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Francisco Beltrão
terça-feira, 27 de maio de 2025

Edição 8.213

28/05/2025

Italina Zancan Scotti, a primeira professora de Francisco Beltrão

Beltrão

Setenta e um ano depois da primeira aula no futuro município – 3 de abril de 1948 -, Francisco Beltrão tem o privilégio de contar com sua primeira professora ainda viva. Italina Zancan Scotti reside no Bairro Seminário.

Sua casa já foi daquelas de muita gente. Do casamento com Armando Scotti, nasceram 12 filhos. Viúva há 19 anos, ela vive quase sozinha. O tumulto maior é quando chegam os filhos (tem 11 vivos) com seus 29 netos e 15 bisnetos, no Natal, na Páscoa ou em datas especiais como o próximo 30 de dezembro, que irá marcar seu 93º aniversário.

A filha Shirley conta que sua mãe não se arrumou apenas para receber a reportagem do Jornal de Beltrão; ela continua sempre bem arrumada e vaidosa, toma banho todos os dias, está sempre limpa e bem vestida, usa o relógio de pulso, a aliança do casamento e um anel, passa esmalte nas unhas e batom nos lábios. O que ela nunca quis fazer foi pintar o cabelo, que também é uma raridade para sua idade, não só por estar bem penteado, mas porque ainda não é todo branco, mantém mechas escuras. A pele também é uma riqueza.

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– Olhe a testa dela, não tem uma ruga! – diz a filha, chamando a atenção do repórter que lhe faz muitas fotos, sozinha e acompanhada da filha, uma vizinha e o casal que reside na mesma casa e cuida dela (Terezinha Moisés e Adão Rodrigues da Silva).

– Dona Terezinha, que está com a professora Italina há três anos, completa: “Ela dorme bem a noite inteira, come bem, só que tem que ser tudo pastoso e líquido, mas é gratificante cuidar dela”.
– O único problema é o alzheimer, e já faz dez anos que começou – emenda a filha Shirley.

Devido à doença, Italina não reconhece muita gente, conforme o dia e horário nem mesmo os filhos. Tem momentos de lucidez, mas quando fala é frases curtas e do cotidiano. Gosta de segurar um boneco que as filhas lhe deram; às vezes diz que é seu neto, às vezes que é uma das filhas gêmeas que criou e pergunta onde está a outra.

Além da marca de primeira professora de Francisco Beltrão, dona Italina tem ainda muitas histórias. Uma delas é dos primeiros meses como professora, em 1948. Ela residia com os pais, Maximino e Angelina Strapasson Zancan, no atual Bairro Vila Nova. Para chegar à escola, na Cango, tinha que seguir por uma estrada que hoje cortaria as ruas Londrina e Maringá até chegar na Avenida Júlio Assis Cavalheiro, a então “Estratégica”. Certa vez, um dos irmãos mais novos, que era seu aluno, disse que havia aprendido um caminho mais curto, que seguiria direto da Vila Nova para a Cango, passando mais ou menos onde hoje está o Ítalo Supermercados. Não deu certo, professora e alunos se perderam no mato, onde hoje é tudo cidade e naquele tempo era tudo mato.

Quando Italina casou com Armando Scotti (13-6-1924 a 9-2-2000), foi morar numa casa da Cango (ela dava aula na sala da própria casa), onde nasceram seus três primeiros filhos – Edgar, Osmar e Shirley. Depois o marido comprou um sítio no atual Jardim Seminário, onde nasceram os outros nove filhos – Sirlene, Marlene e Marli (gêmeas), Altair, Adir, Rosinei e Rosane (gêmeos), Elaine e Edson – e onde ela reside até hoje.

 

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