Lista de espera por um transplante tem quase 2 mil pessoas no Paraná. Conversar com a família é o maior passo para se tornar um doador.

com parceria da Unimed e Organização de Procura de Órgãos de Cascavel.
Os hospitais São Francisco e Regional do Sudoeste, juntamente com a Unimed e a Organização de Procura de Órgãos (OPO), de Cascavel, realizaram entre 17 e 21 de outubro a 2ª Semana Inter-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos. O evento buscou, principalmente, esclarecer sobre o protocolo de confirmação de morte encefálica, a abordagem familiar e o processo logístico de captação e transporte aos colaboradores das instituições, profissionais de saúde.
Com panfletagem no Calçadão e entrega de adesivos nos semáforos sob o mote “Fale sobre isso com seus familiares”, o evento também procurou informar, conscientizar e sensibilizar a população em geral quanto à importância da doação de órgãos e tecidos.
Segundo a enfermeira Ana Carolina Bonatto, coordenadora da Comissão Intra-Hospitalar de Doação de Órgãos e Tecidos (Cihdot) do Hospital São Francisco, expressar a vontade de ser um doador à família, conversando com ela sobre o tema, é um passo importante para se plantar “a semente da doação”. Ela ressalta que, em caso de morte cerebral, é a família que detém o direito de decidir pela doação.
“Esse é um mito sobre a doação de órgãos e tecidos. No Brasil, para ser doador, você não precisa deixar nada escrito em nenhum documento, basta comunicar a sua família da sua vontade”, explica. Ela acrescenta que, ao ser admitido no hospital, “a prioridade número um é a vida do paciente”.
Doador vivo x doador morto
A semana contou com atividades multissetoriais para os colaboradores dos hospitais e profissionais de saúde. Todo o processo de diagnóstico, abordagem familiar, captação e transporte foi tratado por especialistas das entidades parceiras.
Um dos primeiros tópicos foi diferenciar os dois tipos de doadores: o doador falecido e o doador vivo. O primeiro caso diz respeito aos pacientes internados em unidades de terapia intensiva (UTI) ou pronto socorro que recebem o diagnóstico de morte encefálica ou quando ocorre a interrupção irreversível das atividades cerebrais, causada normalmente por traumatismo craniano, tumor ou derrame cerebral.
“Como o cérebro comanda todas as atividades do corpo, quando ele morre, significa a morte do indivíduo. Esta confirmação só e possível após um processo longo e meticuloso de avaliações clínicas e exame de imagem realizado por médicos especialistas que seguem diretrizes nacionais”, ressalta Ana Carolina. “Não há dúvidas no diagnóstico”, reafirma.
Nos casos de doação em vida realizadas voluntariamente, como de medula óssea, rim ou parte do fígado e pulmão, deve haver a compatibilidade entre o doador e receptor. Quando não se tratar de familiares, o processo é mediado judicialmente.
Fila de transplantes
A Central Estadual de Transplantes (CET/PR) é quem coordena o Sistema Estadual de Transplantes. Coração, rins, pâncreas, pulmões e fígado são os órgãos passíveis de transplantes, enquanto entre os tecidos estão as córneas, pele, ossos e válvulas cardíacas. Os órgãos são destinados a pacientes que necessitam de transplante e estão aguardando em uma lista única de espera, por critérios definidos pelo sistema ou Ministério da Saúde. Somente no Paraná, a lista de espera tem 1.819 pessoas: 1.407 aguardando por rim, 36 por coração, 109 por fígado, 27 por rim/pâncreas, 9 por pâncreas e 231 por córneas.