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Francisco Beltrão
sábado, 07 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Todos deveriam ser vacinados contra a gripe, afirma infectologista

Vacinas são os meios mais eficazes de proteção contra os subtipos mais comuns em circulação no ambiente.

 

Bernadete Mela, 65 anos, recebe a vacina da técnica em enfermagem Rosane Flores.

A campanha de vacinação contra a gripe começou mais cedo este ano em vários estados, e não foi à toa. Até meados de abril, só por causa do vírus influenza, 250 pessoas morreram entre os 1.635 casos computados pelo Sistema de Informação de Agravos de Notificação (Sinan), do Ministério da Saúde. Do total de óbitos, 92% (230) aconteceram por ação do vírus H1N1 e 20 mortes pelos vírus influenza A (não subtipado) ou influenza B. No Paraná, a Secretaria Estadual da Saúde (Sesa) já confirmou oito mortes por H1N1.

O medo de uma nova pandemia, como a vivenciada em 2009, quando mais de 600 pessoas morreram no Brasil, tem não só antecipado a campanha – que oficialmente aconteceria entre 30 de abril e 20 de maio – como gerado uma verdadeira corrida às casas de vacina particulares. Isso porque na rede pública a vacinação é restrita a grupos de pessoas mais suscetíveis às síndromes respiratórias agudas graves: crianças de 6 meses a 5 anos, gestantes, mulheres que deram à luz há menos de 45 dias, idosos, profissionais da saúde, povos indígenas e pessoas portadoras de doenças crônicas e outras doenças que comprometam a imunidade.
“Todas as pessoas deveriam ser imunizadas para influenza, mas, quando se fala em saúde pública, a gente precisa trabalhar também com os custos que qualquer intervenção na população terá. Quem não estiver nos grupos prioritários e tiver condições de pagar pela vacina, deve realizá-la”, indica o infectologista Valdir Spada Júnior. 
A vacina disponibilizada pelo Ministério da Saúde contempla três subtipos de influenza: H1N1, H3N2 e a influenza B do subtipo Brisbane. No entanto, ressalva o infectologista, quando se fala em vírus, fala-se em mutação. “É uma característica de todos os vírus, por isso as cepas vacinais são revisadas anualmente, com base no monitoramento dos vírus circulantes no mundo. Com relação à cepa H1N1 do ano de 2015, não houve nenhuma alteração para esta versão de 2016. Houve mudança na composição da vacina que diz respeito ao tipo viral H3N2 e influenza B. Essa mudança é compatível com a maioria dos vírus circulantes no Brasil em 2015 e no mundo”, explica Valdir.
O médico acrescenta ainda que há vários outros tipos de vírus circulantes que causam infecções respiratórias. De acordo com o Ministério da Saúde, há mais de 8 mil casos e outros 321 óbitos de síndrome respiratória aguda grave sob investigação, muitos dos quais causados por agentes etiológicos diferentes dos inclusos na imunização. Na rede privada, há também a versão tetravalente da vacina, que protege dos mesmos subtipos de vírus mais o subtipo Phuket da influenza B.

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Quanto mais se vacinarem, maior a proteção

Das 250 vítimas fatais do vírus H1N1, 72% (180) se enquadravam nos grupos prioritários da campanha de vacinação. Os mais afetados são os idosos, com 68 óbitos (27,2%), pacientes com doença cardiovascular crônica (48), pneumopatias crônicas (36), diabetes, obesidade, entre outros. Mortes como a ocorrida recentemente com uma mulher de 58 anos, de Marmeleiro, entretanto, servem de estímulo para a imunização.
“Desde a primeira pandemia de influenza, em 2009, aprendemos muito com o subtipo H1N1. O que se viu foi que os casos de maior gravidade e os maiores números de óbitos eram não apenas em idosos, como já era de se esperar, mas também em jovens (entre 27 e 40 anos) e principalmente gestantes. Então a gripe estava levando a óbito não só aqueles grupos mais vulneráveis como também pessoas jovens e que possuíam outras doenças como pressão alta, hepatites e diabetes”, lembra Spada. 
Segundo o especialista, o que se viu naquele ano foi a intensificação e ampliação da cobertura vacinal para os grupos de risco, porém muitas pessoas deixaram de tomar a vacina por medo dos efeitos que ela poderia provocar, já que era algo completamente novo. Hoje, sabe-se que o imunizante só é contraindicado a pessoas com alergia ao ovo. Quem está com imunodepressão, natural ou medicamentosa, deve receber orientações específicas do próprio médico.
A vacina começa a proteger a pessoa em média duas semanas após a aplicação e tem duração de um ano, devendo ser renovada anualmente. Quanto mais pessoas forem vacinadas, menor será o risco de nova epidemia, por isso a importância de se atingir as metas da campanha. Na microrregião de Francisco Beltrão, quase 97 mil pessoas devem ser vacinadas – até o final da tarde de sexta-feira, 29, mais de 20 mil já haviam recebido a dose da vacina, de acordo com o Sistema de Informações do Programa Nacional de Imunizações do Ministério da Saúde.
“O impacto deste vírus durante a próxima estação de influenza dependerá diretamente do grau de imunidade existente na população, desde que nenhuma mutação significativa do vírus ocorra”, frisa Valdir.

Valdir Spada Júnior, infectologista.

 

Só a vacina previne?

A resposta ao título deste box é não. Há alguns hábitos que, se incorporados à rotina, ajudam e muito a prevenir a disseminação dos vírus: lavar as mãos, usar álcool em gel, adotar a ‘etiqueta da tosse’ e arejar os ambientes.
“Após a epidemia de H1N1 de 2009, a população teve um maior acesso a produtos antissépticos como o álcool em gel e maior conscientização de que a higiene das mãos reduz a transmissão de infecções. É importante disseminar a ideia de que a lavagem das mãos é, sem dúvida, a rotina mais simples, mais eficaz e de maior importância na prevenção e controle da disseminação de infecções”, afirma o infectologista Valdir Spada júnior.
Uma boa higiene geral, não apenas das mãos, reduz o risco de adoecimento de uma pessoa e também os gastos com saúde, garante o médico. “Outra medida é a famosa ‘etiqueta da tosse’. Quando a pessoa tossir ou espirrar, deve sempre colocar o braço na frente, na altura dos cotovelos ou então nas costas das mãos e, após, higienizar as mãos. Evitar aglomerações nesse período de frio e, se não for possível, sempre deixar janelas abertas com ar circulante”, recomenda.

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