A redução do financiamento estudantil nos últimos cinco anos impactou no número de ingressantes na educação superior.

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Os cursos presenciais da educação superior das instituições de ensino de Francisco Beltrão perderam 1.152 (-16,8%) alunos em cinco anos. Enquanto isso, os cursos de EAD (Educação a Distância) tiveram movimento oposto, com aumento de 607 estudantes (29%).
Dados do último censo do Ensino Superior, disponíveis no site do Ipardes, mostram que Francisco Beltrão tinha no ano passado 5.702 alunos matriculados em cursos presenciais e 2.891 em cursos a distância. O Sudoeste do Paraná, tinha 19.615 matriculados no ensino superior presencial e 8.849 matriculados no ensino superior EAD.
Segundo o professor Claudemir José de Souza, diretor da Unipar em Francisco Beltrão, a queda de alunos no ensino superior foi de uma forma geral no Brasil inteiro. “Aqui no Paraná, dois pontos foram os principais: o primeiro deles, foi a questão do financiamento estudantil, o Fies, que reduziu drasticamente o número de financiamentos para os jovens ingressantes no ensino superior. Esse foi o ponto principal, que acabou causando essa queda principalmente no presencial, quando você olha no EAD, o EAD subiu, justamente pela praticidade, facilidade e flexibilidade em termos de horários e, principalmente, a questão de preço. Então, como esgotou a questão do financiamento estudantil por parte do governo, reduziu drasticamente os alunos para continuar estudando, acabaram optando por ir para educação a distância.”
Ele lembra ainda que outro fator importante foi a implantação do 9º ano, no Ensino Fundamental. “Então, se olhar o número de alunos ingressantes e os que terminaram o Ensino Médio, você vai ver que também houve uma grande redução de alunos concluindo o Ensino Médio. Temos ainda a redução do número de filhos por casais, mas sempre, nessa escala, em primeiro lugar no Brasil inteiro, a queda do Fies.”
Tempo apertado
Sandra Paqualetto, diretora da Unopar EAD, polo de Francisco Beltrão, ressalta que o tempo das pessoas está cada vez mais apertado diante de tantos afazeres, estudando no EAD elas conseguem conciliar o trabalho (ou estágio) com os estudos. “Acredito também que os valores contribuíram, porque são menores que no presencial. E também como já tem vários alunos formados, as pessoas começaram a valorizar mais e acreditar nesta modalidade de ensino. Outra vantagem é que não precisam se deslocar para centros maiores, todos tem acesso ao ensino superior perto de sua localidade.”
O diretor-geral do campus Francisco Beltrão, da UTFPR, Alexandre Alfaro, ressalta também que o crescimento do ensino a distância é uma tendência no Brasil todo. “Muito disso relacionado à praticidade, menor tempo para os acadêmicos e a necessidade deles de conciliar estudos com outras atividades.”
Ele diz que a UTFPR tem alguns cursos de especialização (pós-graduação) na modalidade EAD e que um grupo interno da universidade estuda a questão da EAD. Não descarta, por exemplo, no futuro, ter cursos de graduação (que hoje são todos presenciais) híbridos, ou seja, semipresenciais.
“A UTPFR está atenta, entendendo que é uma mudança que ocorre no ensino superior brasileiro e não podemos ficar de fora e com certeza vai avançar nos próximos anos neste sentido”, comenta.
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