Agricultura

Para alguns, o Programa Jovem Agricultor Aprendiz (JAA) funciona como um instrumento para despertar a vocação rural.
Já para outros, o JAA pode ser considerado um “empurrão”, dando a coragem que faltava para aqueles que já nutrem o amor pelo campo, mas que ainda não encontraram o caminho certo para tirar as ideias do papel.
Este foi o caso da jovem Iara Meurer, 20 anos, de Nova Esperança do Sudoeste, que participou dos módulos “Preparando Para Gestão” e “Fruticultura” do programa do Senar.
Iara entrou no JAA com um objetivo em mente: retomar as atividades na estufa de produção de hortaliças na propriedade da família. Mas, no decorrer do curso, o projeto cresceu.
Iara idealizou a implantação imediata de mais uma estufa, além de reformas na infraestrutura já existente para tornar o espaço mais eficiente e sustentável.
“Depois que eu comecei o JAA, senti que poderia fazer algo dentro do que gosto e aprender a organizar melhor as coisas. Não tem nada mais gratificante do que fazer o que a gente gosta, pois faz bem feito”, destaca a produtora.
O projeto já saiu do papel. Atualmente, o sítio está com as duas estufas em funcionamento, com produção de hortaliças em sistema hidropônico, como alface, agrião, rúcula, cebolinha e salsinha, e, temporariamente, plantio no solo com rotação de culturas, como tomate cereja e couve.
O objetivo de Iara é implantar a produção de morangos na segunda estufa até o início de 2021. Iara também pretende investir no cultivo de cogumelos e na recuperação da Área de Preservação Permanente (APP), com o plantio de espécies nativas.
Além da modernização das estufas, o projeto inclui a construção de uma estrutura para armazenamento dos produtos. “Vamos colocar teto verde para ser um ambiente mais fresco e ecológico e, também, calhas nas laterais tanto das estufas como do quiosque para captar água da chuva e usar num sistema de irrigação”, elenca a jovem, que deseja tornar o sítio autossustentável num futuro próximo.
A produção da família Meurer é vendida em formato de mix de saladas, em que as hortaliças são higienizadas, processadas e vendidas em embalagens prontas para o consumo. Os clientes, que já incluem moradores de outros municípios da região, recebem os produtos em casa.
Rede de comercialização
O projeto de Iara também inclui a ampliação dos negócios. Ela pretende criar uma rede de comercialização com os produtores da região. “Eu já tenho parceria com produtores de brócolis, couve-flor e de mel. Então a ideia é que outros agricultores produzam o que eu não produzo, por não ter espaço. Eu quero comprar desse pessoal que produz, processar os alimentos, montar nas embalagens e revender”, explica.
Iara, que também é formada em Gestão do Agronegócio e Gestão Ambiental, já está se planejando para deixar o trabalho na cidade e, a partir de 2021, se dedicar integralmente às estufas do sítio.
Aluna dedicada
A instrutora Nágila Lavorati Cremasco, que acompanhou Iara no JAA, destaca a dedicação da então aluna para dar conta de todas as atividades.
“A Iara é uma aluna de extremo destaque. Ela fazia faculdade junto com o JAA e ainda trabalhava fora. Ela quer fazer uma transformação nas estufas. O sonho dela é reformar essa atividade de maneira mais organizada, estruturada e moderna, algo que ela já está conseguindo colocar em prática”, observa Nágila.
A instrutora do JAA também aponta as mudanças pelas quais as turmas passaram durante os 13 anos em que atua no programa.
Segundo Nágila, muitos alunos já entram no JAA com o objetivo de dar continuidade aos negócios da família e, principalmente, ficar no campo.
“Antes tinha muita evasão do interior, os jovens queriam ir para a cidade. Agora eu percebo que eles têm esse orgulho de ser agricultor, querem suceder os pais”, comenta a instrutora.
“O poder das meninas vem crescendo também. Desde cedo estão acompanhando os pais na atividade”, conclui a instrutora.