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Francisco Beltrão
quarta-feira, 28 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Fornecedores limitam vendas de produtos a supermercados para lidar com escassez

Dólar valorizado e demanda internacional em alta tornam as exportações mais atrativas para produtores e agroindústrias.

Em alguns casos, mercados só conseguem comprar cotas semanais de produtos para repor estoques.

Foto: Leandro Czerniaski/JdeB

Algumas indústrias que fornecem produtos básicos para supermercados da região chegaram a criar cotas para atender os clientes diante da redução na oferta de alguns itens. É o caso do arroz e do óleo de soja: as empresas que processam os produtos limitam a venda a uma determinada quantidade semanal por supermercado. “O que ocorre é que nossos fornecedores estão com dificuldade em encontrar arroz, por exemplo, no País, e distribuem as cotas entre os clientes em alguns casos; nós não podemos comprar o volume que quisermos”, afirma Vinicius Lachmann, do Center Supermercados, de Pato Branco.

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No Super Vipi, em Beltrão, as dificuldades para comprar se somam aos sucessivos aumentos. “Cada dia temos uma cotação diferente. Isso quando tem, senão os fornecedores nos avisam que as vendas foram suspensas ou não têm o produto em estoque”, explica o gerente Everton Crestani. Nos últimos três meses, o mercado viu o óleo de soja subir cerca de 50% e o arroz ficar 60% mais caro e isso se reflete nos preços das prateleiras. Mesmo assim, os estabelecimentos buscam absorver uma parte dos reajustes para equilibrar as vendas. “O volume de vendas caiu nas últimas semanas, porque o consumidor migra de marca ou reduz a quantidade pra ajustar os gastos com alimentação”, diz Crestani.

No caso de Lachmann, parte dos aumentos são absorvidos. “Estamos vendendo o óleo a R$ 5,29, mas comprando hoje [ontem] a R$ 5,65. Na semana passada houve dois aumentos da carne que chegaram a 7% e estes foram repassados ao preço final, mas nesta semana já estamos comprando a carne 4% mais cara e este vamos tentar segurar.”

Os dois gerentes apontam os fatores que estão influenciando a alta de alguns produtos básicos: o dólar acima dos R$ 5 está tornando o mercado internacional mais atrativo para produtores e agroindústrias e fazendo com que os preços subam também no mercado interno. O Brasil deve terminar o ano, por exemplo, com apenas 669 mil toneladas de soja estocadas, segundo a Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais (Abiove). É um dos menores volumes da história, apesar da boa safra, e consequência do preço recorde do grão.

O mesmo ocorre com as carnes, que estão alcançando volumes de exportação bem acima da média, tanto a suína como a bovina e de frango.

Leite e gás
O leite e seus derivados também tiveram aumento neste ano. Por um lado, os produtores comemoram o bom preço – na região recebem entre R$ 2 e R$ 2,30 pelo litro – mas continuam com as margens apertadas devido aos reajustes em insumos e equipamentos, também cotados em dólar. “Em termos percentuais, estamos com uma margem de lucro menor que antes, porque o milho, soja, caroço de algodão, equipamentos, medicamentos e os químicos subiram muito nos últimos meses”, aponta Sidiclei Risso, presidente da Aproleite.

O gás foi outro produto básico a entrar na lista dos vilões da cozinha. Desde agosto do ano passado, o preço do botijão subiu R$ 15 para as distribuidoras, afirma Junior Stella, da Distribuidora Stella. “Os valores de venda para nós são regulados pela Petrobrás, assim como ocorre com a gasolina e hoje, nosso preço médio está em R$ 77,50”, diz.

Impacto menor que o esperado
Consumidores ouvidos pelo JdeB sentiram a elevação nos preços de alguns itens na hora de fazer as compras, mas minimizaram os aumentos. “Pelo que tinha visto nas redes sociais, achei que estaria bem mais caro”, disse o professor Edilberto Dopfer ao fazer as compras, ontem. O casal de aposentados Henrique Luquini e Nedi Cabral também sentiu pouco o aumento: “tem coisas que estão um pouco mais caras comparando com uns dias atrás, não é muito, mas já dá uma mexida no dinheiro”.

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