Os motivos foram a lentidão do programa de privatizações e o adiamento da reforma administrativa.
O ministro da Economia, Paulo Guedes, anunciou nesta semana que o secretário especial de Desestatização, Salim Mattar, e o secretário de Desburocratização, Gestão e Governo Digital, Paulo Uebel, pediram demissão.
Segundo Guedes, o motivo da demissão seria a insatisfação de Mattar com o ritmo das privatizações de estatais. “O que ele me disse é que é difícil privatizar”, disse. No caso de Uebel, o ministro disse que o secretário deixou o cargo pela falta de andamento da reforma administrativa.
“Hoje [terça] houve uma debandada”, lamentou Paulo Guedes. “O que ele [Mattar] me disse é que é muito difícil privatizar, que o establishment não deixa haver a privatização, que é muito difícil, muito emperrado, que tem que ter apoio mais definido, mas decisivo. O secretário Uebel, a mesma coisa. A reforma administrativa está parada, então ele reclama também que a reforma administrativa parou”, disse Guedes.
Para o prefeiturável de Francisco Beltrão Talles Vanderlinde (PSL), ligado ao bolsonarismo, “a economia está sendo bem gerida”, apesar das perdas dos dois nomes.
“Estamos com a inflação controlada e a taxa de juros são as menores da história. Após a pandemia tenho certeza que o Brasil vai voltar a crescer de 2,5% a 3,5%. Confio no trabalho do ministro Paulo Guedes. Tenho certeza que ele tem capacidade de remontar a sua equipe com nomes de ótima capacidade técnica”, completou Talles, otimista.
O secretário municipal Antonio Carlos Bonetti (Administração) lamenta as duas saídas. “Recompor a equipe é sempre um tempo desperdiçado; foi uma perda de técnicos importantes”, comentou, lembrando que a economia do Brasil está dando sinais de reação e a saída de ambos não foi boa.
Para o presidente Jair Bolsonaro, todos os que deixam o governo voluntariamente “vão para uma outra atividade muito melhor”. “Em todo o governo, pelo elevado nível de competência de seus quadros, é normal a saída de alguns para algo que melhor atenda suas justas ambições pessoais”, declarou.
Privatização
O ministro Paulo Guedes também disse que gostaria de privatizar quatro grandes empresas e citou a Eletrobras, PPSA [estatal de partilha do Pré-Sal], Correios e a Docas de Santos. “Eu, se pudesse, privatizava todas as estatais. Para privatizar todas, você tem que privatizar duas ou três, nós não conseguimos nem duas ou três. Isso é preocupante”, disse.
Bolsonaro defende privatizações e responsabilidade fiscal do Estado
O presidente Jair Bolsonaro defendeu a privatização de empresas públicas e disse que “os desafios burocráticos do estado brasileiro são enormes”. “O Estado está inchado e deve se desfazer de suas empresas deficitárias, bem como daquelas que podem ser melhor administradas pela iniciativa privada”, escreveu, em publicação nas redes sociais.
A mensagem foi publicada junto com uma foto de Bolsonaro com os ministros da Economia, Paulo Guedes, e da Infraestrutura, Tarcísio Freitas.
De acordo com o presidente, “num orçamento cada vez mais curto”, é normal os ministros buscarem recursos em outras fontes para obras essenciais. “Contudo, nosso norte continua sendo a responsabilidade fiscal e o teto de gastos”, afirmou.
Bolsonaro afirmou ainda que privatizar uma empresa “está longe de ser, simplesmente, pegar uma estatal e colocá-la numa prateleira para aquele que der mais ‘levá-la para casa’”. “Para agravar o STF decidiu, em 2019, que as privatizações das empresas ‘mães’ devem passar pelo crivo do Congresso”, escreveu.