A micropigmentação pode ser decepcionante, quando o desenho ou a cor não combinam com a pessoa.

Além de não cobrir as falhas, a cor ficou estranha.
Foto: Leandra Francischett/JdeB
“Faz tempo que eu queria fazer e o preço estava bom, R$ 300 na promoção do Dia das Mães. Uma semana depois abaixou R$ 50, na promoção do Dia dos Namorados. Então me arrependi duas vezes. Uma por ter feito em maio e outra por ter feito com esta pessoa. Agora só saio de casa com óculos”, lamenta uma leitora, que esperava definir a sobrancelha com micropigmentação, mas acabou ficando com mais falhas ainda.
Para entender como corrigir este problema, a reportagem mostrou uma foto da sobrancelha desta cliente para três profissionais que não têm envolvimento com este caso: Alana Vitoreti, Camila Kappes Duarte e Luana Gabriela, que também lamentam situações como esta. “Fico triste. A profissão está banalizada. Erros difíceis de reparação”, comenta Camila.
“Dá dó dessas mulheres, e o pior de tudo é que há vários casos como o dela, alguns até mais complicados. Não só na questão consertar a micropigmentação, mas porque afeta a autoestima, algumas ficam até com vergonha de sair de casa. Elas criam uma expectativa que vai ficar melhor ou resolver a falha que lhe deixa insatisfeita e por fim não resolve ou fica até pior do que estava”, diz Alana.
“Analisando a foto, percebe-se que a cliente tinha uma sobrancelha que não tinha o ponto alto (arqueado), com falhas no início e no corpo das sobrancelhas, então a profissional deve ter feito as medidas de simetria e, com a opinião da cliente – que é o que eu profissionalmente faço – juntas devem ter entrado em um acordo, e ela optou por criar (desenhar) fios que simulassem pelos, dando a ilusão de ser uma sobrancelha com o ponto alto mais elevado”, afirma Luana.
Qual foi o erro?
“Pela imagem, a profissional fez a técnica fio a fio, mas não fixou o pigmento devidamente em alguns pontos, em outros, os fios expandiram um pouquinho, o que acaba deixando um aspecto pesado e não aquele fio delicado e fino”, responde Alana. Segundo ela, há alguns fatores que ocasionam este resultado, como a técnica escolhida pela profissional, o peso da mão, o ângulo, a qualidade dos pigmentos e demais materiais e também os cuidados pós-procedimento da cliente, em casa.
“Antes de falarmos do resultado desse trabalho, devemos analisá-lo em partes”, declara Camila. Inicialmente, o desenho está incorreto e, consequentemente, houve alteração na expressão facial. Ela chama atenção para o fato de que o micropigmentador deve ter conhecimento de design e visagismo, ou seja, deve seguir o desenho natural das sobrancelhas, mesmo com carência ou ausência de pelos, isso é possível através das medidas faciais. Os problemas ocorrem quando o profissional pula etapas e não se especializa em design; entender a musculatura é fundamental. “Nota-se alteração de cor e os fios não estão nítidos, pois se trata de pele oleosa, a qual a técnica fio a fio microblading não é a mais indicada ou não foi feita de forma correta”, completa Camila.
Luana Gabriela destaca que cada organismo reage de uma forma. “Acredito que neste caso faltou conhecimento de colorometria, o design também poderia ter sido mais harmonioso. Indico que a leitora procure entrar em contato com a profissional, após 45 dias do retoque, que a cor já terá voltado totalmente e, caso não tenha fixado, poderá ser feita a troca de técnica no local que o pigmento não fixa. No caso da foto, são fios, poderia ser feito um leve sombreado (esfumado) nessa região que a cliente tem uma quantidade menor de pelos e a falha continuou evidente.”
Como corrigir? Veja o que dizem três micropigmentadoras

“Faço correções, mas primeiro agendo uma avaliação para analisar as sobrancelhas e definir o que será necessário para refazer e ficar com o aspecto que a cliente deseja. Em alguns casos, com uma sessão conseguimos alcançar o resultado desejado, apenas neutralizando e refazendo; outras precisam de duas ou até mais sessões, dependendo da profundidade que foi implantado o pigmento e a cor que está. Isso acontece quando é necessário despigmentar para depois refazer o procedimento. O valor vai depender do que será necessário fazer, por isso é essencial a avaliação. Eu dou uma média de oito meses a dois anos de durabilidade, aproximadamente. A maioria das minhas clientes retornam para a manutenção após um ano. Este período é muito alterado pelas condições individuais da cliente, por exemplo utilização de ácidos cosméticos, filtro solar e oleosidade da pele. Outro fator que vai determinar a durabilidade é a fixação do pigmento na pele, então quanto melhor fixar e menos retoque precisar, mais tempo vai durar. Uma coisa é certa, sai mais caro ter que arrumar do que fazer do zero”, declara Alana Vitoreti.

“Para a correção, volto a falar da importância do desenho dentro das medidas. Se houvesse somente alteração de cor, poderíamos corrigir em uma sessão, com a técnica cover up. Neste caso, com o desenho incorreto, será necessária despigmentação elétrica ou laser para remoção. Só assim uma nova micropigmentação poderá ser feita. São muitos aspectos a serem analisados. Do pigmento utilizado, se orgânico ou inorgânico, pois são absorvidos de maneira diferente no organismo, a colorimetria e o peso da mão, que pode gerar cicatriz. A micropigmentação é algo complexo. O profissional deve entender de química a fisiologia celular. Renovação celular, melanina, processo de cicatrização e assim por diante”, explica Camila Kappes Duarte.

“Antes da realização do procedimento, a cliente preenche uma ficha de autorização para micropigmentação de sobrancelhas. Nesta ficha, analisamos se a cliente está apta para realizar o procedimento. Lendo e entendendo informações importantes de como funciona a micropigmentação. A micropigmentação é uma maquiagem semi-permanente, é realizada com um aparelho específico manual ou elétrico, depositando o pigmento na camada mais superficial da derme. Utilizam-se pigmentos próprios para essa finalidade, sendo todos hipoalergênicos”, relata Luana Gabriela.