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Francisco Beltrão
quinta-feira, 29 de maio de 2025

Edição 8.214

29/05/2025

Prefeito Jaimir Gomes diz que se orgulha de ser negro

O prefeito diz estar saindo honrado e de cabeça erguida.

O prefeito Jaimir Gomes, de Marmeleiro, com seu novo visual em dezembro.

O prefeito Jaimir Gomes (PSD), de Marmeleiro, encerra seu mandato à frente da Prefeitura de Marmeleiro, dia 31 de dezembro. Ex-soldado da Polícia Militar do Paraná, ele se candidatou a prefeito em 2016 e venceu as eleições.

No último mês do seu mandato, ele decidiu mudar o visual em homenagem aos negros. Jaimir disse que durante seu mandato sofreu atos de racismo, mas não procurou se pronunciar sobre isso. Mas ele diz que se orgulha de ser negro.

O prefeito disse que antes de externar algo, preferia rezar por estas pessoas. No entanto, Jaimir disse que o mais importante é a pessoa ter amor no coração. Para o prefeito o racismo existe de vários fatores, não apenas na cor. E reforçou que pregou o amor entre as pessoas para a superação destes problemas.

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Jaimir vê nas cotas para negros entrarem em universidades como um preconceito. “Eu cheguei aqui de prefeito pelo trabalho que fiz, pelo bem que fiz às pessoas.”
Confira a entrevista:

JdeB – Eu gostaria que o senhor falasse sobre a mudança de visual e sobre o que o senhor pensa em relação ao racismo.

Prefeito Jaimir – O racismo ainda está bastante latente no nosso meio social, e eu, nesses quase quatro anos de mandato, só eu sei o que eu passei e nem gostaria de falar, mas passei situações bem difíceis, aonde houve racismo contra mim, mas eu vejo que ainda há tempo de mudança e principalmente penso que não existe cor, existe coração, e todos precisam ser cada vez mais amados, porque só fere quem já está ferido.

Então, eu fiz essa mudança de visual para encerrar esse mandato, porque tudo o que eu passei nesse mandato, e para mostrar que sou, sim, uma pessoa negra, tenho orgulho de ser negro e tenho orgulho de ter assumido a administração municipal durante esses quatro anos, ter trabalhado com transparência, honestidade, responsabilidade e honrando todos os laços da minha família.

Eu digo que eu saí do meio do povo, trabalhei para o povo e é para o povo que estou voltando. Estou saindo de cabeça erguida e mostrando que, hoje em dia, não interessa a cor da pessoa, não interessa a religião ou poder aquisitivo, porque o preconceito racial existe de vários fatores, não é só na cor e nós precisamos amar uns aos outros.

Como que o senhor reage internamente quando alguém fala alguma coisa ou demonstra afastamento ou algumas coisas que possam se caracterizar como racismo, preconceito?
Deus me deu um dom de saber levar essas situações e conseguir administrar pra não ferir a pessoa que me feriu, e eu consigo e rezo por essa pessoa, mas dentro de mim, eu sinto uma dor, mas eu levo tranquilo, mas também como a minha posição de prefeito, a gente precisa lutar contra qualquer tipo de preconceito.

Nos últimos anos surgiram leis de cotas para negros, para entrar na universidade, e outras coisas para facilitar o acesso dos negros em outros serviços públicos por exemplo, qual sua opinião sobre isso?
Essa situação de cota eu também acho como um preconceito porque, se hoje eu cheguei aqui de prefeito, eu cheguei pelo trabalho que fiz, pelo bem que fiz às pessoas, tudo isso que aconteceu durante minha vida, quando estudei, eu me dedicava, sempre fui fazendo o bem.

As cotas, é algo bom, mas não deixa de ser um tipo de preconceito, de discriminação, o que precisa é mudar o coração das pessoas, porque a cor não vai impedir a pessoa de chegar nos seus objetivos. O coração mudando, com certeza, teremos um mundo melhor.

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