Empresários esperam pacote de incentivos maior para superar crise.
Independentemente de qualquer medida que se tome daqui para a frente sobre o enfrentamento do coronavírus, a percepção da classe empresarial é de que um grande estrago na economia já está feito. Na avaliação da Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Econômico (OCDE, o clube dos países ricos), o mundo vai levar anos para se recuperar do impacto da pandemia do novo coronavírus. O cenário já é considerado pior do que a crise de 2001 (atentados de 11 de setembro) ou de 2008 (crise financeira).
O empresário Ladi Dal Bem, que possui indústria de confecção e loja em Francisco Beltrão, salienta que o movimento no comércio já vinha em baixa há uma semana, em virtude da Expobel. “Bem ou mal, o pessoal concentrou seus gastos no parque durante a feira, então já foi uma semana ruim pra nós. Agora, com mais uma semana tudo parado e esse clima de imprevisibilidade, não sabemos o que será da maioria das empresas.”
Economia será
retomada aos poucos
Na opinião dele, mesmo que tudo volte a funcionar na próxima semana, as pessoas ainda estariam receosas em gastar seu dinheiro, ou seja, a economia demoraria mais um tempo até voltar nos eixos. “O que os empresários esperam é um pacote de medidas com linhas de crédito e flexibilidade para negociação entre patrão e empregado. Por que, às vezes, a empresa investiu em capacitação do funcionário e não gostaria de demiti-lo, mas se as leis trabalhistas forem duras, não haverá outra alternativa frente à queda de receita.”
Medidas anunciadas ajudam, mas é preciso mais
O empresário Vilmar Bottin, presidente do Sindilojas, disse que algumas medidas do Governo Federal com relação à flexibilização da CLT (Consolidação das Leis do Trabalho) já foram tomadas, contudo, ainda insuficientes. “Agora esperamos medidas dos governos estadual e municipal. Principalmente em relação ao ICMS, por parte do Governo do Estado, e do ISS, em relação ao governo municipal para as empresas prestadoras de serviço.”
Na visão dele, esses dias em que o País está parado serão impactantes na economia. “As medidas são necessárias para preservar os empregos e a saúde das empresas. Observamos que muitos políticos querem se aproveitar do momento fazendo críticas. Este não é o momento. Ninguém quer errar. O governo federal, pelo que observamos, quer ser o mais assertivo possível.” Outra demanda são linhas de crédito para capital de giro.
Bom senso entre patrão e empregado
Na opinião de Vilmar Bottin, o desemprego será maior ou menor a depender dos dias em que as empresas estarão fechadas. “Vai depender de como a situação se desenrolar. Se forem poucos dias não acredito que teremos muitas demissões, mas se prolongar, com certeza.” Bottin acredita que esta medida das férias, não precisando pagar adicional, permitindo pagar mais adiante, pois não haveria desembolso no momento, fortalece o caixa das empresas para honrar seus compromissos. “Terá que haver bom senso entre empregador e empregado para negociar.”
Apenas o início do processo
O presidente da Cacispar (Coordenadoria das Associações Comerciais e Empresariais do Sudoeste do Paraná), Carlos Manfroi, entende que as medidas são necessárias, mas são apenas o início do processo. “São importantes, temos que nos preocupar e tomar todas as ações para cuidar da saúde da população. Mas também precisamos estar atentos para que a economia não sofra um colapso, o que geraria muitos outros problemas sociais”, observa Manfroi.
Insegurança para atividades comerciais
O presidente do Sindicomércio (Sindicato Patronal do Comércio Varejista de Pato Branco), Ulisses Piva, avalia positivamente as medidas tomadas até aqui, tanto pelos governos federal e estadual, quando pela Administração Municipal. “O Poder Público está fazendo o que é possível para conter a pandemia do coronavírus. Até a sanitização de pontos de maior circulação, como bancos, supermercados, farmácias e posto de combustível, está ocorrendo na cidade. Mas, a maior preocupação, especificamente no nosso segmento, é com as empresas e os colaboradores. O vírus trouxe insegurança e muitas atividades comerciais foram interrompidas”. (*Com assessoria de imprensa Cacispar e Sindicomércio PB)