Os corpos que chegarem depois das 14h só serão necropsiados no dia seguinte.

Uma determinação da Polícia Científica do Paraná mudou os horários de atendimento do Instituto Médico Legal (IML). A alteração terá impacto direto no tempo de liberação dos corpos para os familiares. Antes os exames necroscópicos, na Unidade de Francisco Beltrão, eram feitos até meia-noite. Agora, as necrópsias só podem ser feitas das 8h às 20h. Contudo, como a legislação brasileira determina que a autópsia só pode ser feita pelo menos seis horas depois do óbito, os corpos que chegarem depois das 14h só serão necropsiados no dia seguinte. A nova norma passou a vigorar no dia 27 de janeiro deste ano.
Como era feito até então
Havia uma normativa para que as necrópsias fossem feitas até as 22h. Mas segundo o médico Irno Azzolini, diretor do IML de Francisco Beltrão, por uma iniciativa da equipe local, os exames estavam sendo feitos até meia-noite para agilizar a liberação dos cadáveres e atender com mais celeridade as demandas legais e os familiares. Era uma iniciativa dos profissionais sem onerar o Estado.
Defasagem de equipe
A Policia Científica ( IML e Criminalística ) tem uma defasagem aproximada de 70% no quadro de funcionários. Em Francisco Beltrão, a equipe é composta por cinco médicos, dois auxiliares de necrópsia, um motorista, dois auxiliares administrativos e um auxiliar de limpeza. O ideal é que tivessem pelo menos mais três motoristas e dois auxiliares de necrópsia. Nos últimos concursos, muitas pessoas nomeadas desistiram da função ou pediram transferência para outras localidades. “Com cinco médicos conseguimos atender a demanda, pois no passado éramos apenas em dois. Além disso, a escala é organizada de tal forma que o médico não precise ficar o tempo todo aqui dentro sem, no entanto, deixar de prestar o atendimento aqui no IML”, comenta dr. Irno.
Estrutura precária
O prédio do IML de Francisco Beltrão abrigava no passado a antiga sede do Detran. Foi adaptado para o serviço ser prestado, mas deixa a desejar em muitos quesitos. As salas não estão equipadas com ar condicionado e não há alojamento para os funcionários que precisam tirar plantão. “Há servidores que vêm de outras localidades para cá fazer plantão e precisam passar a noite. Dormem no chão ali no consultório”, relata o diretor do IML.
Trabalho de grande responsabilidade
O IML de Francisco Beltrão faz uma média de 2.500 perícias por ano. Só em janeiro foram necropsiados 26 corpos, quase um por dia. “O trabalho do IML é de grande responsabilidade, um laudo feito aqui pode tirar ou colocar uma pessoa na cadeia. Por isso, deveria merecer a atenção devida por parte do Governo.”