, em vez de tomar os remédios, só quer beber, daí os remédios não fazem efeito mesmo. Se tomasse certo os remédios, ele sarava, ele é homem novo ainda, mas ele não se cuida.
O senhor lembra quando começou a branquear os seus cabelos?
Sebastião – Eu nem lembro.
Que agora não tem mais nenhum preto.
Sebastião – Agora eu não tenho mesmo.
Quem corta o seu cabelo?
Sebastião – Mas pra falar a verdade eu quase nem vou no barbeiro, porque as minhas filhas cortam o meu cabelo.
Angelim – O pessoal fica admirado porque o nosso cabelo é assim pra Deus, é o véu que Deus deixou, não pode ter pintura, não pode ter nada.
O senhor aprendeu por conta a tocar violão?
Sebastião – Por conta.
