Laticínio foi construído, mas precisa de adequações.

Os laticínios de médio e grande porte estão deixando de captar leite nas pequenas propriedades rurais. Médios e grandes produtores de leite estão partindo para a produção em grande escala, com a adoção dos sistemas free stal ou compost barn. Só que tem um detalhe: a maioria das propriedades da região Sudoeste do Paraná que se dedicam à pecuária leiteira são minifúndios. Pelo menos 26 mil produtores se dedicam à pecuária leiteira na região.
Ao contrário das regiões Oeste de Santa Catarina e Oeste do Paraná onde funcionam grandes cooperativas agropecuárias (Aurora, Frimesa e Coopavel), no Sudoeste a atuação do ramo cooperativista nesta atividade é pequena. A atuação das cooperativas serve de baliza com as indústrias concorrentes e resulta numa melhor renda para os cooperados.
Por isso, os sistemas de cooperativas de produção e comercialização da agricultura familiar (Sisclaf e Coopafi Central), com atuação no Sudoeste do PR, começaram a discutir a união de forças para colocar em funcionamento uma agroindústria de derivados do leite em Itapejara D’Oeste. José Carlos Farias, presidente da Coopafi Central, comenta que se não houver a interferência dos dois sistemas na produção de leite, “amanhã vamos ter só grande produtor”.
O Sistema de Cooperativas do Leite da Agricultura do Sudoeste do Paraná (Sisclaf) chegou a integrar 22 cooperativas singulares. Mas por problemas de gestão, de falta de capitalização, de dívidas e de estratégia de atuação, ocorreu o fechamento de várias cooperativas do leite (clafs). Centenas de pequenos produtores deixaram de entregar leite para as clafs e desistiram de ser sócios. O Sisclaf e cerca de cinco cooperativas continuaram ativos, mas tendo pouco poder no mercado regional diante dos laticínios.
Segunda-feira, 15, estiveram reunidos em Itapejara D’Oeste os presidentes dos dois sistemas, Valmir Priamo (Sisclaf) e José Carlos Farias (Coopafi Central), e representantes de cooperativas destes sistemas para discutir como colocar em funcionamento a agroindústria e um modelo de negócio que integre como sócios o Sisclaf e a Coopafi Central.
Há um pré-orçamento que aponta a necessidade de investimento de R$ 400 mil na adequação da planta industrial existente em Itapejara. A central de resfriamento de leite do Sisclaf está alugada para o Laticínio Piracanjuba. José Carlos Farias diz que a ideia é que cada um dos sistemas cooperativistas entre com 50% dos custos para a adequação da planta industrial.
Ficou definido que uma equipe de gestores que fará o estudo em três etapas: primeiro apontará as necessidades de adequações da planta, segundo a organização da proposta para receber o leite e fabricar subprodutos – leite e iogurte –, e terceiro a viabilidade econômico-financeira da unidade. Também haverá a negociação com a Prefeitura de Itapejara D’Oeste já que o imóvel se encontra em local de patrimônio público.
O Sisclaf e o Coopafi Central passariam a ser parceiros neste empreendimento, juntamente com as cooperativas singulares dos dois sistemas. A intenção é fornecer produtos para os programas institucionais dos governos e para o mercado. Farias diz que a ideia de que a unidade industrial comece pequena, cresça gradativamente e ganhe mercado ao longo dos anos.