Trabalho faz parte do projeto “Nós Propomos!”, da Unioeste; seguem os encontros virtuais.

No final do ano passado, os estudantes apresentaram suas propostas de melhorias da escola para a direção, junto com a equipe pedagógica e a equipe do “Nós Propomos!”.
Foto: Elucinéia Bizz França Pedrussi
O que se passa na comunidade não é responsabilidade só dos políticos. Este é um dos preceitos do projeto “Nós Propomos!”, lançado no Paraná em 2017, numa parceria entre o Instituto de Geografia e Ordenamento do Território da Universidade de Lisboa (Igot/UL) e a Unioeste, campus de Francisco Beltrão. O “Nós Propomos!” foi idealizado pelo professor Sérgio Claudino, de Portugal, e implantado na Unioeste por meio da professora Mafalda Nesi Francischett. As atividades são desenvolvidas pelo grupo de pesquisa Representações, Espaços, Tempos e Linguagens em Experiências Educativas (RETLEE).
O projeto foi desenvolvido nos municípios de Pato Branco e Itapejara D’Oeste, em 2017. No ano passado, começou a ser implantado no Colégio Estadual Arnaldo Busato, em Verê, sendo o terceiro do Paraná e o primeiro do Núcleo Regional de Educação de Francisco Beltrão (NRE/FB). Este trabalho faz parte da pesquisa de mestrado em Geografia, de Ana Caroline Tazinasso, e tem como objetivo analisar o sentido e o significado de estudar Geografia na formação cidadã dos estudantes do Ensino Fundamental.
Participam três turmas de 7º ano, totalizando 77 participantes, que hoje estão no 8º ano. Diante de uma sugestão da diretora Dotilde Mattei Carletto, os estudantes foram desafiados a encontrar problemas e possíveis soluções no Colégio em que estudam, analisando isso na disciplina de Geografia. Uma das maiores motivações é a cidadania.
Problemas e propostas
O projeto contribui para entusiasmar os estudantes, de modo que eles façam um trabalho útil para a comunidade onde vivem, a partir de três fases: identificação do problema, trabalho de campo e apresentação de propostas. No Colégio Arnaldo Busato, os alunos identificaram problemas na estrutura física, alimentação, esporte, uniforme, preços, segurança, bem-estar e educacional. “Esses problemas foram discutidos e apresentados à direção, a qual acatou as sugestões de melhorias”, informa Ana Caroline.
Ela acrescenta que, com a pandemia, as atividades práticas tiveram de ser cessadas, mas continuam os encontros semanais por meio do aplicativo Google Meet, o que possibilita manter o vínculo e a proximidade com os estudantes. “Ao mesmo tempo em que respeitamos o distanciamento social, mantemos nossas atividades ativas.”
Outro assunto levantado é a falta de celulares para os colegas que precisam acessar as aulas remotas e participar dos encontros do “Nós Propomos!”. Segundo Ana Caroline, foi sugerido fazer uma campanha de arrecadação de celulares ou cartões de memória, campanha que farão nos próximos dias, pois os alunos estão levantando o número de aparelhos necessários. Quando passar a pandemia, eles irão investigar os problemas na cidade, propondo possíveis soluções a partir do estudo do Plano Diretor Municipal.
“Até agora, tivemos o apoio da Prefeitura de Verê, Câmara de Vereadores e alguns departamentos como Educação, Urbanismo e Agricultura, que estão nos ajudando a resolver os problemas do Colégio.” Sua pesquisa de mestrado deve ser concluída até março de 2021, enquanto o projeto “Nós Propomos!” deve continuar sendo desenvolvido na instituição de ensino, possibilitando a experiência com outras turmas.
Medidas tomadas pela direção
De acordo com Ana Caroline, ao ouvir os apontamentos dos alunos, a direção disse que acataria as sugestões que estivessem ao seu alcance. O que, conforme prometido, foi efetivado no decorrer das férias. No início deste ano, a direção já havia iniciado a resolução de algumas questões. Em parceria com o Departamento do Urbanismo de Verê, as folhas da ala amarela que causavam mau cheiro foram removidas. O Departamento de Agricultura disponibilizou três sacos de adubos para a horta, o que auxiliou no crescimento das verduras, temperos e chás utilizados na alimentação dos estudantes.
As mesas e bancos de concreto que ficam no espaço aberto do Colégio foram consertados e os estudantes puderam usar a sua criatividade no embelezamento, com a colagem de pastilhas.