A vaga veio após o triunfo sobre o Vitória, sábado, fora de casa.

O último jogo, na última rodada da Série B 2019: o Coritiba levou ao limite a expectativa do torcedor antes de confirmar o acesso à Série A do Campeonato Brasileiro 2020. A vaga só veio sábado, 30, após vencer o Vitória por 2 a 1, de virada, fora de casa.
O time baiano saiu na frente com Anselmo Ramon, já nos acréscimos do primeiro tempo. Na volta do intervalo, Jorginho, que já havia tirado Giovanni, por ter um cartão amarelo, e colocado Matheus Sales, fez mais uma substituição que mudaria a história do jogo — Igor Jesus sentiu e Wanderley entrou em seu lugar.
O empate veio aos 15 do segundo tempo, quando Robson cruzou e Wanderley se esticou todo para mandar para as redes. Esse resultado já garantia o acesso, mas, aos 31 minutos, Wanderley recebeu de Juan Alano e bateu rasteiro, virando o jogo no Barradão. No apito final, o Coritiba confirmou o seu retorno à Série A com uma vitória por 2 a 1.
Força da torcida
Em Francisco Beltrão, torcedores e membros do consulado do Coritiba se encontraram no Pátio Barley para ver o jogo. A tensão estava alta antes do início da partida, mas, depois do resultado positivo, eles exaltaram o papel da torcida, de longe e de perto, na campanha do acesso.
“Os jogos foram muito equilibrados, marcados por algumas lesões e, em certo momento, houve até quem não acreditasse no sonhado acesso. No entanto, a torcida jogou junto durante todo o campeonato, cobrando bastante, é verdade, mas também apoiando. A diretoria disponibilizou ingressos mais acessíveis, o que resultou na maior média de público da Série B, sendo a lotação do Estádio Major Antônio Couto Pereira fundamental para o retorno merecido à elite do futebol brasileiro”, disse Ricardo Rizzardi.
“O Coxa jogou bem sábado. Levou um gol, mas reagiu e virou o placar. No entanto, em toda a competição, o time paranaense não convenceu. O destaque foi a torcida, que lotou o Couto Pereira em várias partidas. Inclusive, o Coritiba ficou em terceiro lugar em público no Brasil, atrás apenas de Flamengo e Corinthians”, acrescentou Neldo Claus.
Ricardo Serena aponta como diferenciais a torcida e a chegada do técnico Jorginho: “Foi um ano de muita oscilação. O que realmente importava era o acesso à Série A. O nível técnico do time era limitado e teve duas ou três mudanças de técnico. Em alguns momentos do ano não acreditava no acesso, mas, com a chegada do Jorginho, o aproveitamento melhorou e deu certo. O que fez a diferença foi o mando de campo e a torcida. Foi a melhor média de público da história do Coritiba em um ano, cerca de 29.000 torcedores por jogo. O Coritiba foi um dos melhores mandantes este ano. A sensação foi de alívio, porque mais um ano na Série B seria desastroso para as finanças e para o futuro do Coritiba”.
E teve até torcedor de outro clube se juntando à nação coxa-branca. Jorge Tancon conta que nasceu são-paulino, mas aprendeu a gostar do Coritiba para valorizar o Paraná. “Nasci são-paulino, mas, de uns tempos pra cá, vi que a gente acaba cometendo uma grande injustiça, pois, nascendo paranaense, crescendo paranaense, não conseguimos valorizar o que o nosso Estado tem de melhor. Nós vivemos num Estado rico, forte de grande tradição, e nos falta ser um pouco bairrista. Então, me infiltrei na torcida do Coxa pra valorizar o que é nosso. A gente até comentou que existem vários torcedores do Coxa em Francisco Beltrão, mas eles não se conhecem, justamente porque não existe essa valorização. Aprendi a gostar do Coritiba e foram dois anos muito sofridos, mas a gente criou uma identidade muito forte, com vários amigos, e isso está fortalecendo um núcleo aqui na região”, afirmou.
*Com informações da assessoria.

O que esperar do Coritiba em 2020?
Com a vaga garantida na Série A, a expectativa agora se volta ao planejamento do clube para a próxima temporada. “Um bom planejamento será essencial, pois uma equipe bem-sucedida começa desde a escolha do treinador até o bom aproveitamento dos jogadores das categorias de base”, analisou Ricardo Rizzardi.
“O time deste ano é fraco. Poucos jogadores mostraram qualidade para enfrentar times mais qualificados. Além disso, não tem dinheiro em caixa. Vai contar com o dinheiro da TV. Terá que pegar dinheiro antecipado. Se Jorginho continuar como treinador, será possível fazer uma boa equipe competitiva. A torcida provou, mais uma vez, que não abandona o time”, complementou Neldo Claus.
Para Aryzone Mendes de Araújo Filho, as dificuldades enfrentadas pelo clube em 2019 são reflexo de erros de anos anteriores: “As dificuldades do Coritiba são consequências dos últimos quatro, cinco anos. O clube vendeu jogadores importantes e não substituiu a contento. Terminou 2017 sendo rebaixado. Em 2018 piorou ainda mais e continuou na Série B. 2019 com orçamento ruim e time desentrosado, sem padrão de jogo. Desperdiçou pontos valiosos ao longo do campeonato. Vai precisar muito empenho da diretoria em conseguir bons patrocínios para montar um time competitivo.
Quanto à torcida, minha palavra é perseverança”.

no jogo em comemoração aos 110 anos do Coritiba. Arquivo pessoal
Já Arion Cavalheiro Jr. lembrou a grandeza do Coritiba: “O clube que faz parte dos 20 maiores do Brasil não poderia ficar na segunda divisão. O nervosismo entre os dirigentes, a cobrança da torcida sobre os jogadores tava muito alto, por isso essa oscilação grande no campeonato. Mas provou ser não um time grande, porque o time é feito de jogadores, mas um clube grande, que é feito de história, de torcida, de patrimônio, de diretoria, enfim. E provou, com essa campanha, ser um clube que merece estar na Série A e agora tem que fortalecer, trocar muita coisa. Esse time foi montado com salários reduzidos, porque os patrocínios também são mais contidos, mas espero que em 2020 a coisa fortaleça e a gente volte a conquistar grandes resultados”.

a última rodada da Série B e, depois, comemorar o acesso do Coxa à Série A.