Manifestação teve apoio do comércio dos municípios, que fecharam as portas durante a passeata.

Ontem, dia 12, a manifestação dos agricultores cujas terras serão atingidas pela inundação que formará o reservatório da Usina Baixo Iguaçu – entre Capanema e Capitão Leônidas Marques – se espalhou para o centro das cidades.
Depois de paralisarem as entradas do canteiro de obras da usina na última segunda-feira, dia 5, e serem retirados de lá por uma ação da Polícia Militar, na quinta, dia 8, os agricultores atingidos adotaram uma nova estratégia e fizeram passeatas ontem pelo centro de Capanema e Capitão. Cerca de 400 agricultores exigiram atenção para suas reivindicações. Em Capanema, manifestaram-se durante a manhã. Seguiram para Capitão à tarde.
O grupo pede uma indenização justa pelas terras que serão inundadas durante a formação do reservatório, afirmando que o valor oferecido pelo Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu (Cebi) fica muito abaixo do necessário para reassentarem-se em local condizente com a situação em que estão hoje – dizem que, como estão sendo forçados a saírem de suas casas, querem pelo menos que possam continuar vivendo no campo em condições semelhantes.
Eles garantem que a indenização proposta é uma falta de respeito e que, desde que a obra começou, há três anos e meio, o Cebi se esquiva das negociações. Contestam também a ação policial da quinta-feira, que classificam como “violenta e abusiva”.
Sidney Martini, um dos atingidos, afirma que a manifestação foi pacífica. “Foi uma passeata de protesto, para denunciar o descaso que o Governo do Estado e as autoridades estão tendo com a gente.”
Apoio do comércio
Nessa manifestação, os atingidos tiveram apoio de proprietários do comércio tanto de Capanema quanto de Capitão, e lojas dos dois municípios fecharam as portas durante a caminhada. A Associação Comercial e Empresarial de Capanema (Acec) chegou a emitir nota, afirmando ter participado de todo o processo de discussão para a implantação da obra, inclusive colocando-se à disposição para auxiliar na resolução de eventuais conflitos – e acrescenta: “A Acec está solidária com os proprietários de terras atingidos, na sua luta pela conquista de seus direitos, entendendo que o processo das indenizações se arrasta por tempo demasiado, não sendo mais possível sua protelação”.
O presidente da Acec, Luiz Vicente Hartmann, disse que é natural o comércio se solidarizar com os agricultores e que toda a situação cria um clima de insegurança que não é bom para ninguém. O presidente da Associação Comercial e Industrial de Capitão (Acicap), Amarildo Rigo, acompanhou toda a passeata na cidade e declarou: “Estamos lutando também, porque eles estão só pedindo o que é de direito deles. Se a gente não ajudar e as autoridades não apoiarem, eles vão acabar sendo tirados de suas terras e abandonados”.
Rigo afirmou que o manifesto parou em frente do Banco do Brasil (que tem parte na empresa NeoEnergia, responsável pela obra) e da Copel. “Mas os dois lugares estavam fechados e não apareceu ninguém para falar com a gente.”
Consórcio divulgou nota de esclarecimento
Ainda na ocasião da paralisação de semana passada, o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu divulgou nota de esclarecimento, com seu repúdio ao bloqueio das obras e com a afirmação: “O consórcio sempre manteve canal aberto de diálogo e participou das reuniões agendadas pelo Governo do Estado do Paraná, através do exmo. senhor chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, com a presença do Ministério Público e demais autoridades”. A nota foi divulgada na íntegra na edição do dia 9 de setembro do Jornal de Beltrão.
Nova reunião acontecerá quarta-feira
Segundo Sidney Martini, um dos agricultores cujas terras serão atingidas pela formação do lago da usina, uma nova reunião está marcada para esta quarta-feira, a partir das 10 horas, no Palácio do Iguaçu, em Curitiba.
Nessa reunião devem estar presentes o Consórcio Empreendedor Baixo Iguaçu, o chefe da Casa Civil, Valdir Rossoni, a Assembleia Legislativa do Estado e representantes do Ministério Público, da Defensoria Pública e da igreja. Deve-se voltar a discutir os valores de indenização para os agricultores atingidos.
