Lojas de Francisco Beltrão estão recebendo pedidos fracionandos e há fila de espera para alguns materiais.

Perspectiva é de que construção civil se mantenha aquecida até o final do ano, demandando produtos brutos e de acabamento.
Fotos: Leandro Czerniaski/JdeB
A falta de produtos para a construção civil, verificada há algumas semanas, vem se acentuando nos últimos dias. Há dificuldade para as lojas do setor comprarem materiais mais brutos, como ferro, cimento e tijolos, e também de acabamentos, como porcelanatos e cerâmicas, junto às indústrias.
Em Francisco Beltrão, o JdeB entrou em contato com seis lojas e todas têm dificuldade para comprar materiais dos fornecedores. Os prazos para encomenda estão maiores e, em alguns casos, o pagamento só é feito na hora da entrega, já que os fornecedores não garantem a estabilidade do preço. “Está difícil encomendar algumas coisas e, quando conseguimos, o preço está maior”, disse um dos gerentes de loja.
Uma simples escada de alumínio foi pedida nesta semana e vai ser entregue somente em fevereiro para uma das lojas. Em outra, a Gerdau pediu prazo de 60 dias para dar uma posição sobre o cronograma de entrega de ferros para a construção. No caso do porcelanato, um pedido feito hoje tem previsão de entrega para daqui 40 dias. “Trabalho com vendas de materiais desde 1983, já passamos por vários planos econômicos, crises e momentos de euforia, mas nunca houve o que está acontecendo agora”, relatou um gerente.
Os pedidos de tijolos vêm em lotes menores que o solicitado, porque as olarias estão fracionando as encomendas para conseguir atender os clientes. Em uma loja, uma fila de espera foi criada: os clientes encomendaram, pagaram e agora aguardam em torno de dez dias para receber os tijolos.
Tem cliente, falta produto
A escassez atinge em maior ou menor grau as lojas. Isso porque algumas trabalham com estoque maior e conseguem atender à demanda mesmo com prazos maiores para a chegada do material ou porque possuem parcerias fortes com os fornecedores e são priorizadas para as entregas. Outras, no entanto, enfrentam um dilema: os clientes chegam para comprar — e o movimento no setor vem sendo o melhor dos últimos anos —, mas não há produto para vender.
Alguns gerentes estimam que esse cenário perdure até o final do ano e que, no início de 2020, os preços e entregas voltem a normalizar. A falta de produtos vem sendo provocada por uma série de fatores, como a alta demanda da construção num período em que as indústrias ainda estão recuperando a produção do tempo em que ficaram paralisadas. A injeção de dinheiro na economia por meio do auxílio emergencial e juros baixos também têm estimulado o setor.

Além dos blocos, outros materiais para construção estão em falta na cidade.