Renato Palma Nogueira falou sobre conforto e nutrição animal.

Ontem foi dia de palestras técnicas e de chegada de animais de elite na Via Tecnológica do Leite, que acontece até domingo no centro de eventos do Parque de Exposições Jayme Canet Júnior, em Francisco Beltrão.
A palestra mais assistida foi do zootecnista Renato Palma Nogueira que falou sobre “Ambiência, Produção e Alimentação”, Diferentes lados de uma mesma moeda. O profissional falou da necessidade de melhorar o conforto do animal para que a produção leiteira possa aumentar e melhorar em qualidade.
Falou bastante em técnicas de resfriamento dos animais confinados, redução de barro por onde passam, cuidados com iluminação, cama de maravalha sempre seca, bons corredores, etc. “A vaca gosta de caminhar no macio, por isso não é estratégico cascalhar onde ela passa e sim drenar.” Ele reforçou ainda a necessidade de não se alterar a rotina dos animais. “Alterou a rotina da vaca, vai mudar a produção dela. Tem que ser todo dia, no mesmo horário, no mesmo jeito.” Renato ressalta que 80% do sucesso de uma propriedade leiteira está no manejo e os outros 20% em dieta. “A vaca não pode estar com stress, não deve ter nada para se preocupar. A vaca é a rainha da propriedade. É preciso pensar em gestão do conforto animal.”
Alguns produtores reclamaram do excesso de chuvas na região e, de acordo com ele, é muito importante atentar para que a vaca não durma em uma cama úmida.
Evento receberá mais de 100 vacas e novilhas
Ontem também chegaram alguns animais que irão participar do julgamento do gado holandês. São esperadas 100 vacas, das quais 60% já estão no centro de eventos. O julgamento é ranqueado através da Associação Paranaense de Criadores de Gado Holandês.
Segundo Marcos Rovani, presidente da Rural Leite, excepcionalmente nesta edição não haverá julgamento da raça Jersey em função do pequeno número de produtores registrados na região.
Para realizar o evento ranqueado era necessário o mínimo de 55 animais e 5 produtores diferentes com registro na Associação Paranaense de Gado Jersey. Para gado holandês são necessários pelo menos 50 animais e 5 produtores diferentes. “Tem um custo para manter esse registro, mas nem todo produtor se dispõe a equalizar essa despesa em sua produção.”A Via Tecnológica do Leite terá 22 produtores do Clube da Bezerra e oito cabanheiros de gado holandês.
Avançar em gestão e qualidade
Rovani vê na Via Tecnológica do Leite a oportunidade para discutir temas importantes como melhoria da gestão das propriedades, sucessão familiar e avanço em genética dos animais. “Assim como a Revolução Verde mudou o modelo de produção agrícola, a produção de suínos, aves e leite também passou por uma transformação. Na região Sudoeste há uma grande e marcante transformação em andamento. Os produtores estão investindo em conforto animal, criando infraestrutura para melhorar a genética e produtividade”, compreende. Contudo, Rovani vê que são necessários avanços na gestão financeira da propriedade e na busca pela qualidade do leite. “É preciso fazer um gerenciamento mais próximo de uma empresa rural do que no modelo campesino que ainda adota controles rudimentares.”
O presidente da Rural Leite ressalta que o trabalho do Clube da Bezerra é muito importante neste quesito. “É mais fácil você implantar uma linha de pensamento do que mudar uma que já existe. É mais fácil moldar uma criança do que um adulto. A sucessão familiar não é só trocar o velho pelo novo e manter as mesmas práticas. Tem que ter nova atitude, ver que a atividade leiteira pode ser algo lucrativo e viável que irá dar conforto, renda e estabilidade para a família no meio rural.”

Fotos: Niomar Pereira/ JdeB