Saúde

No ano de 2018 a Sociedade Brasileira de Otorrinolaringologia criou uma campanha com o slogan “Pare de Falar Labirintite” buscando alertar os pacientes de que nem toda tontura tem origem no labirinto e que existem diversas entidades causadoras de tontura.
Mas, afinal, o que é o labirinto?
Nosso ouvido possui dois componentes: a cóclea (órgão da audição) e o vestíbulo (órgão do equilíbrio). Esses dois componentes juntos formam o que chamamos de labirinto, ou seja, o labirinto nada mais é que o órgão responsável pela audição e equilíbrio.
E de onde vem o termo labirintite?
O termo labirintite é muito utilizado pelos pacientes quando se referem ao sintoma de tontura, porém, o sufixo “ite” corresponde à inflamação e, portanto, a labirintite é uma inflamação do labirinto. Essa doença realmente existe, porém, é raríssima, leva a tontura e perda de audição com instalação aguda e sintomas abruptos.
Labirintopatia é o melhor termo para designar a doença com origem no labirinto e cujo principal sintoma é a tontura. A tontura labiríntica é caracterizada como rotatória, o paciente observa tudo girando ao seu redor, e é denominada vertigem. Essa tontura pode ter duração de segundos, minutos ou dias e pode vir acompanhada de sintomas como náuseas ou vômitos. Pode ocorrer em crises ou durante dias seguidos. Pode também se apresentar juntamente com zumbido e perda de audição.
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E quais as causas das doenças do labirinto?
São inúmeras as etiologias das labirintopatias, mas as mais frequentes são o mau controle de doenças pré-existentes (diabetes, hipertensão arterial, hipotireoidismo, dislipidemia), vertigem postural causada pelo deslocamento de cristais no interior dos canais do labirinto (vertigem posicional paroxística benigna), vertigem relacionada à enxaqueca, abuso de alimentos ricos em cafeína ou açúcar, trauma, uso de medicações.
É importante ressaltar que existem também as tonturas que não são de origem do labirinto e que podem se manifestar com desequilíbrio, sensação de cabeça vazia, flutuação ou sensação de desmaio iminente.
Os quadros de tontura e vertigem são perturbadores e devem ser sempre avaliados por um otorrinolaringologista, o médico responsável pelo tratamento dos distúrbios da audição e do equilíbrio. Muitas pessoas tendem a associar o sintoma tontura à doença neurológica, porém essa etiologia é menos frequente e a maioria das tonturas tem etiologia labiríntica.
O diagnóstico correto deve ser feito pelo especialista e cada paciente vai receber um tratamento individualizado, baseado na sua doença. Existem alguns exames que auxiliam no diagnóstico, mas nenhum exame isolado substitui a consulta médica.
As medidas gerais, que se aplicam para todo paciente que apresenta tontura são: redução do consumo de cafeína (café, chá preto ou mate, chimarrão), parar de fumar, diminuir o consumo de álcool, diminuir o consumo de doces ou alimentos que contenham açúcar, fracionar as refeições e praticar atividade física.
Assim sendo, não devemos menosprezar a tontura e nem generalizar seu diagnóstico. Apesar das diferentes causas para esse sintoma é importante saber que cada paciente tem a sua própria doença e com tratamento adequado e mudança de hábitos de vida é possível a vida sem tontura.
Dra. Mariana Seerig
CRM-PR: 39471/ RQE: 23419
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