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Francisco Beltrão
sexta-feira, 06 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Ênio Chiapetti: novo livro antropológico, é o 20°

“A Trilogia Sagrada” é o novo livro do beltronense Ênio Chiapetti. O lançamento será na próxima quarta-feira, 20 horas, no Ítalo. Este “guia espiritual” será oferecido aos leitores em rica encadernação, mas mantendo a essência das 19 publicações anteriores. Nesta entrevista, Ênio fala de seus livros e um pouco de sua vida. Depois de se realizar financeiramente, decidiu se dedicar ao estudo da humanidade e a dar palestras sobre as descobertas que fazia. Os livros vieram como complementos de sua pregação.

Ênio Chiapetti. Seu próximo livro já tem título:

“A Transformação da Humanidade”.

Ênio Chiapetti é gaúcho de Mariano Moro — no tempo em que ele nasceu (20-5-52), pertencia a Erechim. É o penúltimo dos 11 filhos de Leopoldo Chiapetti (1909 a 1965) e Tereza Felipe Chiapetti (1911 a 2007); Tereza era irmã do Giocondo Felipe, que é nome de rua em Beltrão. A mudança para o Paraná ocorreu em 1964.

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Ênio é formado em História e especialista em Antropologia. Casado com Márcia Cristina Alves, tem uma filha, Ana Rosa, estudante de Gastronomia em Curitiba.
Nesta entrevista ao Jornal de Beltrão (acompanhado de Redimar Bággio), Ênio conta o que aconteceu até chegar a suas palestras e seus livros.

 

JdeB – Esse já é o 20º livro, mas até chegar aqui teve boas histórias. Você nasceu em Erechim.
Ênio – Nasci no interior de Erechim, a princípio, se chamava Bom Retiro. Meu pai era uma pessoa influente nesse distrito, que depois se emancipou e recebeu o nome de Mariano Moro, em virtude de um cidadão que criou cooperativas, era uma pessoa muito bem quista e meu pai quis homenagear esse amigo dele. Minha vinda pra cá se deu logo após a revolução de 1964, quando meu pai foi, infelizmente, preso e veio a desencarnar em virtude das torturas.

 

Acusado de participar do Grupo dos Onze, do Brizola?
Ele era líder do Grupo dos Onze. Foi líder do único Grupo dos Onze que registrou em cartório as intenções, que eram cristãs, com fins agrícolas. Ou seja, de se unir em torno de um processo agrícola. Ele perguntava pra nós o que era o comunismo, porque ele nem entendia direito do que era acusado. Infelizmente, ele desencarnou, eu era criança, tinha 11 anos de idade e com 12 já não queria mais ficar lá. Tinha um irmão que morava aqui, Romualdo Chiapetti, sócio do Foletto, e vim morar com ele. Ele foi meu segundo pai. A partir daí eu fiquei internado no Colégio Agrícola durante sete anos — Clevelândia, Guarapuava, Ponta Grossa — e me dediquei a recompor nossa vida, porque ela foi destruída materialmente. Ficamos sem casa, sem nada. Os policiais invadiram a casa da minha mãe e me lembro bem que viraram até as latas de banha pra procurar armas. Isso lá em Mariano Moro. Eu disse pra minha mãe “você reza que eu vou trabalhar”. Peguei uma mochila e fui a pé pro Mato Grosso e pegando carona. Em três dias, cheguei em Campo Grande e tive meu primeiro emprego, que era de tratorista. Também fui vendedor de adubo e aí consegui arrendar um pedaço de terra. Tive bastante sorte e me tornei um latifundiário. Com 30 anos de idade, já tinha conseguido me estabilizar financeiramente e aí tive uma crise existencial. Comecei a me perguntar a finalidade da existência humana. Um dia, andando a cavalo na minha fazenda, me perguntei “Deus, se tu me pôs no mundo pra ser o que eu sou, eu não queria ter nascido”. Um amigo dizia que eu era ingrato a Deus, pois tinha ido a pé pro Mato Grosso e agora tinha tudo, até avião eu tinha. E ainda era solteiro, jovem. Mas eu disse que não era nesse sentido. Disse que estar no mundo pra plantar soja, pra criar boi, era muito pouca coisa. E foi daí que tomei uma decisão completamente radical e desconhecida, nunca tornei isso público. Eu fechei as fazendas, meu irmão entrou em colapso, arrendei os pastos e fiquei sete anos viajando pelo mundo, visitando as grandes culturas, tentando entender o ser humano. Eu sempre fui católico, fui coroinha, mas a religião não me dava as respostas que precisava, então fui pesquisar as grandes culturas, comecei primeiramente pelos gregos, egípcios, assírios, caldeus, babilônicos, depois os maias, astecas, incas etc. Essas culturas antigas me deram respaldo, subsídios pra entender a existência humana. A partir daí, mudei totalmente minha vida. Comecei a criar escolas de antropologia que já existem há 30 anos, todas sem fim lucrativo nenhum, voltadas apenas à parte social e divulgação disso que aprendi durante os anos. Há uns 17 anos, comecei a escrever meu primeiro livro, despretensiosamente. Estava dando uma conferência na Sadia e me pediam material, tinha que ter material. Eu falava do homem, que o homem domina grandes empresas, mas não tem domínio de seus sentimentos, de suas emoções. Quando dá uma dor de barriga, já fica perdido, no entanto, consegue dominar milhares de pessoas, é incrível isso.

Depois do primeiro, vem inspiração pro segundo, terceiro. Como isso acontece, você busca o livro ou o livro te busca?
Agora saiu do controle, no começo eu que buscava, agora não, o livro me busca. Não tenho a menor intenção do próximo livro, aliás, o próximo, sim, chama-se “A Transformação da Humanidade”, já está em correção. Mas no começo eu buscava, meditava, orava, porque queria buscar o conteúdo. Teve um livro, “O Despertar da Consciência”, que eu fiquei seis meses sem ler revistas, jornal, nem ver televisão, pra poder dar uma resposta que fosse interna, não uma coisa pronta. Esse “Despertar da Humanidade” é um livro que nasceu de noite, na cama, acordei com essa coisa chamando, as frases meio prontas já.

 

Qual é a sensação quando você publica um livro?
É incrível, não sei quem falou isso, mas é como se fosse um filho. Me emociono, inclusive. É tempo que se dedica, um livro desses é dois anos de trabalho, às vezes minha esposa me traz um café quente com um pão de queijo e, quando me dou conta, o café já tá um gelo e não tomei nem um gole. Você fica dentro de um túnel, algumas pessoas falam “ah, você psicografa…”. Não! Não tem nada a ver com isso. Acho que todo escritor, quando se interioriza, busca a verdade dentro dele mesmo, fica num estado alterado de consciência, numa paz profunda. Teve momentos que senti uma paz tão profunda e um estado de integração entre todas as coisas, raramente sentida em minha vida, que só isso já valeu a pena.

 

Você se inspira em quem?
Jesus. Jesus é minha grande inspiração, tanto é que ele tá na capa desse livro. O conteúdo inteiro vem dele, às vezes em sonho, às vezes frases prontas. Mas obviamente eu leio, eu pesquiso, um escritor tem que buscar todas as fontes. Existe um livro chamado “O Curso em Milagres”, foi editado nos Estado Unidos uns 15 ou 20 anos atrás. É de uma psicóloga que não estava de acordo em como iam as coisas dentro de um hospital. Ela achava que tinha que ter outro jeito, mas ela era descrente no aspecto religioso. Um dia ela recebeu Jesus em sonho e ele disse “existe, sim, filha, uma outra forma de se fazer as coisas e eu vou te ensinar”. E começou a preparar ela em sonhos e depois, no plano físico, ela escutava a voz e registrava o que dizia. Esse livro tem umas três mil páginas. Eu estudei esse livro e dele nasceu “A Cura Através do Perdão”, que lancei ano retrasado.

 

Quem é teu público seguidor. Para que pessoas você escreve?
Escrevo para todas as raças, todos os povos, todas as crenças, não tenho nenhuma bandeira. Sou cristão, mas não defendo o cristianismo, nem budismo, nem hinduísmo, nenhuma religião. Acho que a espiritualidade está acima das religiões, acho que elas são todas boas, têm por finalidade buscar uma consciência maior, e se não soubermos respeitar essa busca de cada povo, estamos muito longe de uma verdade. A espiritualidade é essa consciência maior, assim posso me comunicar com todas as religiões, nenhuma se sente ofendida.

E quem se diz ateu? É a vida toda isso, é uma parte da vida, realmente existe ateu?
Tenho amigos que são ateus e digo que, se o mundo estivesse cheio de pessoas como eles, seria um lugar muito melhor do que é. São pessoas de uma integridade, de uma ética, conduta e caráter extraordinários. Essas pessoas que conheço ficaram decepcionadas com a religião, viram o comportamento de alguns religiosos e englobaram Deus nisso, espiritualidade, tudo, foi uma pena. A maioria delas esteve estudando dentro de conventos, dentro desses lugares mais fechados e tiveram uma decepção muito grande, mas isso não reflete a realidade. A pessoa que não crê em Deus, não crê nela mesma e acho que não existe uma só pessoa na face da terra que não crê em si mesmo. É muito mais fácil provar a existência de Deus do que provar a não existência. Qualquer criatura que existe, é simplesmente uma manifestação do Criador, o Criador se fez criatura. Não existe um Deus pessoa, como um grande personagem. Deus, no que pude compreender nestes 33 anos que me dedico a isso, é uma grande consciência universal que está em toda parte. Sabe de tudo, tem toda a consciência, poder e controle sobre todas as coisas. O que precisamos aprender é entrar em contato com essa consciência que se traduz em vida, numa erva, numa planta, num animal ou numa pessoa. Quando você consegue se perceber como criatura, esse criador se torna uno com você. Por isso Jesus foi enfático ao dizer “aquele que vem a mim vai ao pai, aquele que vai ao pai vem a mim, porque eu e ele somos um só”. Quando você vê uma sementinha plantada no solo, sem alguém interferir em absolutamente nada, ela já sabe o que vai ser na vida. Vai se desenvolver, se tornar uma árvore, dar flores e produzir frutos. Essa inteligência que produz isso é a mesma inteligência que está dentro de você e faz você gerar os próprios filhos e dentro desses filhos existe outra inteligência, superior a essa, porque a inteligência de Deus se manifesta em oitavas. Por exemplo, a inteligência de Deus que tá no elemento terra é diferente da inteligência de Deus que tá no elemento água, é diferente da inteligência de Deus que tá no elemento fogo, no elemento ar e no seu corpo físico, na sua mente, no teu sentimento, no teu espírito. Falo que, quando o homem compreender espiritualidade, dominará a matéria, porque matéria não é outra coisa senão fruto do próprio espírito. O espírito se traduz em matéria e não a matéria em espírito. A ciência tá completamente perdida enquanto insistir em buscar respostas no mundo material. Quando a ciência admitir a existência de uma inteligência superior, que tá por trás de tudo, que tá na parte espiritual, aí sim vai progredir terrivelmente e trazer benefícios extraordinários pra humanidade. O problema é que a religião, no passado, fanatizou e esse fanatismo levou ao materialismo da ciência. A falha da religião: materialismo da ciência e vulgarização da arte. Se a arte tá vulgarizada hoje, é porque a religião falhou. Uma religião genuína e uma ciência espiritualizada, a arte, retrata a verdade que tá contida na espiritualidade.

 

Os indígenas e os povos antigos acreditavam em vários deuses e uma bandeira forte do cristianismo, que se vê no Antigo Testamento, é a proposta de um único Deus. Tem diferença do povo de antigamente pro de hoje? Parece que continuamos com vários deuses.
Há de se entender quem são esses deuses. Existem milhares de deuses no universo, mas um só criador. A consciência universal que detém e que gerou o universo não tem uma manifestação física, não tem uma expressão, mas suas deidades podem e devem se expressar. Então, esse mesmo Deus está presente em várias formas diferentes. Por exemplo, eu conheci um xamã andino, no começo dessas minhas caminhadas, e perguntei como ele cura as pessoas, ele disse que pergunta o que elas têm e vai no campo e pergunta à Pacha Mama que ervas deve colher pra curar as feridas desse irmão. Aí perguntei quem é Pacha Mama. É a mãe da natureza. Pra eles é uma expressão de deus, é o deus natureza. Pros católicos, é a mãe divina, personificada em Maria, mas mãe divina está personificada em Kuan Yin no Oriente, em Ísis no Egito, em Mamaola, cada povo tem sua manifestação dessa deidade feminina de deus. Deus não é só o macho, mas também a fêmea, é preciso essas duas energias para que se possa criar. O Cristo é o resultado do deus pai e deus mãe que geram a vida. Jesus é a personificação humana dessa manifestação crística, por isso é o Cristo. Mas existe o Krishna, que é Cristo, existe o Fuji, que é Cristo, existem muitos cristos por aí que o cristianismo desconhece. São criaturas que têm a envergadura de um cristo, mas não queremos, com isso, comparar Jesus com esses seres. Todos têm suas deidades, seus líderes e Jesus Cristo é um grande comandante desse universo. Os deuses que existem são deuses manifestados na natureza, por exemplo Jeová. Ele não é o criador do universo, é um ser como tu, mas que teve uma envergadura gigantesca e o povo hebreu o cultivou como se fosse ele o grande criador do universo, mas Jeová, tu pode falar com ele, pois tem expressão física, tu pode vê-lo e conversar com ele. Jeová é um ser, assim como Jesus é um ser, não é um deus. Assim, existem muitas e muitas deidades que são chamadas de deuses embora não sejam deuses propriamente ditos. Zeus, deus de todos os deuses da Grécia, ele existe, é uma pessoa, podemos nos comunicar com ele, às vezes por sonho ou de outras formas, é um grande ser e continua ajudando a humanidade, não foi embora. O que mais me entristece é ver algumas religiões fanáticas vivendo do passado e querendo que o povo siga aqueles mesmos ensinamentos de quatro mil anos atrás, sendo que aqueles seres estão aqui, hoje, ajudando a humanidade, e eles não enxergam. Quando Jesus chegou, por favor, me compreenda, ele repetiu tudo isso e disse “estamos vivendo o momento presente, vocês vivem o passado, uma tradição”. O que faz mal não é o que entra na boca do homem, mas o que sai dela. As pessoas vivem aquela tradição judaica lá de trás e ele trouxe um ensinamento novo. Esquecemos de viver o presente, Jesus está aqui, está presente e vivo.

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