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Francisco Beltrão
segunda-feira, 09 de junho de 2025

Edição 8.221

07/06/2025

“Não há como dimensionar os reais impactos econômicos“

Negócios

Economista José Maria Ramos.

A pandemia do coronavírus não trará apenas danos à saúde da população mundial. É esperada uma das maiores recessões em virtude da drástica redução da atividade econômica. O Jornal de Beltrão entrou em contato com o economista e professor da Unioeste José Maria Ramos, para fazer uma análise do cenário.

Segundo ele, a economia brasileira, que há seis anos patina no baixo crescimento econômico e, com elevado nível de desemprego e muita informalidade no mercado de trabalho, encontrará dificuldades para retomada do crescimento. “Isso implica a necessidade de mudança de postura tanto do governo como da equipe econômica, como sempre, mas especialmente em momentos de crise o Estado cumpre papel essencial de coordenação das atividades econômicas.”

Veja alguns tópicos de sua entrevista:
• A economia mundial vive seguramente um dos momentos mais críticos do século 21, que pode provocar significativos prejuízos, em razão da pandemia de coronavírus. A rápida expansão da doença pelo mundo todo fez com que governos tomassem medidas de controle sanitários que provocarão uma redução da atividade econômica, afetando os diversos setores da economia, desde as atividades industriais à prestação de serviços.

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• Na conjuntura atual, a crise não está apenas no contexto da globalização produtiva ou financeira, mas também da rápida propagação do coronavírus, que para evitar sua propagação e contaminação é recomendado a não circulação de pessoas. Portanto, é uma medida que provocará, necessariamente, um impacto negativo sobre o crescimento econômico da economia mundial.

• O Brasil que já enfrentava um ritmo de crescimento econômico abaixo de sua capacidade produtiva e que ainda não havia se recuperado da crise de 2014 – acentuada em 2015 e 2016 –, apresentou um crescimento econômico, em 2019, que não correspondeu às expectativas, apesar das reformas aprovadas pelo Congresso Nacional. Com o atual cenário de crise na economia mundial, no Brasil não será diferente.

• A pandemia de coronavírus afeta a economia brasileira não só pelo comportamento dos preços das commodities de exportação ou da desvalorização da moeda brasileira, que encarece os preços de bens importados ou que na sua composição tenham insumos importados, mas também pelas medidas necessárias de isolamento, que afetam o trabalho e a produção. Não há como dimensionar os reais impactos econômicos, pois estamos em meio a essa crise e as medidas para melhorar o ritmo da economia ainda estão sendo avaliadas, ou seja, ainda não há qualquer efeito prático.

• Além do coronavírus, a bolsa de valores despencou, primeiro puxado pela forte queda do preço do petróleo no mercado internacional, desvalorizando papeis das petroleiras. Com o avanço do novo coronavírus e os cancelamentos de viagens internacionais e nacionais, as companhias aéreas já sinalizam prejuízos e, junto com esse cenário, as atividades de turismo serão fortemente afetadas. Esse cenário de crise começa a se espalhar para outras atividades.

• Apesar dos efeitos dramáticos da Covid-19, o sistema financeiro internacional está menos vulnerável, comparativamente à crise de 2008. Entretanto, o menor crescimento econômico pode provocar novas inadimplências tanto das famílias quanto das empresas, de forma a impactar o sistema financeiro. Nesse sentido, medidas de alongamento dos prazos das dívidas podem contribuir para diminuir os efeitos de compressão da atividade econômica, inclusive em relação ao pagamento de imposto seja de pessoa física ou jurídica. Isto é, permitir que haja um maior fluxo de dinheiro na economia para estimular o consumo.

• Nos momentos de crise, há um aprofundamento da pobreza. No mercado de trabalho, os impactos de reduções de salários bem como o desemprego também contribuem para aumentar a pobreza.

• Nesse momento é necessário pensar no conjunto da economia, principalmente como manter a capacidade de demanda da sociedade e na sequência ampliar essa demanda, que necessariamente passa pela geração de emprego e renda, com a presença do Estado, principalmente em investimentos de infraestrutura.

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