Ela cria quatro aves em sua casa, em Marmeleiro, mas a Nanica é a preferida para os passeios e brincadeiras.

A garotinha Letícia Cristiane Gomes, de 10 anos, por onde passa chama a atenção. E não por menos. Enquanto a maioria das pessoas tem cães, pássaros, gatos ou peixes como animais de estimação, Letícia tem uma criação de galizés em sua casa, localizada próximo ao centro da cidade. Sempre que pode, ela sai com um deles para passear.
O amor por aves começou depois que um tio lhe deu um casal de galizés. Na época, ela estava triste, porque a família tinha deixado a cidade natal para vir morar em Marmeleiro. Na cidade onde a família morava, eles já tinham alguns animais de estimação.
Em Marmeleiro, no local onde moram, há quatro cães – Nega, Pintado, Tigre e Bob. Depois que ganhou as aves, Letícia ficou mais animada e nas suas caminhadas pela cidade passou a levar a Nanica, galizé com a qual tinha mais “afinidade”.
Fim trágico
Mas a garotinha nem imaginava que o casal de galizés poderia ter um fim trágico – foram mortos por seus cachorros. No entanto, isso acabou acontecendo. Jack, o macho, foi morto pelo Tigre, e a fêmea Nanica foi morta pelo Bob.
A menina saía pela cidade com a Nanica carregada numa lancheira e chamava a atenção das pessoas. Os galizés ganharam roupas, chapéus e adereços. Duraram cerca de 18 meses. “Ela inventa cada coisa, ela dava banho [na galizé]”, conta mãe, dona Simone, ao falar sobre a Nanica. A convite de professores, Letícia esteve até em escolas para contar sobre a sua relação com a Nanica e como a domesticou.
Após as mortes dos galizés, a menina ganhou novos companheiros, o Spiker e a Nanica – recebeu o mesmo nome da primeira, que morreu. Além destes, ela tem mais dois, que ficam no galinheiro, porque são bravos. O Spiker também é bravo e não sai com Letícia. Mas a Nanica, por ser dócil, eventualmente, é levada pela dona para os passeios.
Amor de mãe
Apesar do pouco tempo que a reportagem passou pela casa de Letícia, foi possível perceber o amor e a atenção que ela dispensa para os seus galizés. Parece o amor de mãe. A menina desenvolveu uma técnica própria para amansar suas aves, através da conversa com eles. A Nanica tem algo a mais que as aves da sua espécie, porque nasceu com dois dedos a mais.
Dona Silvana conta que a família concordou em acolher os galizés. A primeira Nanica era muito mansinha. Letícia conta que se deixasse a galizé solta, ela vinha sempre em sua direção. Todos os sábados, a garotinha dava banho na Nanica. Pegava um balde, xampu e lavava a ave. No balde, Nanica aproveitava para nadar e se divertir. E a mãe complementa: “Ela sujava todas as toalhas de banho ou de rosto [para secá-la].”
A segunda Nanica, que Letícia ganhou há pouco tempo, ainda não tinha ganhado banho até o dia desta reportagem – dia 21 de setembro. Os novos galizés foram doados por um senhor de Marmeleiro, que ficou sabendo que Letícia havia perdido seu casal de galizés. Comovido com a história da menina, o homem presenteou a menina com aves já adultas.
Já tinha animais de estimação
Dona Simone acha interessante este gosto da filha por aves. “Geralmente, as pessoas gostam de gato, cachorro, passarinho”, ressalta. Na cidade onde a família morava anteriormente, eram criados tartarugas, papagaio e cachorro.
Letícia não tem medo de se relacionar com os animais. “Eu nunca vi isso”, conta dona Simone, ao falar da coragem da filha para encarar os bichos. Às vezes, Letícia pega grilos verdes e besouros que aparecem na casa e os leva para fora. Em relação aos outros dois galizés, criados no galinheiro – Veloz e Jack –, ninguém pode chegar perto, somente Letícia, porque eles bicam as pessoas.