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Francisco Beltrão
domingo, 08 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

Coronavírus: de todas as crises que o mundo enfrentou, nunca houve uma tão rápida

Em 1929 (a grande recessão americana) demorou 35 dias para bolsa de Nova York cair 20%; em 2008, o mercado demorou 4 meses para as bolsas caírem 20%, dessa vez foram 16 dias.

O coronavírus deve provocar uma recessão mundial. Isso é certo. O que não sabe é o tamanho do estrago e nem quanto tempo deve durar. Conforme dados da Organização Internacional do Trabalho, a previsão é de que a pandemia deixe 25 milhões de pessoas sem emprego e aprofunde a pobreza no mundo, com uma perda de renda para os trabalhadores de US$ 3,4 trilhões em 2020.

Segundo o professor Claudemir José de Souza, analista de valores mobiliários, de todas as crises que o mundo já passou, nunca houve uma tão rápida quanto essa. “Quando a gente olha o cenário mundial, o que que se vê, primeiro uma cautela generalizada, isso a gente acompanhada pelos mercados financeiros. Os investidores tirando dinheiro dos países emergentes, entre eles o Brasil, e levando para países mais seguros na visão deles, como os EUA, por que os EUA nunca deixaram de honrar o pagamento de sua dívida.”

Claudemir frisou que em 1929 (a grande recessão americana) demorou 35 dias para bolsa de Nova York cair 20%; em 2008, o mercado demorou 4 meses para as bolsas caírem 20%, dessa vez foram 16 dias. “Da pra ver a velocidade, outro agravante que a gente enfrenta é com as redes sociais. Então, a disseminação de pânico está sendo incrível e preocupante, porque algo que a gente podia resolver de forma mais amena, mais tranquila, está gerando um pânico generalizado.”

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Primeiro problema
De acordo com ele, pela primeira vez o mundo tem uma crise gerada por três problemas, um mais complicado do que o outro. “O primeiro dos problemas é o próprio coronavírus, que pegou de surpresa; no primeiro momento os mercados acreditaram que era algo da China, que não iria se espalhar tão rapidamente, ia se resolver até o carnaval, não foi isso que aconteceu e a gente assistiu, estamos assistindo ainda o coronavírus assolando a Europa e agora vindo para o Brasil.”

Ele cita um exemplo doméstico como a suspensão das aulas. “Quantos ônibus deixam de vir para Beltrão, é menos alunos vindo para a cidade, menos consumo para as lanchonetes, diminui o supermercado e eu tô falando só aqui da região, e o efeito cascata disso, as escolas estaduais parando, na sequência as escolas municipais, olha o impacto desse acontecimento na economia regional.”

Segundo problema
O segundo grande problema, na visão dele, é o embate comercial entre a Rússia e a Arábia Saudita, tendo como moeda o petróleo. “O petróleo movimenta o mundo, quando dois países entram em disputa jogando o preço do petróleo mais pra baixo, a gente tem um problema sério, porque já tem um problema de demanda, menos compra de barris de petróleo e a gente olha para o preço do petróleo, dá para a gente ter uma noção do quanto já caiu. Ele abriu o ano cotado a 68 dólares e está sendo negociado na faixa de 30 dólares, ou seja, caiu 50%.”

Professor doutor Claudemir José de Souza.

 

Terceiro problema
Para Claudemir, o terceiro grande problema é a questão da falta de liderança mundial.

“Dessa vez a gente não tem um líder forte, robusto, conduzindo esse problema que o mundo está enfrentando nesse momento. Temos um presidente americano que vai anunciar as medidas para acalmar os mercados e joga gasolina no fogo. Quando ele fala em proibir a entrada de aviões com passageiros vindo de países da Europa, olha o problema que ele causou com essa fala. E a gente está vendo os lideres simplesmente olhando para o próprio umbigo, protegendo só seu território sem pensar no todo, não é diferente aqui no Brasil, infelizmente, não é o que eu gostaria de estar falando, mas o que que a gente está assistindo é um presidente que pode estar contaminado e, mesmo se não estiver contaminado com o coronavírus, em função da viagem que fez aos EUA [e que vários membros da comitiva estão contaminados], em vez de se resguardar e cumprir o período de isolamento, para se proteger e proteger os demais, vai fazer live de manifestação contra o Congresso, contra o STF, então foge completamente da realidade.”

Contudo, Claudemir acredita que do jeito que a crise veio rápida, de forma abrupta, ela também pode se dissipar rapidamente. “Em alguns meses o mundo pode voltar à normalidade, pelo menos é como eu vejo e espero.”

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