Combustível é um dos principais custos do sistema de transporte coletivo.
Os sucessivos aumentos no preço dos combustíveis estão afetando toda cadeia de transportes. A Guancino, empresa que opera o transporte coletivo urbano em Francisco Beltrão, está comprando óleo diesel 36 centavos mais caro após o último reajuste, na sexta-feira da semana passada. E os centavos em cada litro devem aumentar o déficit de operação da empresa: são gastos cerca de 35 mil litros de diesel por mês, o que representa R$ 12,6 mil com o último reajuste.
“O diesel é, hoje, nosso principal custo quando falamos de insumos e, pela quantidade consumida mensalmente, conseguimos comprar com preço diferenciado, mas os reajustes estão sendo repassados e agravando uma situação que se arrasta há alguns anos”, detalha Muran Almeida, administrador da Guancino Transportes Coletivos. Ele cita que o último reajuste da tarifa foi em outubro de 2019 e que, durante a pandemia, mesmo com a redução de passageiros, a empresa manteve toda frota rodando, sem reduzir horários.
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Desde o ano passado, o número de passageiros transportados caiu para cerca de 60% da média. Além disso, a empresa diz que o contrato não vem sendo cumprido, já que a gratuidade foi ampliada para passageiros a partir dos 60 anos ainda em 2016 e não houve compensação ou subsídio para o transporte.
Outro ponto que vem prejudicando a operação é o desequilíbrio entre o número de passageiros previstos no edital e o que vem sendo efetivamente transportado. Segundo Muran, a Guancino ainda não pagou todos os salários de janeiro e está comprando diesel conforme a entrada de dinheiro em caixa. O preço do óleo diesel subiu 27% nas refinarias desde o início do ano.
Proposta de melhoria
No fim de 2020, uma comissão com representantes da sociedade e do setor público foi montada para sugerir medidas relacionadas à viabilidade econômica e melhorias no transporte coletivo. Em janeiro, uma carta com 12 propostas foi apresentada, mas, de acordo com Muran, não houve andamento para efetivar os pontos elevados pelo grupo.
Entre as sugestões está a construção de um miniterminal na Cidade Norte, revogação da gratuidade a partir de 60 anos, adequação da alíquota de ISSQN (de 3% para 2%), implantação de aplicativo de rastreamento das linhas, retirada da obrigatoriedade de cobradores e o reajuste da tarifa.