Dr. Ronivan Gobbi, da Clinicão, apresenta alternativas para preservação do globo ocular.

Armani, de apenas 4 meses, passou por um tratamento
pra preservar o globo ocular, após uma conjuntivite.
A ceratoconjuntivite herpética, ou conjuntivite viral felina, é uma doença grave e pode levar à cegueira. No caso do gato Armani, a conjuntivite evoluiu para úlcera de córnea, que foi perfurada. A primeira recomendação foi a enucleação, que é a retirada do globo ocular, mas dr. Ronivan Gobbi, da Clinicão, após avaliação, sugeriu tratamento para preservar o olho com cirurgia de enxerto e hoje o animal está bem.
Segundo dr. Ronivan, a doença é provocada pelo herpesvírus felino tipo um e sua principal característica é a ocorrência em todo o mundo e em ambos os gêneros. “Ele é cosmopolita, então todos os locais do mundo têm. Ele acomete principalmente a população felina, tanto os felinos domésticos como os selvagens e, principalmente, onde existe uma população de animais agregados, em gatis, onde tem aglomeração de animal.”
Esse vírus é transmitido através das secreções orais, nasais e oculares também; a transmissão pode ser por contato direto de um animal com outro ou indireto. “Esse animal pode ter contaminado um ambiente com uma secreção e o outro vir ali e contaminar-se.”
Os sintomas que mais prevalecem são secreção ocular, que pode ir de uma secreção serosa até mucopurulenta; hiperemia conjuntival; ulceração (lesão) de córnea; formação de sequestro corneano, que é um sinal clínico em que a córnea fica enegrecida; ceratite estromal, que pode ser uni ou bilateral; e pode também ter movimento respiratório, como espirro, secreção nasal e tosse. “Pode ter os sinais sistêmicos, principalmente em filhotes, como febre, falta de apetite, desidratação e até levar à morte.”
De acordo com o médico veterinário, as manifestações oculares variam de acordo com a idade. No caso de animais jovens, nas primeiras duas a quatro semanas de idade, a doença é mais consistente nos sintomas respiratórios, que podem levar risco à vida. Também é quando pode ocorrer a conjuntivite bilateral grave, com secreção ocular serosa.
Quando as pálpebras ficam grudadas umas nas outras e no globo ocular, o que é muito comum em filhotinhos entre 21 e 30 dias, que ficam com os olhinhos cheios de remela, é um sinal característico do herpesvírus felino. Já nos gatos de 3 a 6 meses, que têm um pouco mais de resistência imunológica, a doença respiratória superior também é presente e a conjuntivite bilateral, ulceração de córnea é de leve a moderada. Em animais acima de 6 meses, a infecção respiratória é menos evidente, porém, a conjuntivite é crônica e forma ceratite estromal.
Normalmente, a evolução de uma infecção respiratória por herpesvírus, quando atinge a córnea e não é tratada, pode evoluir para uma lesão de córnea, ceratite herpética com formação de úlcera superficial e posteriormente uma úlcera estromal, que pode evoluir até uma perfuração ocular. “Quando ocorre a perfuração ocular é a fase mais crítica e mais grave da lesão da córnea, se não tratada corretamente, pode levar à cegueira. Também são cometidos pelo herpesvírus, quando forma simbléfaro, a aderência da conjuntiva palpebral ao globo ocular, que, se não desfeita essa aderência, também pode comprometer a visão do animal quando adulto.”
Diagnóstico e tratamento
O diagnóstico é estabelecido mediante os sinais clínicos respiratórios e oculares, mas existem alguns exames laboratoriais que permitem confirmar o diagnóstico, através da citologia ocular e do PCR, com o isolamento do DNA do vírus. Esses materiais são coletados da conjuntiva ou secreção nasal.
“O tratamento consiste em cuidar das infecções, os patógenos oportunistas, que são algumas bactérias que acabam se instalando também oportunamente em consequência da infecção viral. A gente faz o tratamento com antibióticos, sistêmico e tópico. Quando tiver comprometimento ocular, também há prescrição de antivirais sistêmicos e tópicos, e alguns medicamentos para aumentar a imunidade. Nos casos mais complexos, de úlceras profundas, com comprometimento da córnea e com risco de perfuração, ou já os casos de córnea perfurada, é feito o tratamento cirúrgico associado ao tratamento medicamentoso.”