A doença é caracterizada principalmente pelas narinas estreitas e dificuldade de respirar.
Conheça o caso do cãozinho Toyo, da raça shih tzu, que teve um princípio de desmaio no banho e tinha bastante dificuldade respiratória. A dra. Nathália Behne Branco, da Zoovet, examinou e constatou que ele sofria de síndrome respiratória do braquicefálico. Entenda do que se trata, na entrevista a seguir
JdeB – O que é a síndrome braquicefálica?
Nathália Behne Branco – A síndrome respiratória do braquicefálico, que são os cães e gatos com o focinho mais curto, é caracterizada principalmente pelas narinas estreitas, prolongamento do palato mole e sáculos laríngeos evertidos, além de outras alterações. Cada animal pode apresentar estas patologias de forma isolada ou combinada e em diversos graus.
Ela acomete cães e gatos?
Essa síndrome é relatada em cães, sendo classificada como síndrome respiratória do cão braquicefálico. Apesar de existirem gatos braquicefálicos, as alterações que caracterizam a síndrome são relatadas principalmente em cães.
Como identificá-la?
As anormalidades geralmente dificultam muito a respiração do animal e podem resultar em asfixia e desmaio durante excitação ou em situações de aquecimento devido ao clima ou atividade física. Os animais com síndrome braquicefálica frequentemente apresentam dificuldade respiratória grave.
Qual é o tratamento?
O tratamento é cirúrgico, onde devem ser corrigidas as alterações que o paciente apresentar. No caso de estenose nasal, por exemplo, deve ser feito um aumento do orifício das narinas para que o animal consiga respirar melhor e, consequentemente, ter uma melhor oxigenação. Assim como evitar se agitar muito, principalmente em climas quentes, em que a temperatura corpórea aumenta ainda mais. Os fatores de risco apontados para a ocorrência dessa síndrome são raça, obesidade, climas quentes e úmidos, estado de excitação, endocrinopatias, que causem aumento do ganho de peso e piora da respiração ofegante, entre outras.
Há risco de morte?
Sim, pois dependendo do grau da dificuldade respiratória, o animal pode vir a ter desmaios e até mesmo falência respiratória. A síndrome braquicefálica deve ser tratada para evitar piora dos sintomas e estado geral do paciente.
Como foi o caso que você atendeu?
Atendemos o cão chamado Toyo, da raça shih tzu, a tutora veio com a queixa de que ele havia tido um princípio de desmaio no banho e tinha bastante dificuldade respiratória. No exame físico notamos que ele ficava cianótico – quando o animal fica com a língua azulada por falta de oxigenação -, e ficava de boca aberta para tentar facilitar a respiração. De acordo com a tutora, ele ficava assim o tempo todo. Apesar de ser um cão ativo e brincalhão, apresentava muita dificuldade ao fazer exercícios, e roncava muito, o tempo todo. Após explicar o diagnóstico para a tutora, marcamos a cirurgia; corrigimos a estenose nasal aumentando o orifício da narina e retiramos o excesso do palato mole, o qual, ao movimento de respiração, obstruía a glote, dificultando ainda mais a respiração. No pós-cirúrgico, já notamos uma melhora excelente da respiração, Toyo já não se encontrava mais cianótico e não apresentava mais ronquidão. Hoje, meses após a cirurgia, a tutora relata que ele está muito mais disposto, não apresenta mais barulhos e ronquidão ao respirar, não fica mais com a boca aberta todo o tempo e consegue brincar e correr por muito mais tempo sem apresentar dificuldade respiratória ou desmaios.
