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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Desafios da estrada: Viagem ao Chile

Geral

Mano viaja com a esposa Tiziana para amenizar a dureza e solidão da viagem gelada pela montanha.

O caminhoneiro Marlon Gilvan Francisconi faz a longa viagem pelas terras geladas, uma vez por mês. Para amenizar a dureza do trajeto, que apesar das belas paisagens exige muito do motorista, “Mano Marlon” como é conhecido nas estradas pelos companheiros de jornada leva sua esposa Tiziana Cristina Francisconi como companheira de boleia. 

Existem alguns estacionamentos públicos que são gratuitos, eles possuem banheiros limpos e relativa segurança, um dos poucos pontos de apoio que os caminhoneiros tem no trajeto para o Chile.

Para os caminhoneiros que fazem viagens internacionais, o Chile é uma boa opção, com abundância de fretes e uma remuneração um pouco melhor que o mercado interno de fretes. Os desafios são enormes. Passam pelas baixas temperaturas enfrentadas e alguns motoristas relatam já terem visto amigos que perderam dedos dos pés por causa do congelamento, que provocaram problemas de circulação nos tornozelos. Outro problema enfrentado é a burocracia, os caminhoneiros têm que se sujeitar às exigências aduaneiras. “O maior desafio é mesmo a cordilheira, um trecho de aproximadamente 200 quilômetros que exige cuidado e profissionalismo para evitar acidentes que podem custar vidas”, lembra Mano. 

Cortando os Andes, as paisagens são dignas de cinema, tornando a viagem única.

Início da jornada
Mano começa a viagem em Pranchita, carrega sua câmara-fria com carne de gado e descarrega em Santiago, capital do Chile. Depois segue para o Sul do Chile, mil quilômetros adiante, onde carrega salmão e retorna para São Paulo. Da capital paulista carrega verduras e segue para o Norte do Brasil, Rondônia, Amazonas, onde novamente carrega carne de gado, retornando para o Chile. “Uma das dificuldades é fazer a comida, tem muito vento, e o gelo se torna um desafio. É tudo na estrada, o combustível congela, e dormir à noite só com o caminhão ligado para a gente não congelar também”. Mas fora os desafios, a viagem é um aprendizado a cada nova edição, as amizades se fortalecem porque na estrada todos se ajudam. “A amizade que fazemos faz toda a diferença, porque se o caminhoneiro não se ajudar tudo fica mais difícil.” 

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Na estrada, a solidariedade e união entre os caminhoneiros faz toda a diferença para enfrentar os desafios da Cordilheira.

Paredão na Costa da América do Sul
As montanhas conhecidas como Cordilheira dos Andes formam um paredão natural ao longo da costa ocidental da América do Sul. São oito mil quilômetros, a maior do mundo em extensão, com altitudes de até quatro mil metros em média, e 6.962 no Pico do Aconcágua, seu ponto culminante. A neve aumenta o custo de manutenção do caminhão, e a região tem baixa estrutura logística para atender os caminhoneiros na Cordilheira, com regiões desertas onde só há gelo e neve por centenas de quilômetros.

Na Cordilheira dos Andes, a estrada se estende deserta como um tapete gelado por centenas de quilômetros, sem estrutura de apoio logístico aos caminhoneiro.

Mano está acostumado ao trecho que, por causa das tempestades de neve, às vezes exige uma espera de mais de uma semana para seguir viagem. “A gente se vira, se une com os companheiros de estrada para fazer a comida, compartilha os alimentos da ‘caixa de cozinha’ e se ajuda para enfrentar o frio e os desafios da estrada e do tempo que não perdoa, castigando em alguns pontos da viagem com temperaturas abaixo de 20 graus negativos.” Mano lembra que é preciso ficar atento ao caminhão, utilizando anti-congelantes no combustível e na água do radiador. “Se a gente descuida um pouco o prejuízo pode ser grande, mas, apesar de tudo, é muito bom viajar para o Chile”, finalizou compartilhando a sua aventura mensal nas estradas da América do Sul.

O Passo Cristo Redentor e Los Caracoles é parte da travessia da Cordilheira dos Andes entre Mendoza (na Argentina); Los Andes (no Chile) é a principal ligação entre os dois países e constitui um dos mais lindos trechos de estrada da América do Sul. São cerca de 250 km de estrada serpenteando montanhas de várias cores, picos nevados, túneis, rios, lagos e despenhadeiros.

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