Menino trava batalha contra leucemia e o doador será o pai, através do método de transplante haploidêntico.

Sexta-feira haverá o transplante de medula óssea. O pai será o doador.
O menino Kenzo Fraron Silveira, de 2 anos e 9 meses, que trava uma batalha contra a leucemia, fará seu transplante de medula óssea na próxima sexta-feira, 31. O doador será o próprio pai, Ricardo Suzin Silveira, através do método de transplante haploidêntico, utilizado quando a compatibilidade entre o doador e o receptor é de 50% ou um pouco mais. Kenzo está internado no Hospital Nossa Senhora das Graças, em Curitiba, onde faz tratamento intensivo com radioterapia e quimioterapia. A família é de Santa Izabel do Oeste e a doença foi descoberta em julho do ano passado.
Ricardo conta que existe um doador 100% compatível, porém, não há tempo para esperar os exames, o transplante precisa ser feito com urgência. “Como a gente não tem esse tempo e meus exames estão todos perfeitos para fazer a doação, vou ser eu mesmo. O Kenzo internou no dia 11 de fevereiro no Hospital Nossa Senhora das Graças e, desde então, o processo de recuperação foi muito favorável. “A gente ganhou alta no começo de março para fazer as radioterapias, no Hospital Erasto Gaertner, aplicadas na órbita do olho direito e no testículo esquerdo, os dois locais afetados com a primeira recidiva da doença.”
Segunda recidiva da doença
Mas no sábado, dia 11 de março, o pequeno Kenzo teve que ser internado novamente, porque estava com fortes dores nas pernas. “O doutor Lisandro que está conduzindo o tratamento do Kenzo constatou que as dores nas pernas é outra recidiva da doença. Então ela voltou em dezembro e agora em março. E ele falou que temos que fazer o transplante de urgência, porque não temos tempo para esperar.” Com isso, os médicos receitaram um novo protocolo de quimioterapia e radioterapia de corpo inteiro, três vezes por dia, por quatro dias. Ambas terminaram ontem, dia 30, um dia antes do transplante.
Como é Ricardo quem será o doador, ele está tomando uma medicação (granulokine) que estimula a produção de medula no corpo. Essa produção em excesso vai permitir a coleta periférica, ou seja, pelo braço, como se fosse uma doação de sangue normal, não necessitando de punção lombar, quando a medula é retirada de uma cavidade entre a bacia e a espinha. Extrai o sangue junto com a medula e separa na sequência. O transplante é instantâneo para o filho. Não há necessidade de sedação e nem internamento para o doador.
Confiança na melhor equipe do Brasil
Ricardo diz que a família está muito confiante que o procedimento dará certo, permitindo a cura do menino. “O Kenzo tá bem, mas tá sob ação de quimioterapia e radioterapia, mas uma criança se recupera muito mais rápido que um adulto. A resposta é muito mais rápida, graças a Deus e o Kenzo vem demonstrando isso desde o diagnóstico dele. Sempre reagiu bem”, diz o pai. De acordo com ele, a equipe que cuida do Kenzo, do Instituto Pasquini, comandada pelo médico Ricardo Pasquini, é a que mais tem experiência no Brasil neste tipo de transplante, principalmente com crianças. “Os casos mais complexos de tratamento de leucemia estão neste hospital (Nossa Senhora das Graças) em Curitiba e na maioria o resultado é cura, por isso estamos com uma fé em 100%”, diz Ricardo.
Pedido de oração
Muitas pessoas da região estão acompanhando o caso do Kenzo e o pai pede que as pessoas façam oração, enviem pensamentos e energia positivos, para que o transplante dê tudo certo. Ele agradeceu todas as mensagens positivas que as pessoas têm mandado desde o tratamento começou.

Foto: Arquivo da família
Transplante haploidêntico nova técnica e muito eficaz
JdeB* – O transplante haploidêntico é uma nova técnica que começou a ser realizada em alguns países, incluindo o Brasil, há poucos anos e aumenta as chances de se conseguir fazer transplantes de medula óssea em pacientes que não encontraram doadores compatíveis nesses registros. Neste método, os médicos retiram células-tronco do doador e inativam as imunologicamente competentes, ou seja, aquelas que podem causar rejeição.
Essa inativação é feita no receptor com doses de quimioterapia, após o transplante. O agente quimioterápico age então matando os linfócitos T do doador que podem causar rejeição, deixando o receptor apenas com as células do doador, que vão começar a produzir células sadias. “Pra nós é uma porta do tamanho do mundo aberta, porque a gente precisa salvar o Kenzo e não tem tempo. Futuramente, se precisar, nós temos um doador 100% compatível, mas o plano A não vai falhar, não pode falhar”, comenta Ricardo.
O doador, no caso do transplante haploidêntico, sempre é alguém da família, preferencialmente pai, mãe ou irmãos. Primeiro, são feitos testes de sangue laboratoriais específicos, chamados de exame de histocompatibilidade (ou HLA), para identificar quem pode doar. Definido o doador, realiza-se a coleta por meio de punções dos ossos da bacia do doador para a retirada das células ou por meio do sangue periférico em um procedimento chamado de aférese. Como a medula óssea é considerada um órgão 100% renovável, a coleta das células é considerada um procedimento seguro para quem doa. Geralmente, esses efeitos são leves e de fácil controle.
Este novo método é uma grande alternativa para quem precisa do transplante. Para se ter uma ideia da dificuldade, parentes próximos, como um irmão de pai e mãe, têm aproximadamente 25% de probabilidade de serem compatíveis. Fora da família, o desafio é ainda maior. A procura pode ser feita em registros de doadores nacionais e internacionais, mas a chance de encontrar uma medula compatível é de uma em cem mil. (Com informações hospital Sírio Libanês)