Era almoço de domingo, 12 de março, numa fazenda em Clevelândia, quando a família de chacreiros se dá conta de que o filho de 2 anos não é mais visto brincando ao redor. Na janela da casa de Cleusa Deud e Jamil Deud, o velho cachorro companheiro late sem parar, tentando avisar de um perigo. Cleusa e seu funcionário Arlindo, o pai da criança, encontram-na boiando desacordada na piscina.
Distante da cidade em torno de meia hora, Arlindo teve ajuda do patrão Jamil e de outro colega da fazenda, colocou o menino no carro e iniciou uma massagem cardíaca mantida até a chegada no pronto socorro do Hospital e Maternidade São Sebastião. Arlindo desceu aos gritos, com o menino desacordado contra o peito, e o jogou nos braços da equipe do plantão, como a técnica de enfermagem Liliane do Prado, que é também socorrista do Samu 192 Sudoeste.
Ela e outra enfermeira, Cinara Borges, também vinda do Samu de Balsas, no Maranhão, tão logo perceberam que o menino estava em parada respiratória. Como conheciam e já praticam o Protocolo de Afogamento em crianças, iniciaram a ventilação e a massagem cardíaca.
Ação rápida salvou menino
“Ele estava com 30 batimentos, mas sabemos em que crianças menos de 60 bpm já é parada cardíaca. Na segunda vez, nós na massagem cardíaca, a criança já cuspiu água para cima. Estava descerebrando, poderia ter sequelas. Mas, felizmente, agora a família já fez contato e ele está superbem, sem qualquer sequela”, contou a técnica de enfermagem socorrista Liliane.
O atendimento da equipe do Pronto Socorro do hospital teve sequência com o acionamento da Central de Regulação do Samu 192 e encaminhamento da equipe Alfa 1, da Base de Pato Branco, que veio com o médico Osvaldo Gonçalves Ramos Junior, a enfermeira Ana Claudia Wichmann e o condutor Nogueira Filho. Eles realizaram a entubação no menino e fizeram a transferência dele, em vaga zero, para o Hospital São Lucas de Pato Branco.
O garotinho ficou 24 horas na UTI e na outra manhã foi para o quarto, onde permaneceu em observação mais 24 horas e recebeu alta terça-feira, 14. A informação é de Ceres Martins, médica de estratégia da família em Clevelândia e também sobrinha de Cleusa Deud, que diz estar muito preocupada com a recuperação e desenvolvimento do menino, bem como os demais dois filhos do casal de chacreiros, um maior e outro mais novo que ele.
“O Samu entubou ali e a intensivista extubou porque ele já estava em ventilação espontânea. A probabilidade é enorme de ausência de sequelas, pois a primeira tomografia neurológica deu normal e até agora ele não desenvolveu nenhum distúrbio, nem motor, nem fala. Em alguns casos assim, alguns ficam com convulsão leve, mas ele está superbem”, contou Ceres.
Na Central de Regulação do Samu 192 auxiliaram na regulação o TARM Paulo Henrique Gonçalves, os rádio-operadores Heleine Daneluz e Fernanda Gonçalves de Ramos e o médico regulador Fernando Ferreira.
