“Ontem à noite mesmo ele me mandou um áudio que tinha comprado um carro e estava feliz da vida”, diz amigo da vítima.
Niomar Pereira e Flávio Pedron
Um acidente de trabalho na manhã de ontem provocou a morte do trabalhador Emerson Luiz Serena, 39 anos, morador do Bairro São Miguel, em Francisco Beltrão. Ele estava fazendo a pintura na cobertura do Centro Paroquial do Bairro Vila Nova, por volta das 8 horas, quando sofreu uma descarga elétrica e morreu no local.
Outro pintor, de 17 anos, enteado da vítima, também se feriu e foi levado para atendimento em estabelecimento de saúde. Segundo relato de familiares, o pintor tinha bastante experiência, pois trabalhava desde os 12 anos na área.
Estavam trabalhando na pintura da igreja matriz e no centro comunitário quatro pessoas de uma empresa. Os trabalhos começaram em dezembro e agora estavam em fase de conclusão.
Cabo Loks, do Corpo de Bombeiros, informou que quando a corporação chegou ao local do acidente nada mais podia ser feito. Uma das hipóteses, disse, é que o pintor tenha encostado o cabo do rolo de pintura na rede de alta tensão, sofrendo a descarga elétrica que o jogou para trás, caindo na cobertura. Os acidentes com rede de alta tensão descarregam 13.800 volts.
Para efeito de comparação, tomadas domésticas possuem 127v, 220v, 254v e até 380v, de baixa tensão. Os cabos de alta tensão de 13.800 volts e 34.500 volts servem para transmitir a energia até os transformadores e, só depois, para as unidades consumidoras.
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De acordo com o bombeiro, só pelo fato de trabalhar próximo à rede de alta tensão já é perigoso, pois existe um fenômeno chamado arco fotovoltaico, que forma ao redor dos fios um campo magnético e acaba repelindo objetos que chegam perto. Ou, se for metálico, às vezes acaba puxando para junto do condutor e provocando o acidente.
O corpo foi retirado de cima da cobertura por uma maca dos bombeiros, desceu por escada e dali foi para o IML (Instituto Médico Legal); foi velado na capela mortuária do Bairro Alvorada e a cerimônia de corpo presente está prevista para as 10 da manhã desta quinta-feira. Na sequência, o sepultamento no cemitério central de Francisco Beltrão. Emerson deixou pais, irmãos e uma filha de 19 anos.
Valcir Alves, tio de Emerson, contou que o rapaz começou muito cedo a trabalhar com pintura. Meio período ia para a escola e meio período para o serviço. Ele disse ainda que tinha conversado com o sobrinho pela manhã e ele estava tranquilo.
“No carro, sempre sou eu que vem dirigindo, aí ele veio comigo, eu deixei os três piás trabalhando aqui e dei uma saidinha, naquilo o Jeferson veio e me avisou que tinha acontecido essa fatalidade.”
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Valcir afirmou que Emerson era um trabalhador cauteloso. “Sempre utilizou os equipamentos, sempre foi uma pessoa com muita experiência, mas isso é uma fatalidade! Acontecer uma coisa dessas aí, não tem palavras pra falar.”
Padre diz que recomendou cuidado
O padre José Vieira, pároco da Paróquia São José, lamentou a morte do trabalhador. “Um acontecimento que não era esperado, dado que eles são pintores profissionais que já trabalhavam há muitos anos na profissão.”
O sacerdote disse que acompanhou toda a tentativa de salvamento do pintor, mas quando os socorristas chegaram ele já tinha entrado em óbito. “Nós ouvimos um barulho e de repente as meninas que estavam chegando perceberam que alguma coisa tinha acontecido lá em cima. Foi chamado o Samu, foi chamado o Corpo de Bombeiro para dar toda a assistência que se deve dar.”
Padre José falou ainda que durante toda a execução dos trabalhos orientou os profissionais para tomarem os devidos cuidados. “A gente sempre acompanhou e toda vez que encontrava (pintores) a gente pedia para tomar cuidado, a segurança acima de tudo! Mas assim, aconteceu isso, né, um descuido da vida, o ser humano às vezes não toma essa consciência.”
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Domingo, Emerson fez churrasco para os amigos
Emerson fez aniversário de 39 anos dia 3 de fevereiro e domingo, 7, reuniu amigos em sua casa para assar um costelão. O vereador Dile Tonello era muito amigo de Emerson há tempo e participou da confraternização.
“Pense num parceiro, gente boa, trabalhador, faz muitos anos que mora no São Miguel, se criou com nós, amigo de muita gente. Sempre envolvido no esporte, jogava campeonato de truco, de bocha, suíço, varzeano. E também ajudava muito a comunidade. Muita gente está sentindo a morte dele. Ontem à noite mesmo ele me mandou um áudio que tinha comprado um carro e estava feliz da vida.”
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