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sábado, 21 de junho de 2025

Edição 8.230

21/06/2025

”Vou dar um tempo do futebol”, diz Ivair Cenci

Ex-treinador do União indicou o novo técnico e anunciou que ficará afastado do esporte por motivos de saúde. Queda para a segunda divisão também pesou na decisão.

Jornalista Almir Zanette entrevista Ivair Cenci no programa Cidade Aberta, da Educadora.

Foto: Adolfo Pegoraro/JdeB

A queda do União para a segunda divisão do Campeonato Paranaense e um grave problema de saúde marcaram o ano de 2018 para Ivair Cenci, ex-jogador e, agora, por tempo indeterminado, ex-técnico de futebol.

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Em entrevista no programa Cidade Aberta, da Rádio Educadora, na manhã de ontem, Ivair falou sobre os tratamentos de saúde que precisou fazer e o afastaram dos gramados, o polêmico rebaixamento diante dos reservas do Prudentópolis e a adrenalina que muitas vezes o levou à expulsão durante os jogos. Ele também fez questão de enfatizar que está afastado do esporte — não deverá nem acompanhar da arquibancada, por recomendação médica.

Há cerca de quatro meses, Ivair fez um implante dentário e uma bactéria provocou uma grave infecção, que o levou à UTI. “A bactéria desceu pela corrente sanguínea e foi até válvulas de metal que eu já tenho há 18 anos. Eu fiquei internado 30 dias, em Curitiba. O tratamento não teve o resultado esperado e eu tive que fazer uma nova cirurgia, trocar as válvulas. Passei por um momento muito difícil, eu digo que estou de volta pela graça de Deus, relatou.

“Agora eu tenho que me dedicar mais à igreja, às almas. Após essa cirurgia, estou praticamente restaurado, mas eu estou afastado do União. As pessoas acham que eu estou montando a equipe. Não. Eu apenas indiquei esse treinador (Rafael Andrade), já havia indicado ano passado esse rapaz, quando eu tive problema de retina, tive que fazer duas cirurgias, pra dar continuidade ao trabalho. Eu entendo que é uma pessoa que tá atualizada e que tem condições de fazer com que o União suba à primeira divisão”, acrescentou o ex-treinador.

Ivair Cenci é pastor da Igreja Ministério Luz do Mundo, de Francisco Beltrão, que mantém o Instituto Jéferson Bizotto para atender crianças em projetos sociais. “Quero deixar bem claro ao torcedor que eu estou ausente do futebol por alguns anos, não sei se ainda volto, vou me dedicar ao instituto, vamos atender mais 200 crianças, já vai pra quase 600, dando todo o material, sem custo nenhum, pra nós estarmos formando cidadãos e abençoando famílias. Esse é o principal objetivo da Luz do Mundo.”

Depois de 25 anos à beira do gramado, Ivair deverá acompanhar mesmo só de longe: “É uma certeza que eu tenho, não posso ir no campo. Se eu for, já vou querer fazer parte. Tenho meus outros compromissos, preciso cuidar da minha saúde, eu sei o que passei na UTI. Tenho o instituto, tem os meninos lá que preciso me dedicar, vou dar um tempo do futebol” disse.

 

Queda em Prudentópolis
O União chegou à última rodada da primeira divisão dependendo apenas de si mesmo para não cair. Era necessário superar o Prudentópolis, fora de casa, e Ivair revelou um acordo que havia feito com o presidente do clube ainda no início da temporada. “Eu tive uma decepção, eu achei que isso nunca iria acontecer na minha vida, que foi a queda do União no ano passado. E eu assumo total responsabilidade, eu sei que as cinco partidas em que eu fiquei fora do banco de reserva, entre expulsões e problemas de saúde, foram decisivas. E naquele jogo, eu havia combinado com o presidente do Prudentópolis já em janeiro — é meu amigo, eu subi aquele time quatro vezes, tenho três títulos lá —, se eu fosse pra lá com o União fora da competição, eu iria com o time reserva, se ele estivesse fora da competição, ele colocaria o time reserva. E ele colocou oito que não estavam jogando. E nós fomos daqui desgastados do jogo de domingo, contra o Toledo, que ganhamos de quatro a um. Chegamos lá, fizemos um a zero e a coisa começou a se inverter, eles empataram, viraram pra três a um. Mas o que me chamou atenção foi a correria que eles aprontaram, e eu vi que aquilo não estava certo.”

Segundo Ivair, houve “mala branca” do Cascavel, que também brigava para não cair. “Ao término do jogo, ainda não havia caído a ficha, eu estava expulso, conversei com o supervisor e alguns da comissão técnica. O Cascavel jogava com o Coritiba naquela noite e enviou R$ 15 mil pro Prudentópolis e eles estavam contando dinheiro dentro do vestiário. Deu 350 pila pra cada um. Aí eu disse pra alguns daqueles jogadores ‘enquanto eu estiver no futebol, vocês não jogam comigo, por causa de 350 reais vocês nos derrubaram’. Havia possibilidade de o União mandar dinheiro pro Prudentópolis, mas de mim não iria partir isso nunca. Eu prefiro cair mil vezes do que subornar alguém. O único acordo que eu tinha com o presidente lá era colocar em campo alguns reservas. Mas esse dinheiro do Cascavel motivou. Então foi isso que aconteceu.”

 

Por que tantas expulsões?
Mesmo com tantos anos de experiência, Ivair reconheceu que a adrenalina continua a mexer com os nervos. “Às vezes, tem 1.200 pessoas (na arquibancada) e não é 10% da adrenalina que é um jogo, por isso o futebol é um vício, é que nem política, e por mais velho que eu esteja, ainda tem essa adrenalina, é uma coisa indescritível. Por isso muitos não conseguem ficar fora da bola e, quando ficam, caem em depressão. E quando você vê alguma coisa errada, não consegue fazer com que aquilo seja corrigido, muitas vezes vê o erro do árbitro — eu defendo que árbitro teria que ser ex-atleta, só a teoria não é suficiente. Eles não entendem, muitas vezes, o cara deixa a perna e eles dão pênalti, não é, é lance normal, mas só sabe quem jogou.”

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