Em entrevista, a secretária de educação Luciana Perondi destaca algumas evoluções que aconteceram em virtude das dificuldades, mas ainda há críticas.

A pandemia gerou grandes desafios para a educação. O principal fato foi que as aulas deixaram de ser presenciais e mudaram todo o cenário para os estudantes, professores e pais. Passados sete meses, a avaliação é de que o ano teve, também, coisas boas.
“Vivemos um momento que nós imaginávamos que seria mais curto. Até o início deste ano, o modelo de educação era totalmente presencial, contato do professor com aluno, e, a partir de março, nos vimos forçados a trabalhar de outra forma: a distância. Isso fez o professor buscar novas alternativas, procurar outros meios de entrar em contato com as crianças para que elas continuem se desenvolvendo. Temos superado, neste ano, desafios que, se fosse em período normal, levaríamos mais de 10 anos para conseguir. Então, estamos também felizes com os resultados que temos visto até agora. Claro que somos muito críticos ainda, temos muito para crescer, seja na questão estrutural, que precisa melhorar bastante, mas o que fizemos nos alegra, porque podemos dizer, com certeza, que todas as crianças da rede municipal estão sendo atendidas”, destacou Luciana Perondi, secretária de Educação em entrevista para a Rádio Educadora AM.
Diversos documentos foram construídos para normatizar e orientar as novas formas de atendimento aos alunos. “Tudo foi pensado para manter a qualidade do ensino, que a criança realmente aprenda aquilo que o currículo diz. Com a consciência tranquila, sem medo, eu digo que não atingimos 100% dos conteúdos, tivemos dificuldades, às vezes, mesmo no presencial. Temos um longo caminho para percorrer e isso gera um desafio ainda maior para 2021 porque temos que recuperar o que ficou. Alguns conteúdos são difíceis de trabalhar a distância e ainda trabalhar os conteúdos da série seguinte”, avalia Luciana.
A secretária pediu apoio dos pais para manter as crianças ativas. “Levem a sério as atividades que são encaminhadas. Sabemos das dificuldades, mas pode-se usar o final de semana, uma hora, duas horas por dia. Os professores enviam as atividades, mantêm o contato e os pais precisam colocar isso em prática. Não queremos que os pais se transformem em professores, mas eles precisam estimular a criança, favorecer o seu desenvolvimento. Apesar das dificuldades e de tudo o que temos que trabalhar para a frente, vemos muitas crianças que desenvolveram uma autonomia que não teriam no presencial. Isso é muito importante também.”
Conteúdos
Rosane da Rosa, responsável pelo departamento de ensino, destacou como foi pensado o repasse de conteúdos para os alunos. “Fizemos muitos encontros para pensar na forma de transmitir o conteúdo. Priorizamos o que realmente nossos alunos pudessem fazer com a ajuda dos pais. Alguns conteúdos era inviável trabalhar porque os pais teriam dificuldade de transmitir e eles são os nossos olhos nas casas. Temos famílias com mais, outras com menos dificuldade e a preocupação sempre foi como o conteúdo ia chegar. Optamos por deixar algumas coisas para o presencial, no retorno. Trabalhamos as prioridades e o que a família iria dar conta”.
Pais enfrentam o desafio
Gilvana Basso tem três filhos: um na universidade, um no ensino fundamental e outro na educação infantil. O período da pandemia tem sido um momento difícil. “As realidades são diferentes, a adaptação para as famílias é complicada. São vários momentos de estresse total, porque também foi novidade para as crianças. Elas acharam interessante fazer as atividades em casa, assistir às aulas, conversar com as professoras e, no início, fluiu de forma mais tranquila. Aos poucos foi cansando. Os pais precisam aprender para poder transmitir e ser professor é vocação, não é qualquer um que tem paciência. Eu sou professora, mas em alguns momentos me senti desafiada e me coloquei no lugar dos pais que têm profissões diversas”, compara.